terça-feira, 28 de junho de 2016

Bruna Entrevista: 5x26 - Fábio Lucindo


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E hoje é uma conversa bem especial por diversos motivos, um deles é por a gente estar batendo a marca de 200 entrevistas publicadas e a outra é que o nosso convidado fez parte da nossa infância, estou falando do querido dublador Fábio Lucindo, que aceitou vir aqui compartilhar um pouco de suas experiências com a gente, vem conferir!

Bruna Jones: Você começou a dublar personagens ainda muito novo, como você decidiu que essa era a sua praia?
Fábio Lucindo: Não decidi, aconteceu. Comecei a dublar com 11 anos em função de outros trabalhos anteriores com publicidade e teatro. Na publicidade, às vezes era necessário gravar a locução dos filmes, neste processo conheci a Cândida Fraga que foi fundamental para meu inicio na dublagem, foi ela quem me indicou para a Álamo. Fui lá, fiz um estágio, um teste e nunca mais parei. Talvez aos 16, 17 anos é que eu tenha realmente decidido que dublar era algo que eu gostaria de fazer profissionalmente.

Bruna Jones: Além de dublar animados, você também é responsável por vozes em live-action, como por exemplo os atores Zach Efron, Leonardo DiCaprio, Logan Lerman... Dublar atores é mais difícil do que dublar animações?
Fábio Lucindo: Não, tudo depende. Depende do ator, do filme, da personagem, etc... Às vezes um ator fazendo um personagem muito complexo ou com muitos trejeitos pode ser mais difícil que um desenho didático para crianças. O contrário também pode acontecer. Muitos dos personagens de mangás podem ser mais desafiadores que um Zac Efron em "HSM", por exemplo. Depende do contexto.


Bruna Jones: Como é o seu processo criativo de trabalho quando você recebe um novo roteiro para dublar?
Fábio Lucindo: É bastante "frio". Raramente sabemos com antecedência o que vamos dublar. Chegamos no estúdio, somos orientados pelo diretor com informações sobre enredo e personagem e começamos a gravar. Assistimos a cena para marcar pausas e alterar o texto, ensaiamos e depois gravamos. Quem imprime o ritmo de trabalho dentro do estúdio é o dublador.

Bruna Jones: Você possui em seu currículo inúmeros personagens marcantes, mas um dos mais populares é o Ash de "Pokémon". Como foi para você dublar esse personagem que fez parte da infância de milhões de pessoas por 18 temporadas, além dos filmes?
Fábio Lucindo: Foi uma verdadeira "jornada Pokémon" cheia de altos e baixos. Infelizmente pra mim, teve um final um tanto trágico visto que recentemente fui substituído. Mas enquanto durou foi incrível. Um grande aprendizado e um processo que ainda reverbera e gera reflexões sobre meu trabalho como ator/dublador além de todas as questões humanas que extrapolam o artístico. São raros os personagens que se estendem por tanto tempo, sinto que tenho sorte.

Bruna Jones: Rolou toda a polêmica da substituição das vozes na 19ª temporada do desenho. Você poderia dizer o que aconteceu? Certamente ainda tem gente que não entendeu tudo isso e ainda é pego de surpresa ao assistir a animação.
Fábio Lucindo: Claro! No início de 2015 fui aprovado na Universidade de Coimbra e decidi me mudar para Portugal para realizar minha graduação. Antes eu já havia abandonado dois cursos, Cinema na FAAP e Letras na FFLCH/USP. Com o tempo isso foi me incomodando... Um certo tipo de frustração pessoal pelo fato de não ter concluído uma trajetória acadêmica que, embora não seja algo fundamental/primordial, me interessa bastante. Decidi embarcar nessa viagem por diversos fatores. Achei que seria muito bom pra mim. Logo que tomei essa decisão entrei em contato com estúdios e até mesmo com os distribuidores da série avisando sobre minha mudança de país e oferecendo condições técnicas e artísticas de continuar gravando de Portugal. A priori todos toparam, tanto que o final da décima oitava temporada e o último filme foram gravados em Lisboa. Não sei o que foi que levou a tomarem a decisão de mandar a série para o Rio de Janeiro e substituírem todo o elenco. Alegaram questões de segurança e privacidade mas acho que não faz muito sentido visto que Pokémon também é dublado em Portugal por um estúdio que os próprios clientes consideram confiável.


Bruna Jones: Com "Pokémon" você acabou conquistando ainda mais fãs do seu trabalho. Como é a sua relação com essa galera?
Fábio Lucindo: Tranquila. Não sou muito chegado a autopromoção nem tenho vocação para celebridade. Converso normalmente com aqueles que se aproximam e, quando convidado, vou a eventos de cultura pop japonesa para ter um contato mais direto. Prefiro ouvi-los a ficar falando sobre mim.

Bruna Jones: E tirando o Ash... A pergunta que todo mundo deve fazer e eu também vou: Quais são seus trabalhos favoritos?
Fábio Lucindo: Tenho um carinho enorme pelo Kuririn de "Dragon Ball", gosto do Ichigo de "Bleach" e sou fã de "Evangelion". Fora do universo anime sou fã do Michael Cera e gosto muito de ter dublado e dirigido "Scott Pilgrim Contra o Mundo", gostei muito do resultado final. Recentemente "Kirby Buckets" é uma série do Disney Channel que eu gostei muito de ter dirigido.

Bruna Jones: Além de dublar você também acabou passando para o outro lado do trabalho e se tornou diretor de dublagem. Como foi essa transição para você?
Fábio Lucindo: Por sorte, muito natural. Claro que deu um frio na barriga e uma sensação de "será que eu sou capaz?". Mas eu fui muito bem orientado e pensei que se estavam confiando em mim para realizar tal tarefa era porque eu já estava pronto. Tive o privilégio de começar a dirigir na Álamo onde todos trabalhavam juntos e se ajudando bastante. Foi bastante especial. Levar um filme pra casa, escalar, orientar dubladores que eu considerava meus mestres e eventualmente até discordar deles é um exercício constante que me fornece aprendizados até hoje.


Bruna Jones: Muita gente acaba sendo bem critico em relação ao próprio trabalho, principalmente artistas. Como é para você entrar em um cinema e acabar ouvindo a sua própria voz?
Fábio Lucindo: É exatamente assim. Não consigo assistir por prazer, faço análises e autocríticas constantes, é chato pra quem está junto. Por isso, quando o faço, faço justamente para tentar me corrigir.

Bruna Jones: Tem novidades vindo por ai? Algo que possa compartilhar?
Fábio Lucindo: Com a minha mudança estou dublando bem menos... Coisas novas não pintaram, só estou dando continuidade a trabalhos que já havia começado no Brasil. Um reality do Discovery Channel "Little People Big World" e uma série do Netflix chamada "X Company". Escrevi uma peça de teatro que pretendo que estreie no segundo semestre deste ano aqui em Portugal, espero que dê certo. Agora nas férias daqui volto para o Brasil para reencontrar minha família e meus amigos e acredito que eu volte a dublar coisas pontuais, nada muito extenso. Acho que vai ser bom.

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Eu só tenho a agradecer toda a atenção e carinho dedicados. Neste caso particular do Pokémon eu tive a real noção do tamanho do amor que as pessoas tem por essa série. Foi realmente emocionante. Infelizmente nossos esforços não surtiram o efeito esperado mas acredito que o elo que criamos não se perderá jamais. Podem contar comigo para o que for necessário." e se vocês quiserem continuar acompanhando ele nas redes sociais, basta procurar no Twitter e no Instagram por @fabiolucindo, beleza?


Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?

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