Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é simplesmente o campeão da última edição do "Hipertensão", reality show de resistência física que a Globo produziu alguns anos atrás, convidamos ele para vir conversar um pouco sobre a sua experiência no programa e também conferir o que ele anda fazendo hoje em dia, então apertem os cintos e vem com a gente!
Bruna Jones: Em 2011 você se tornou o grande vencedor da última temporada do "Hipertensão", certo? O que te motivou a participar da atração? Essa tinha sido a sua primeira tentativa de participar de algum reality show?
Joe Voador: Realmente, foi em 2011 e o que me motivou foi que na época eu trabalhava na operadora "Oi" como especialista de TI, era analista de sistemas e eu meio que tinha me desentendido com o meu chefe, acabei pedindo demissão e estava bem desmotivado nessa área de TI e eu tinha ido trabalhar como terceirizado na Petrobrás, ai um dia me ligaram questionando se eu tinha interesse em participar, não tinha muito conhecimento sobre o que se tratava, pois não tinha assistido a temporada anterior e acabei me interessando. Avisei que estava em um emprego novo, mas que adoraria passar um tempo fora dessa área de TI e aquilo me atraia bastante, era uma coisa nova, diferente, que envolvia esportes que é uma coisa que eu gosto, sem contar a chance de um para dezesseis de ganhar 500 mil e ai eu fui embora... Foi a primeira e única vez que participei de um reality show, não foi como se eu estivesse tentando, apenas surgiu a oportunidade e eu fui.
Bruna Jones: Participar de um reality show normalmente costuma mexer na rotina e na vida dos participantes antes mesmo do programa ir ao ar, como foi no seu caso. O seu inclusive foi gravado na Argentina. Como foi para você pausar a sua vida por algum tempo e viver essa experiência?
Joe Voador: Foi bacana justamente pela questão da pausa, né? Dar um tempo da rotina que eu tinha, de ir para o escritório todo dia, de trabalhar com informática e projetos de TI e de repente eu estava viajando na Argentina, gravando um programa que envolvia muita coisa de aventura e isso foi muito legal, o problema é que você fica enclausurado né, fiquei uma semana preso dentro de um quarto de hotel na Barra da Tijuca antes de viajar e tinha contato com pouquíssimas pessoas, zero contato com internet, redes sociais, televisão, telefone, nada... Durante todo o tempo sem ter contato com a família e com os amigos, então essa parte é bem ruim, tem sempre quem acha que isso não te afeta, mas depois de uma semana ou duas, um mês, você fica bem sentido, com saudades das pessoas que você gosta e tal, mas foi uma puta quebra na minha rotina, mexeu muito comigo, mas foi uma experiência incrível.
Bruna Jones: Apesar do grande foco do programa não ser no convívio entre os participantes e sim nos desafios que a produção entregava para vocês, como foi essa parte de conviver com pessoas de personalidades diferentes, mas que estavam buscando o mesmo prêmio que você?
Joe Voador: Essa parte de você conviver com concorrentes, acho que é uma realidade para qualquer pessoa que está no mercado e que realiza trabalhos prestando serviços, por exemplo, é uma realidade muito parecida com a minha realidade de hoje como instrutor de parapente, em 2015 eu larguei TI para ir trabalhar com voo livre e é parecido, eu convivo com amigos e outros instrutores e nós somos "concorrentes", mas ali no programa é interessante, pois você tinha pessoas com idades diferentes, eu tinha 35 anos na época e tinha gente com 20 anos, com visões e perspectivas diferentes, uma hostilidade diferente, uma amistosidade diferente... É muito louco você estar ali com um monte de estranhos, convivendo, você acaba criando elo com algumas pessoas, mas está todo mundo querendo arrancar a cabeça um do outro para poder ganhar o prêmio.
Bruna Jones: Para quem não se lembra, você acabou sendo eliminado no quinto programa, mas retornou no final da temporada através de uma repescagem, que no fim, lhe trouxe a vitória da competição. Eu diria que a sua participação foi uma verdadeira reviravolta atrás de reviravolta... Como foi o período que você esteve afastado esperando pela repescagem?
Joe Voador: Isso foi uma coisa bem legal, que aconteceu comigo lá no inicio do programa e que eu acho que quase ninguém sabe, mas quando eu cheguei na Argentina para gravar, eu tive algum problema no meu tímpano e eu fiquei completamente surdo do meu ouvido esquerdo e eu não falei nada disso com a produção com medo deles acabarem me afastando do programa, já que se você tiver um perfuração no tímpano, você não pode molhar para poder ter alguma chance de recuperar, e eu achei que tinha perfurado ou que tivesse acontecido algo, foi na descida do avião na chegada em Buenos Aires e eu fiquei bem abalado com aquilo, baixou bastante a minha moral e eu também acabei tendo coceira no meu corpo todo ao ponto de criar feridas, sabia que tinha alguma coisa de errado, mas segurei tudo isso sozinho, estava me sentindo muito incapaz, então acabei não indo muito bem inicio. Nos quatro primeiros episódios, quem era eliminado acabava voltando pra casa e eu fui ali capengando nesse inicio, não me destaquei em nada, mas conseguia ir sobrevivendo até que no quinto episódio eu fui eliminado, mas a partir dali você era levado para um resort, você voltava para o Brasil, para ficava em um resort em Teresópolis já que tinha a esperança de ter uma repescagem na semifinal, então acabei sendo eliminado e aquilo me deixou bem mal, muito triste, eu lembro que cheguei no resort e estava chovendo, na maior depre ao lado de duas ou três pessoas da produção, imaginei que iria ser uma merda ficar preso ali por mais uns dois meses até o programa terminar e ter a chance da repescagem, sendo que tudo o que eu queria era ir pra casa e ver a minha família, mas partindo dessa realidade, já que eu sou uma pessoa que busca se adaptar a realidade, minha realidade era de ter que ficar ali preso e ter uma chance de voltar, então passei a me fortalecer para isso, trabalhando a mente e o corpo, treinando todo dia, me alimentando bem, dormindo bem, ler bons livros, pensar coisas boas, fui meio que me fortificando, vamos dizer assim, criando elos com os participantes, já que a votação de quem voltava era feita entre os próprios participantes, então que acabou que o pessoal votou em mim e eu voltei muito mais forte do que quando comecei lá no inicio, nem se compara, era outra cabeça, outra mentalidade, e a questão do ouvido quando eu voltei para o Rio de Janeiro, continuei com esse problema, só que eu ignorei, a coceira passou, mas ignorei completamente e quando o programa terminou que eu ganhei e voltei para o Rio de Janeiro que eu procurei um amigo meu que é otorrino e a gente descobriu que era catarro dentro do tímpano, tomei um remédio e dentro de algumas horas o meu ouvido voltou ao normal e comecei a ouvir normalmente novamente. Não era nada grave, graças a Deus.
Bruna Jones: Apesar de não ser um reality show de grandes proporções de mídia como o "BBB" é, participar da atração lhe trouxe boas oportunidades? Você acredita ter tido um bom pós-reality?
Joe Voador: Essa questão de reality show é complicado, eu conversava com algumas pessoas da produção do "Hipertensão" e elas também participavam da produção do "BBB" e até mesmo o "BBB", o pós-reality é muito bom para quem ganhou, para quem não ganhou é de certa forma até ruim, pois você fica um pouco estigmatizado, você vai ser eternamente um ex-BBB, ou então um ex-Hipertensão, as pessoas podem te olhar de uma outra forma, eu lembro que mesmo eu ganhando o prêmio não era algo que desse para me aposentar, então eu tive que voltar a trabalhar com TI e tive uma certa dificuldade de conseguir encontrar um emprego, as pessoas meio que não te levam muito a sério, recriminando o fato de ter abandonado o trabalho para participar do reality e agora querer voltar, achando que fiquei rico e que começaria a passar meu tempo viajando e fazendo programa de televisão, as pessoas possuem uma outra visão e realidade do que é isso, mas a realidade mesmo é que se você não ganhou ou não levou um prêmio bacana para continuar a sua vida, você volta para casa sem dinheiro, sem emprego e tendo que começar tudo do zero, a ajuda de custo que você recebe da produção não é o suficiente para você pagar as suas contas, então geralmente você volta meio quebrado, você ficou três meses fora de casa e sem ganhar dinheiro, sem trabalhar, então é bem complicado, mas pra mim foi muito bom, que como acabei ganhando, tinha recursos para ficar um tempo tranquilo até encontrar um novo emprego e voltar para a minha vida normal, tudo o que eu queria era voltar para a vida normal, voltar para o meu trabalho, a minha rotina, os meus esportes, não me iludia com o fato de possivelmente ter virado uma estrela e que o mundo iria abrir todas as portas para mim, não é bem assim... A prova disso é que você tem pessoas que já ganharam reality show, ganharam o "BBB" e algum tempo depois estavam quebrados e sem grana, então é complicado, tem que ter um pouco do pé no chão e saber as coisas boas que você tem, mas aproveitar de maneira consciente.
Bruna Jones: Hoje em dia existe uma certa reciclagem entre participantes de realities e as emissoras, inclusive teve gente da sua temporada que acabou migrando para outros programas... Caso você fosse convidado para um desses de confinamento, como "BBB" e "A Fazenda", você aceitaria participar?
Joe Voador: Olha, "A Fazenda" e "BBB" eu realmente não sei, não sei se é muito o meu perfil pois não tem esporte nenhum envolvido ou aventura envolvida, é só uma questão de relacionamentos e hoje em dia é muito focado em dilemas, brigas e confusões, então não sei se eu iria querer ficar três meses confinado em um lugar tendo conflitos com outras pessoas, que basicamente é o que é isso, mas existem outros formatos de reality show que existem por ai que são bem interessantes, que tem algum esporte envolvido ou habilidades, tem um que você tem que forjar facas, espadas, essas coisas... Tem um na Netflix que o pessoal tem que fazer obras de artes com vidros. enfim... Se fosse alguma coisa mais voltada para o esporte, se tivesse algum que envolvesse piloto de voo livre, seria fantástico e eu participaria com certeza. Agora, um "BBB" ou uma "A Fazenda" dependeria muito do momento em que eu estivesse para estar disposto a encarar esse tipo de situação, mas eu nunca fecho porta para nada, sempre acho que é uma experiência que você pode ter, um momento diferente ou uma história diferente.
Bruna Jones: Hoje você é uma das maiores referências sobre parapente aqui no Brasil. Como foi que você acabou se apaixonando pelo esporte?
Joe Voador: Essa pergunta é muito legal, eu tinha me formado em TI em 1999 e lá em 2002 eu estava trabalhando em uma empresa que desenvolvida software para mercado financeiro, ai em um final de semana acabei indo numa feira de esportes e passei em um stand que tinha um cara representando o parapente e esse cara acabou se tornando o meu instrutor, nós conversamos e na época eu não tinha grana para comprar os equipamentos ou fazer o curso, mas começamos a conversar, ele viu que eu estava bastante interessado e eu já tinha visto um documentário sobre isso na televisão, mas ainda era algo muito aquém, não sabia onde que tinha, quem procurar, não tinha essa facilidade que temos hoje com a internet e acabei trocando com ele, o Kiko, que foi meu instrutor, eu fiz um site para ele e ele me deu o curso, depois ele me vendeu o equipamento dividido em diversas parcelas, facilitou bastante pra mim e eu acabei me apaixonando pelo voo de uma maneira que eu passei a voar todo final de semana, se eu não estava trabalhando, a minha mente estava completamente focada no voo. Com o passar dos anos, em 2006 acabei pegando a minha carteira de instrutor e passou pela minha cabeça largar a TI para trabalhar com voo livre, só que era um outro momento, não existia redes sociais como existe hoje, os voos eram meio que disputados a tapa ali na praia, não consegui me adaptar a como era ali na época, mas quando foi 2015 que eu tinha acabado de me tornar pai eu queria ter mais tempo livre, TI me consumia muito tempo e eu fiz um plano para largar a TI para trabalhar com voo. Usei o Instagram como ferramenta na época, nenhum outro instrutor fazia voo utilizando o Instagram, divulgava por ali enquanto todos os outros divulgavam por site apenas, vi ali uma possibilidade de mercado que ninguém investia e passei a usar, fui o primeiro instrutor a ter mais de mil seguidores, ter certificado e a visibilidade como referencia no parapente e no Brasil. Ai isso foi muito bom e me trazendo apoio da Go Pro, da Voner e agora fechei com a Épicos, com a HD, então você começa a criar parcerias e a solidificar o seu trabalho. Foi meio que sem querer, na época não achei que seria possível pois havia uma barreira financeira e o medo, pois eu tinha muito medo de voar, mas tudo acabou funcionando de uma maneira que hoje eu não me vejo fazendo outra coisa, sou muito bem realizado como instrutor de parapente.
Bruna Jones: O parapente é um esporte no qual é preciso ter muita atenção, preparação, saber lidar com imprevistos, entre outras coisas... O que você diria para quem está se interessando pelo esporte? Quais são os benefícios que você acha que esse esporte pode trazer para a vida das pessoas?
Joe Voador: Eu acho que hoje em um mundo em que predomina a ansiedade, as pessoas de maneira geral são muito ansiosas, tudo é muito imediato, rápido e até mesmo superficial, o voo livre te ensina a ser paciente, pois você não decola na hora que você quer, tem que esperar o momento certo pois é a natureza quem diz o que vai ser, você meio que vira um espectador, um observador e aproveita as situações que você analisou e observou, então o voo faz você ser uma pessoa mais paciente, observadora, contemplativa, e principalmente uma pessoa que sabe tomar decisão, você aprender a avaliar riscos, tomar decisão na hora certa, fazer a coisa certa, então de certo modo o parapente te molda uma pessoa mais segura e mais paciente, ajuda a diminuir a sua ansiedade de maneira geral.
Bruna Jones: Com tanto tempo de dedicação, seja por hobby ou como instrutor, você provavelmente já deve ter passado por algumas situações inusitadas, certo? Tem alguma que você possa compartilhar com a gente?
Joe Voador: Olha, tem três voos que eu vou destacar que foram inusitados e que me me marcaram bastante, o primeiro foi com o meu filho quando ele tinha dois anos, ele começou a me pedir para voar e eu levei ele, foi um momento único na minha vida, foi incrível e maravilhoso, o segundo foi quando voei com o pessoal da "Playboy", voei com uma modelo nua e que acabou sendo bem inusitado, e o terceiro foi com um amigo paraquedista que ele acabou pulando do parapente, ele decolou comigo e acabou saltando, foi muito bom.
Bruna Jones: Além disso, você também é palestrante motivacional e usa suas próprias experiências para auxiliar e ajudar positivamente outras pessoas. Como é para você essa oportunidade de poder ajudar desta maneira?
Joe Voador: O que eu acho mais bacana desse lance da palestra é que você consegue dar uma perspectiva nova da vida da pessoa, né? As vezes você está em uma posição na sua rotina, no seu dia-a-dia e não consegue enxergar uma outra perspectiva onde as coisas impossíveis são possíveis, então é muito bom quando você compartilha experiências e histórias com pessoas adversas, então a gente está sempre aprendendo quando estamos convivendo com pessoas que possuem uma realidade completamente diferente da nossa, você vê que o que é impossível para você pode ser a rotina do outro e esse compartilhamento é muito legal.
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "O recado principal é que a gente nunca pode deixar de acreditar, por mais que pareça ser uma loucura para os outros, se é o teu sonho, se é o que você acredita, se é o teu objetivo, você tem que ir de cabeça e não deixar de acreditar nunca." e se você quiser continuar acompanhando ele nas redes sociais, basta procurar por @joevoador no Instagram e Joe Voador no YouTube, beleza?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?