sexta-feira, 24 de junho de 2022

Bruna Entrevista: 11x49 - Claudinei Quirino


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é bem especial, se você gosta de esportes e atletismo, com certeza conhece a trajetória do Claudinei Quirino, que é um dos grandes nomes da modalidade aqui no Brasil, mas se você não é familiarizado com o esporte, vem conhecer um pouco mais no papo que tivemos!

Bruna Jones: Hoje você é um dos atletas mais respeitados dentro da sua modalidade por causa da carreira que você construiu até aqui, mas antes da gente falar mais sobre isso, vamos voltar um pouco no início. Como foi que você decidiu que queria se tornar um atleta profissional? 
Claudinei Quirino: Quando eu comecei não pensei em ser atleta profissional, eu lembro que trabalhava em um posto de estrada e de repente apareceu um atleta por lá, destes que a gente sempre vê correndo nas rodovias... Ele parou para tomar água lá no posto, e um monte de garotas acabaram indo atrás para ver o rapaz, pois ele era bonito, forte... E nisso a curiosidade também me chamou e eu fui ver ele, parei pra conversar e saber o que ele fazia para ficar forte daquele jeito e ele me respondeu que era atletismo e que eu poderia fazer também, e me ensinou o local e como era, e eu fui. Se ele tivesse falado que era futebol, basquete ou qualquer outra coisa, eu teria ido também... E foi assim que aconteceu. Cheguei lá, me falaram que eu era talentoso, que corria bem e saltava bem, e fui acreditando... Até que me tornei atleta. Foi um simples fato de vaidade de querer ficar fortão e bonitão que acabou virando uma carreira. Forte até deu, bonito que eu acho que não deu muito certo, rs... Mas foi isso, foi por curiosidade que acabei começando o atletismo.    

Bruna Jones: No Brasil é difícil conseguir obter sucesso no esporte fora do futebol. Quais foram as dificuldades que você encontrou no início da carreira? 
Claudinei Quirino: As dificuldades são imensas, mas uma das principais que a gente encontra no atletismo é o patrocínio. O pessoal se pergunta o que é esse patrocínio? É o dinheiro pra você viver? É pra que? É o dinheiro pra viver, pra comprar... Pois quando você chega em um nível de treinamento é preciso abandonar o seu trabalho, pois ou você faz uma coisa ou outra, então você tem que viver somente do esporte. A prefeitura, alguns comércios locais e familiares que vão dando o suporte. Então a dificuldade é essa, é você arrumar o patrocínio, pois no atletismo você precisa trazer primeiro o resultado e em seguida vem o patrocínio, é diferente do futebol, onde você faz um gol ou a bola bate em você ali... Claro que com todo o respeito, pois tenho amigos que jogam e tal, mas daí já vira um craque e aparece um patrocinador. No atletismo é preciso correr no Brasil, correr lá fora, ganhar uma Olimpíadas, um Jogos Pan-Americanos, um Mundial e somente ai que os patrocinadores começam a aparecer.


Bruna Jones:
 Em algum momento você pensou em deixar o esporte de lado e tentar buscar uma nova carreira? O que te motivou a persistir em seu sonho?
Claudinei Quirino: Em várias vezes eu pensei em desistir do atletismo. Lembro que uma vez que vivia em Araçatuba, eu recebia pela prefeitura e tinha alguns salários atrasados, coisa normal de atleta, né? Ai um dia estava muito desanimado e conversei com um amigo meu chamado Toninho, dizendo que eu iria embora e ele falou que depois eu iria me arrepender disso, mas fiquei pensando no que iria fazer, pensei em trabalhar alguma coisa e seguir em frente, mas eu não tinha dinheiro pra isso, pra ir embora... Ai pensei que como estava em Araçatuba, ir até Lençóis Paulista era só pegar uma rodovia Marechal Rondon que era só ir reto e em quatro ou cinco horas pegando carona de carro conseguiria chegar, ou então tentar indo andando pela estrada até chegar lá. Mas ai não fiz isso, fiquei e insisti mais um pouco e graças a Deus essa insistência acabou me levando para voos mais altos, foi ali em Araçatuba que conheci o treinador Jayme Netto Júnior que me trouxe para Presidente Prudente e então comecei a minha vida esportiva.      

Bruna Jones: Mesmo antes de chegar nas Olimpíadas, você já estava conquistando outras medalhas em competições a nível mundial. Mas ainda assim, como foi para você estrear em um dos mais aclamados eventos esportivos e ainda sair de lá com uma medalha no pescoço? 
Claudinei Quirino: É verdade, antes das Olimpíadas eu já tinha sido campeão brasileiro, sul-americano, pan-americano, vice campeão mundial e medalha de bronze em campeonato mundial, fora outros eventos que eu fiz aqui no Brasil, na Europa e em outros países. Bom, estrear nas Olimpíadas com medalhas já, é uma coisa maravilhosa, uma sensação de dever cumprido, sabe? Sabe quando alguém fala "vai lá e faz" e você volta com tudo feito bonitinho. Mas você se pergunta, "você ganhou medalha de prata", então... Claro que a intenção era o ouro, mas naquele momento foi o que deu pra gente fazer com os nossos esforços, claro que respeitando o time dos americanos, eles eram muitos mais fortes que o nosso time, se você olhar o tempo deles, todos do revezamento já tinham corrido os 100 metros abaixo de 10. E se você pensar hoje em 2022 no Brasil, ninguém até o momento, espero que em breve alguém bata essa marca, mas até agora ninguém conseguiu fazer isso. Mas a sensação é maravilhosa, de dever cumprido.         

Bruna Jones: Ao longo de sua carreira você esteve nas Olimpíadas, Mundiais, Jogos Pan-Americanos e muitos outros através do mundo, apesar de estar fora do Brasil por questões de trabalho, você conseguiu aproveitar as culturas locais por onde passou? Tem alguma em especial que tenha te marcado? 
Claudinei Quirino: Eu viajei bastante, a América do Sul toda, fui na América do Norte, Oceania, Europa e outros lugares... Acho que ao todo foram 43 países. Mas assim, aproveitar de verdade não dá, se eu falar que sai e fiz tour cultura, é mentira, pois não dá. Quando você chega em um país, você faz a climatização e depois disso você compete, logo após a competição você já volta. Não tem como. Você não consegue bancar um mês depois da competição ficar passeando pela Europa, mas assim... Passeios pequenos até que dá para fazer, por exemplo, um lugar que gostei muito foi na Grécia onde visitei um pouquinho, quando fui em Roma estive no Coliseu, mas é um passeio bem curto. Na França fui na Torre Eiffel, mas nem cheguei a subir por causa da fila enorme, fui no Arco do Triunfo, então assim... Fui em alguns lugares, mas passear de fato não dá, infelizmente, rs...


Bruna Jones: Sendo tão jovem e conquistando tanto em sua carreira, a nível internacional, como foi para você se manter focado no seu objetivo e não acabar se perdendo no glamour que os status foram te trazendo, inclusive a fama?
Claudinei Quirino: Eu não era tão jovem, já tinha 19 pra 20 anos e depois disso, tudo aconteceu muito rápido na minha vida, aos 25 anos já estava correndo na Europa e tudo... E uma coisa que você perguntou que é interessante sobre não perder o foco, eu perdi sim... Teve um momento da minha vida em que perdi o foco, pois você imagina, um garoto que saiu do orfanato, que passou a maior parte da vida ali, de repente ganhando um dinheiro, que claro, não era um grande dinheiro como no futebol, mas era um dinheiro bom para quem não tinha nada, o que era o meu caso. Comprei uma casa, um carrão, uma moto, outro moto, outro carro, gastava muito com roupa... E quando estava no Brasil queria ficar saindo para boates e ficava deslumbrado, pois tudo aquilo era sonhos de infância, e eu não tinha ninguém para me aconselhar, para ter calmar e guardar dinheiro ou investir, pois a vida do esportista é curta. Mas ao mesmo tempo eu não queria mais treinar, achando que eu era artista, que eu já era o bom e chegava na competição e não ia tão bem, por causa da fama... Ela é meio traiçoeira, não é ruim, mas você precisa estar preparado e saber viver a fama, no meu caso, quando fiquei famoso, todo mundo me chamou para sair, gravações, mas não podia ter esquecido o que me levou a fama, que foi o esporte, então é preciso treinar, se você não treina e não for campeão, aquela sua fama acaba. Então sim, perdi o foco algumas vezes, mas graças a Deus sempre fui orientado em alguns momentos, mas já dei minhas pisadas de bola.            

Bruna Jones: Com o passar dos anos, você fez a sua transição para a televisão como comentarista. Como você lidou com essa transição? 
Claudinei Quirino: Até hoje eu não entendo como cheguei na televisão, eu estava aqui na minha cidade, parado e sem fazer nada, já tinha deixado de correr, ai um amigo meu chamado Caio que tinha um programa de televisão regional, que passa em televisão a cabo e um dia ele me chamou pra ir no programa, me deu um minuto para dar as noticias de esporte que aconteceram no final de semana, então eu decorava sobre futebol, basquete, colocava um pouco de atletismo, vôlei... Mas tudo de um minuto, e precisava ser decorado pra não ter cortes, só que ninguém assistia, pois era um programa de segunda a tarde, ou seja, no final de semana já tinha passado tudo sobre esse assunto, inclusive na própria segunda antes do nosso programa. E a emissora também não tinha muita audiência, mas eu me divertia, estava aprendendo e sigo aprendendo até hoje, pois estamos sempre aprendendo... E de repente um dia alguém da Globo me ligou, acho que tinham visto pela internet a minha participação no programa e me convidaram para comentar alguma coisinha, algo simples... Perguntaram seu eu tinha algum contrato com emissora, disse que não e até hoje faço trabalhos lá por contratos, no momento eu tenho um até o final do ano e assim estou ali já faz vários anos, aprendendo, comentando, falando de esporte, as vezes participo de algum programa, ou uma gravação e assim vai. A transição pra mim foi bem normal, mas eu acho que ainda sou muito tímido, mas é bom, pois a gente vai aprendendo... Eu gosto bastante da televisão, é um mundo que me fascina muito.       

Bruna Jones: Ainda sobre televisão, você já esteve cotado na mídia algumas vezes para participar de realities de confinamento, você já foi realmente convidado alguma vez? Aceitaria se fosse? 
Claudinei Quirino: Falando assim sobre reality e essas coisas de televisão, acho que uma vez o pessoal falou que eu estava cotado para ir na Record, em "A Fazenda" no começo dela, no momento eu juro que até fiquei um pouco empolgado por aparecer meu nome, mas ninguém da emissora chegou até a mim me convidando, só especulações da mídia. Mas eu acho que aceitaria, dependendo e conversando com a família, meus filhos e esposa. Acho que seria uma coisa boa mostrar um lado diferente para as pessoas, mas claro que dá medo de você acabar se perdendo um pouco naquele glamour, nas loucuras ali e se esquecer de quem você é, mas no meu caso, eu aceitaria sim.


Bruna Jones: Hoje você tem a possibilidade de influenciar de maneira positiva e direta na vida das pessoas através das redes sociais, seja compartilhando sua história ou até mesmo dicas profissionais e coisas deste tipo, diferente de quando você começou a sua carreira em que atletas dependiam mais da mídia para compartilhar suas histórias. Vendo as ferramentas disponíveis hoje, como é para você ter esse contato mais direto com o seu público e os futuros atletas do Brasil?
Claudinei Quirino: As mídias sociais são bem importantes, eu ainda uso pouco, mas estou aprendendo a trabalhar com essa ferramenta, pois eu viajo muito ministrando palestras, então viajo para escolas, orfanatos, creches... Qualquer lugar que me chamam eu sempre vou levando a minha história, eu tenho uma palestra chamada "Eu não nasci campeão" e nela eu conto um pouco da minha trajetória, pois algumas vezes você vê um atleta famoso, você pensa que ele ocorreu tudo certinho, que nasceu bem e não teve dificuldades na vida, então eu mostro os dois lados, as glórias e as dificuldades, sempre mostrando que existe uma saída para momentos difíceis que parecem nunca passar, as vezes você se encontra em um momento adverso se questionando sobre a vida e olhando a vida do outro, tentando buscar uma mudança... Nem sempre eu tenho a solução, mas sempre tento mostrar a minha vida como exemplo de superação.    

Bruna Jones: Felizmente, mesmo que aos poucos, nós estamos conseguindo retomar a nossa vida social e profissional, não é mesmo? E com isso, projetos podem ser colocados em prática e novidades surgem... Tem algo novo vindo por aí? Algo que possa compartilhar com a gente?
Claudinei Quirino: Infelizmente tivemos ai dois anos de pandemia, acho que atrapalhou o mundo inteiro e vocês viram os nossos atletas e todo o mundo tentando se virar do jeito que conseguiam, o Brasileiro foi bastante criativo se virando. Eu também parei um pouco de trabalhar, mais pela internet, mas esse ano eu estou com um projeto de visita, de esporte itinerantes, então ao invés da criança vir até a mim, eu que vou nos lugares, ministrando palestras e também fazendo algumas brincadeiras esportivas com professores e crianças, também ensino com alguns materiais quando eles não tem disponíveis, indico sites, como por exemplo da confederação esportiva, onde podem conseguir algum material de doação, falo como podem competir em lugares... Tento ser útil dentro da vida esportiva, procuro conferir as necessidades do local e tento ajudar dentro do possível, não só através de mim, como através de outros amigos atletas e pessoas que podem achar uma solução para aquele problema. 

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Eu gostaria de desejar tudo de bom para vocês, que seus sonhos sejam realizados. Tem sempre uma frase que eu gosto muito de falar, que é para quando você está um pouco desanimado ou triste, a frase é: Deus pode demorar, mas ele nunca chega atrasado. Então as vezes você está lutando e não vê a solução, acha que é melhor parar... Para mesmo... Descansa e vê onde você está errando e continua. Não desista. As vezes para melhorar, como no meu caso em milésimos de segundos, leva anos! Mas todo dia você tenta começar de novo e de novo e de novo. Se cansar para, descansa, mas continua. Não pare. Não desista." bacana, né? E se vocês quiserem continuar acompanhando ele nas redes sociais, basta procurar por @claudineiquirino1 e @claudineiquirinooficial no Instagram. Ele avisa que se vocês mandarem alguma mensagem ele demora um pouquinho para responder, mas ele responde. No TikTok é só procurar por @claudineiquirino também, beleza?

Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?

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