terça-feira, 7 de março de 2023

Bruna Entrevista: 12x10 - Hira Mesquita


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é um dos dançarinos mais populares do Brasil na década de 90, afinal, quem nunca dançou ao som de "bate forte o tambor", não é mesmo? O nosso papo de hoje é com o querido Hira Mesquita, que conta um pouco sobre essa época e o que anda fazendo hoje em dia, vem comigo!

Bruna Jones: Você fez um enorme sucesso ainda muito jovem ao se tornar dançarino da banda "Carrapicho" nos anos 90, como foi que você acabou entrando para o grupo musical? Você já tinha tido outras experiências artísticas antes disso?
Hira Mesquita: Antes de dançar, o Zezinho com sua enorme generosidade, me convidou para ser Back Vocal de um show solo dele chamado “A Voz do Dono”. Título do show dele inspirado na música de Chico Buarque, música esta que ele abria o show. Aconteceu no circo do Sesc, na sede do conjunto Campos Elísios em Manaus. O espetáculo teve a direção do incrível Chico Cardoso. Acho que sempre existiu em mim uma veia artística, talvez por ter habilidades manuais herdadas da minha mãe Iracema. Dos meus 10 até os 14 anos, aproximadamente, fazia arte em gesso, meu atelier era do lado de casa, onde pintava o chão que era de vermelhão deixando todo branco o chão e as paredes de tijolo, cheguei a fornecer lembranças em gesso para aniversários de 15 anos e casamentos. Uma “brincadeira artística” que me rendeu alguns tostões. Sobre o Carrapicho, eu tinha meus 16 para 17 anos quando conheci ZEZINHO, através de um grande amigo meu na época. Acho que o ano era entre 1992/1993. E acho que o Zé já me via como artista, pois me deu oportunidades para que eu pudesse desenvolver isso. O Carrapicho entrou na minha vida com uma introdução de amizade com Zezinho. A verdade é que eu nunca tive a pretensão de ser artista, entrar para dançar, subir em um palco, dada a minha enorme timidez na época. Quando surgiu a oportunidade do convite para entrar na banda, ele, O Zé, disse para mim: - “Acho melhor você não entrar, mas você que decide”. Acho que ele tinha receio de eu não ficar. Eu não sei o motivo dele falar isso. Eu decidi entrar e aceitar o convite que foi feito pelos músicos da banda e João Santana, nosso empresário, que me fez uma proposta de teste para dançar no carrapicho por de três meses. Aceitei o desafio. Já com uma viagem marcada para o estado de Roraima na capital Boa vista. Uns 5 meses depois, já lembro de estarmos morando em Paris. 

Bruna Jones: Com o "Carrapicho" você teve a oportunidade de viajar pelo Brasil todo e inclusive alcançando fama internacional. Como foi para você ser tão jovem e não acabar se deslumbrando com toda a fama conquistada naquele momento? 
Hira Mesquita: O Carrapicho era meu trabalho. Apesar de na época não enxergar dessa forma, devido à pouca idade, e pouca experiência, mas foi através dele que realizei vários sonhos. Então, acredito que com o auxílio de João Santana, nosso empresário, que serviu como um segundo pai para todos nós, ele nos fez entender que não existia deslumbre, mas sim muito trabalho a ser feito. Acredito que essa visão sobre o trabalhar, mudou tudo. 

Bruna Jones: Como eu disse, você teve a oportunidade de fazer inúmeras viagens pelo Brasil e o mundo. Dito isso, tem alguma viagem ou show que tenha se tornado inesquecível para você ou que tenha um carinho mais especial? 
Hira Mesquita: Grande parte das viagens foram inesquecíveis e especiais, o que me motiva a contar toda essa história da banda em um livro que pretendo publicar até ano que vem. (Isso é em primeira mão). Tem três shows marcantes e inesquecíveis, um com público de mais de 100.000 pessoa em São Paulo, outro em Fortaleza, no Ceará, que foi lotado também e algumas fãs conseguiram se esconder por horas no banheiro do camarim. E um em especial com um público também enorme dentro de um estádio ou uma arena estádio, lembro que se chamava Bercy, algo assim, localizada em Paris, isso no ano de 1998. Foi um Show junto com o Patrick Bruel, nosso Padrinho na França. 

Bruna Jones: Nos anos 90 o sucesso de um artista se baseava na multidão de pessoas que eles conseguiam arrastar para os shows, portas de emissoras, aeroportos e coisas do tipo... Como era para você estar rodeado de pessoas gritando o seu nome, sem contar o assédio feminino, já que na época você e o Hudson querendo ou não, se tornaram grandes atrações para a audiência feminina?
Hira Mesquita: Era uma loucura, tinha dias que saíamos do show de madrugada e pegávamos avião para outra cidade. No aeroporto, nas recepções de hotéis, sempre tinha alguém esperando a gente. E foi como tinha que ser mesmo, atendíamos todos, antes de descansar, já que aquele era nosso papel enquanto artistas. E sobre o assédio, as pessoas sempre foram muito educadas para se aproximar da gente como artista. Algumas queriam, claro, um pedaço da pele, um pedaço de couro cabeludo, essas coisas “normais” de pessoa que amam outras incondicionalmente. Mas tudo foi muito tranquilo. Quando eu e o Hudson posamos para a capa da revista "G Magazine", aumentou um pouco mais a audiência, não só feminina, garanto. 

Bruna Jones: Na época da banda, era mais difícil você ter uma rotina mais "normal" com horários fixos, estudos, momentos com família e amigos e coisas do tipo. Olhando agora, você acredita que a experiência de ter vivido tudo o que viveu na banda, compensou as coisas "não tão boas" que precisou passar ao longo desses anos?
Hira Mesquita: Rotina normal era algo que não existia. Não podíamos nos programar, pois nossa vida já era programada para meses, às vezes anos. E ainda assim, tinha programações que precisavam ser reprogramadas e assim era feito, da hora que acordávamos a hora que íamos dormir. Acho que tudo, absolutamente tudo, valeu a pena. Tudo mesmo...as coisas ruins que lembro foram aquelas que, como humanos, precisamos vivenciar. As diferenças das individualidades. E que isso faz parte também. E tá tudo bem. 

Bruna Jones: Com o fim da sua participação na banda, como foi para você retornar para a sua vida de antes? Aliás, você tentou dar seguimento na sua carreira artística ou preferiu se manter afastado até decidir o que gostaria de fazer em seguida?
Hira Mesquita: Acho que dos 4 dançarinos, fui o último a abandonar o barco. Confesso que uma vez escutei de uma professora, que disse: “O melhor é o anonimato”. Aquilo martelou anos na minha cabeça. Acredito que o anonimato, assim como a fama, como tudo na vida tem seus prós e contras. E a gente que precisa filtrar da melhor forma. A vida é feito disso, escolhas, filtros e decisões. Acho que quem é artista não deixa de ser. Amo as artes. independente da fama. Sendo Psicólogo não abandonei tudo que aprendi como artista. Comecei a estudar as potencialidades humanas na formação como psicólogo, onde o trabalho final teve como tema “Biodança” onde pesquisei “A Relevância da Biodança para o trabalho do Psicólogo”. Ressalto que nunca deixei de dançar. Parei de dançar em grandes palcos, mas em casa eu canto, danço e me divirto com meus amigos. 

Bruna Jones: Nos últimos anos você acabou passando por diversos trabalhos diferentes, até se encontrar na área da saúde, ao cursar Psicologia. O que te fez se aproximar de uma área tão diferente de onde você havia começado a sua carreira?
Hira Mesquita: Na verdade não foram trabalhos muito diferentes não, não no meu ponto de vista. Quando saí do Carrapicho, que sempre foi um trabalho que estava na frente de pessoas que você nunca viu, tinha que se comunicar com outras culturas e etnias e fui trabalhar como Promotor de vendas da VIVO (na área comercial). Deixei a VIVO pois surgiu um disco novo do Carrapicho em 2004 e fomos morar por quase dois anos no Rio de Janeiro. Quando voltamos, a VIVO me chamou novamente, voltei e logo fui promovido a supervisor de Vendas. Depois fui gerente de lojas, e terminei minha carreira lá que foram mais de uma década, como Gerente de Contas gerindo as carteiras de empresas PMES e Grandes Contas Nacionais. Depois da VIVO, trabalhei no Grupo Espírito Santo que tem como franqueada a marca “O Boticário” onde trabalhei por quatro anos e meio, aproximadamente, como Supervisor de Varejo... tudo na área administrativa comercial. E tendo que falar e se comunicar com gente. Paralelo aos trabalhos que executava, cursava Psicologia. Antes de me formar em Psicólogo, na área comercial foi onde entendi que, para administrar e/ou gerir bem pessoas, precisava de conhecimento mais profundo sobre o ser humano. E aí entra a Psicologia. Sendo Psicólogo há um leque maior de possibilidades, onde posso atuar nas organizações, na educação na saúde e no social. Dos quatro citados só ainda não experienciei a área da educação, exceto em estágios curriculares ainda na faculdade. 

Bruna Jones: Hoje você reside em Manaus, um dos principais lugares onde o "Carrapicho" fez sucesso, você já chegou a ter algum tipo de problema no seu atual emprego na área da saúde por questões da fama que obteve nos anos 90? Se sim, como você lida com isso?
Hira Mesquita: Na área da saúde não. Mas quando fui promotor da VIVO, pessoas se assustavam em me ver vendendo. Apenas pelo fato de já terem me visto na TV, em capa de revista e jornais. Mas é importante dizer: aparecer na TV desperta algo mágico para o imaginário de algumas pessoas. Mas, quando você passa por essas experiências, você entende que aquilo lá era só mais um trabalho como outro qualquer, diferenciando apenas suas características e exposições. 

Bruna Jones: Falando em fama, por ter feito tanto sucesso em uma banda tão importante para o Brasil, é natural que diretores de realities de confinamento como o "BBB" ou "A Fazenda" possam te procurar para uma eventual participação. Se você fosse convidado, aceitaria voltar para o mundo da fama ou está satisfeito na área em que atua agora?
Hira Mesquita: Olha, para quem já teve a vida exposta como eu tive, não vejo problemas não em participar de uma experiência nova como essas que você citou. 

Bruna Jones: Apesar de não estar atuando no cenário artístico no momento, tem novidades suas vindo por ai? Algo que possa compartilhar com a gente?
Hira Mesquita: O que posso dizer é que tenho a pretensão de escrever um livro que conta a história da Banda Carrapicho por minha perspectiva. Esse é um projeto antigo meu, de 2010, quando comecei a juntar material bibliográfico. Já tem alguns capítulos escritos e acredito que em 2023 ou 2024 eu lance o mesmo. 

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? Ele ainda deixa um recadinho para vocês aproveitarem a entrevista e suas redes sociais, seu Instagram profissional é o @psi.hiramesquita e o @hira_mesquita é a sua conta pessoal. Para contatos profissionais, é só enviar um e-mail para hiramesquita@uol.com.br, beleza? 

Espero que vocês tenham gostado, em breve eu volto com mais! Qualquer novidade eu volto, lembrando que quem quiser entrar em contato comigo, pode add no facebook, procurando por "Bruna Jones" e que agora na página oficial do blog, vocês encontram conteúdo exclusivo: clique aqui! Podem também procurar e seguir no twitter e instagram no @odiariodebrunaj certo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário