segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Bruna Entrevista: 11x80 - Carol Galindo


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E a nossa convidada de hoje é chef que participou da terceira temporada do "Top Chef" da Record, estou falando da querida Carol Galindo que vem compartilhar com a gente um pouco das suas experiências profissionais. Vem conferir tudo isso e mais um pouco, agora!

Bruna Jones: Você hoje possui uma carreira bem sólida como chef, mas antes da gente falar mais sobre isso, vamos voltar ao começo, sim? Como foi que você acabou iniciando a sua jornada gastronômica e acabou percebendo que gostaria de se tornar um profissional desta área?
Carol Galindo: Comecei com 14 anos de idade, comecei fazendo doces, mais por uma questão de ter uma renda e fazer o meu próprio dinheiro, então já comecei vendendo, no esquema de fazer e vender, fazer e vender... E ai eu percebi que levava jeito e acabei dando continuidade nos estudos, primeiro fui para a parte de confeiteira e só mais tarde que eu decidi que precisava fazer faculdade e desenvolver a cozinha como um geral, fazer um curso superior e desenvolver essa parte gastronômica.      

Bruna Jones: A carreira de um chef gastronômico nem sempre esteve muito em alta aqui no Brasil, se tornando uma área mais popular somente nos últimos anos... Em algum momento você chegou a ter dúvidas em relação a sua escolha, por algum tipo de medo ou receio por se tratar de algo relativamente novo? 
Carol Galindo: Quando eu comecei a trabalhar na área, não tive duvidas de que era o que eu gostaria de fazer. Sempre gostei de lidar com o público, sempre gostei de cozinhar para a minha família, que é de nordestinos tanto por parte de mãe quanto de pai, meu tio tinha uma casa do norte restaurante muito conhecida aqui na região, então fui criada dentro do restaurante, né? Desde o momento que decidi que iria fazer isso profissionalmente não tive medo não, nem por ser uma profissão muito nova e nem por me arrepender no futuro, por mais que a gente comece os estudos, cozinheiro é cozinheiro, né? Eu sou cozinheira e gastrônoma por conta do curso superior, a gente estuda e se aprofunda, mas a verdade mesmo é que sou cozinheira. Eu amo cozinhar e tenho a oportunidade de viver profissionalmente daquilo que eu gosto de fazer, podendo ganhar dinheiro e não ser apenas um hobby, então me sinto privilegiada. Tenho um pouco de tristeza, pois no Brasil ainda é uma profissão muito desigual, principalmente pela questão de gênero, então mulher não tem o mesmo espaço e o mesmo reconhecimento que um chef homem, ainda existe isso, diferença salarial, bastante dificuldade em questão de liderança, muito preconceito ainda... Mas a ideia é que isso acabe, né? rs... Eu tô na minha carreira por amar e torcendo e mudando o que posso mudar, com as ferramentas que tenho para que isso acabe e a cozinha se torne um espaço igual para ambos os sexos, as cores e apenas um lugar para você desenvolver o seu talento.  


Bruna Jones: Muitas pessoas possuem a ideia errada de que para ser um chef basta saber cozinhar e conseguir fotos bonitas de seus pratos, o que é um absurdo, não é mesmo? O que você acha sobre essa ideia equivocada que a internet pode causar nas pessoas? 
Carol Galindo: Na verdade a mídia faz uma grande confusão na cabeça das pessoas sobre o que de fato é ser chef de cozinha, primeiro que existe uma grande diferença entre você ser cozinheiro e ser chef, acho que todo chef precisa ser primeiro um bom cozinheiro e pra você ser chef é preciso ter muita experiência, pois o próprio nome já diz, ser chef é ser apenas um cargo na hierarquia da cozinha, que inclusive é bem rígida, então não é qualquer um que consegue ser chef, não é só você ter a faculdade e ter o curso superior sem nunca ter pisado em uma cozinha de verdade, é um cargo que você precisa conquistar e pra isso você precisa liderar uma equipe, dominar todas as praças e muito mais do que fotos na internet, fotos de pratos bonitos... É preciso construir os sabores, entender as essências dos ingredientes, usar a criatividade, ter um processo criativo com suas memórias, com aquilo que você gosta e acredita, com suas referências de cozinha, uma questão quase que afetiva com o processo criativo e técnico para conseguir ser um bom chef. E pra mim é fundamental diferenciar essa questão de chef para ter liderança, se você não tem esse dom você não consegue liderar, não dá para você ser chef só de você, você é chef de uma equipe. Eu sou chef mas trabalho sozinha em casa então é uma confusão muito grande, colocam muitas flores em volta dessa profissão, mas é aquilo que falei lá no começo, eu sou cozinheira e tenho orgulho disso, sou chef por já ter liderado uma equipe, tenho carreira profissional para isso, se me colocar em uma cozinha profissional eu sei como liderar uma equipe, eu desenvolvo e crio pratos, minhas fotos nem são tão bonitas assim, mas acho que é bem importante deixar isso claro, principalmente na minha área como docente, como professora de gastronomia, eu sempre passo para os meus alunos que não basta fazer um curso achando que vai sair de lá como um chef sem enfrentar o fervor das panelas, primeiro você precisa ser cozinheiro para depois se tornar chef.                  

Bruna Jones: Em 2021 você acabou participando do "Top Chef" da Record. O que te motivou a participar de uma competição na televisão? 
Carol Galindo: Eu sempre assisti esses realities de gastronomia, sempre gostei muito de competição e imaginava participar de um, mas sendo o "Top Chef" por ele ser o mais difícil do mundo por causa do confinamento, então você sai da sua zona de conforto, você para de falar com a sua família, vai morar em uma casa com pessoas que você nunca viu e que as afinidades são apenas a cozinha, então eu sempre me vi dentro do programa. Quando fiz o processo eu fiz para me desafiar, como sou professora de gastronomia e fazia muito tempo que estava fora de uma cozinha profissional, cozinha de serviço, pois já estou na docência fazem 12 anos, por muitas vezes eu duvidei se de fato eu tinha conhecimento, bagagem para participar de um reality com pessoas que estão em grandes cozinhas, que viajaram pelo mundo e estão todos os dias enfrentando os desafios de uma cozinha de verdade, e eu fui para me testar, provar para mim mesma a minha capacidade e só estando dentro de um reality que você vai saber como vai se comportar sob pressão, em questão de improviso, você vai testar seus conhecimentos mesmos, aqueles mais profundos, desde teóricos quanto práticos... Então é arriscado você fazer essa prova em rede nacional, colocando no ventilador tudo aquilo que você é, a sua carreira, o que você sabe, mas eu gostei bastante de ter participado do programa e da minha performance dentro dele. 


Bruna Jones: Para participar de um reality show, durante o tempo que for, os participantes precisam abrir mão de algumas coisas para estar à disposição da produção durante o período de gravação. Você teve que mudar algo na sua vida para participar do programa?
Carol Galindo: O programa é diferente dos outros, né? A gente não tem que ficar somente a disposição da produção, a gente tem que largar tudo para ficar confinado. Foram alguns dias de confinamento no hotel, longe da família e sem contato com ninguém, ainda no período de covid, então os próprios colaboradores da produtora não ficavam muito perto da gente, sempre de máscara... Foram 10 dias de isolamento no hotel fazendo testes regulares para não ter problema de contaminação e em seguida a gente já foi para a casa e ai no meu caso que não fui até a final, fiquei 30 dias confinada em uma casa sem celular, sem relógio, sem contato com a família, mas a família tinha contato com a produção, eu que não tinha contato com ninguém. Tive que abrir mão de estar com meus dois filhos pequenos, com o meu marido, a minha casa, tive que dispensar as turmas que eu dava aula, parar com consultoras e ficar 100% a disposição do programa, 24 horas, então por isso o programa é um reality completamente diferente, pois além da questão da cozinha a gente precisa ter o emocional preparado, pois você fica abalado, fica com saudades sem saber o que está acontecendo aqui fora e ao mesmo tempo que produzir, ir bem nas provas, pois como é um reality de gastronomia de profissionais, o nível de exigência é muito grande, então junta tudo isso, foi bem intenso.             

Bruna Jones: Nos últimos anos, a "reciclagem" de participantes de reality show virou algo comum na televisão brasileira. Você aceitaria um convite para participar de "A Fazenda" ou "BBB", por exemplo, ou ainda de um novo reality de culinária? 
Carol Galindo: Eu acho... Eu acho não, eu com certeza toparia participar de outro reality show de culinária, mas "A Fazenda" não... Pois já tive a experiência de participar de um reality da Record e ai a expectativa vs a realidade ficou um pouco a desejar, mas talvez do "BBB" eu participaria. Não sei, nunca pensei nessa possibilidade, mas eu teria coragem de participar sim, de um reality que não fosse gastronômico. Mas um outro reality gastronômico com certeza, pois sai dali com a sensação de que eu poderia mostrar muito mais, que eu não tinha mostrado tudo o que sei fazer e não fiz tudo o que eu gostaria de fazer, então gostaria de uma nova oportunidade.       

Bruna Jones: Atualmente você possui um canal no YouTube onde compartilha diversas receitas práticas e saborosas. Como surgiu a ideia de se juntar a plataforma? E teremos mais conteúdo em breve? 
Carol Galindo: A ideia mesmo veio através do meu esposo, como já fazem doze anos que dou aula, essa dinâmica de transferir conhecimento pra mim é tranquila e com as questões das receitas no YouTube a gente inclusive achou que seria uma ferramenta interessante para complementar as minhas aulas, aquilo que não consigo passar em sala eu falo para os alunos darem uma olhada nos vídeos que explica um pouco mais, que tem coisas diferentes... Então esse incentivo veio do meu marido, dos meus próprios alunos e de clientes que sugeriram fazer um canal de receitas. E eu gosto bastante de fazer isso, uma das coisas tirei como propósito depois do reality era ter um programa de televisão, pois eu tenho outros planejamentos para a minha vida onde talvez eu não consiga mais dar aula dentro de uma sala, então essa questão de transferir o meu conhecimento é muito importante, passar pra frente um pouco daquilo que a cozinha me deu, e o lugar que eu acho que dá para fazer isso é com as redes sociais e o programa de televisão. Hoje eu tenho um programa de tv aqui na minha região, no alto tiete em SP que abrange onze cidade, um canal fechado da Claro, mas o pessoal pode acompanhar no YouTube, toda semana tem episódio inédito que a gente juntou alguns parceiros e patrocinadores, onde uso ingredientes dos patrocinadores, faço receitas no geral, temáticas... Fiz para o dia das crianças, agora para a copa do mundo, já estou pensando no Natal... O nome do programa é "Mistura Boa" e tem o portal da rede alto tiete, o YouTube deles, onde posto um pouquinho do meu programa e é isso... Acho que é uma ferramenta fundamental para partilhar o meu conhecimento.


Bruna Jones: Infelizmente o mundo inteiro atravessou um período bem difícil por conta da pandemia desde março de 2020, com diversas limitações e incertezas. Como uma pessoa que trabalha diretamente com o público, como foi esse período para você? 
Carol Galindo: Esse período de 2020 foi bem difícil pois tinha alguns restaurantes em consultoria que a gente infelizmente teve que parar, por causa da redução de equipe e coisas do tipo, as aulas também acabaram sendo atrapalhadas, pois as escolas precisaram parar e os alunos não aceitaram bem as aulas online, então eu fiquei um bom período passando por dificuldades tentando me reinventar. Mas também nesse período eu consegui me reorganizar e tirar do papel a ideia de dar aulas online, independente das aulas das escolas das quais sou contratada, eu comecei a dar aulas online, montava grupos, vendia cursos e dava aulas online ao vivo, montava uma aula e abria uma sala, passava a lista de compras para os alunos, marcava um horário e cozinhávamos juntos. Fiz muito cursos assim durante a pandemia, dei aulas para pessoas pra fora do Brasil inclusive, para pessoas do interior de São Paulo, de outros estados e foi um período bem legal. Deu para treinar um pouco essas questões da internet, das redes sociais, de cozinhar sem sentir o cheiro, ver o ponto exato... Mas foi interessante. Acabei trabalhando com o público sem contato físico, mas acabou dando certo. Hoje não tenho mais esses cursos, pois voltei a dar aulas em escolas presenciais, mas foi uma experiência que eu não teria tido a oportunidade de viver se não fosse a pandemia.     

Bruna Jones: Já estamos quase chegando ao final do ano, mas ainda assim, tem novidades vindo por aí? Algo que possa compartilhar com a gente? 
Carol Galindo: Não tem muita coisa que eu posso confirmar que vai acontecer, mas tem muita coisa no papel para o ano que vem, planejamento e um sonho de vida que estou quase tirando do papel, mas quem sabe ai as pessoas que gostem da minha comida tenha um lugar para provar, para comer mais da minha comida. Logo logo eu conto mais detalhes quando tiver mais certeza de que vai acontecer, mas é isso ai... Um bar talvez, um rancho... Uma coisinha assim, sem muitos detalhes, mas mais ou menos isso.  

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ela ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "O recado que eu gostaria de dar para as pessoas é que cozinhar não é livro de receitas, sabe? É transformar o alimento, se conectar com o ingrediente que você está transformando, entender como ele se transforma, respeitar os processos, valorizar o sabor, não adianta você pegar uma comida e jogar um monte de coisa achando que ficará bom sem entender a essência daquilo que você vai cozinhar, e isso que faz toda a diferença. Vejam vídeos, vejam receitas, mas entendam antes de reproduzir sem se conectar com tudo aquilo que você está cozinhando. Acho que cozinhar é uma arte, é um processo de transformação, quem cozinha se transforma, cozinha com amor acaba se nutrindo de uma maneira muito profunda e verdadeira com aquele alimento. Pra mim a cozinha funciona como ferramenta de transformação social, assim como aconteceu comigo, várias outras pessoas tem a cozinha como fonte de sustento e acho que hoje nos tempos que estamos vivendo, a cozinha representa um papel muito importante na vida dos profissionais, então eu busco todos os dias frisar essa importância da igualdade e da cozinha para todos, homem, mulher, negros, pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social, pessoas de classes mais altas que estudam fora... Acho que a cozinha, na frente das panelas todo mundo se encontra e todo mundo é igual, é nessa cozinha que eu acredito, na cozinha de transformação social. É isso o que eu falo, o que eu prego e o que eu levo para sempre na minha vida enquanto eu cozinhar, vai sempre ser meu foco e objetivo." e quem quiser acompanhar mais, basta entrar em seu site pessoal AQUI ou em sua conta no YouTube AQUI. Ou procurar no Instagram por @chefcarolgalindo, beleza?


Espero que vocês tenham gostado, em breve eu volto com mais! Qualquer novidade eu volto, lembrando que quem quiser entrar em contato comigo, pode add no facebook, procurando por "Bruna Jones" e que agora na página oficial do blog, vocês encontram conteúdo exclusivo: clique aqui! Podem também procurar e seguir no twitter e instagram no @odiariodebrunaj certo?

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