Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado fez parte de um dos grupos de danças mais famosos dos anos 90/00, participou do programa da Xuxa na Globo e muito mais, estou falando do querido Kadu Moura, do "You Can Dance", que aceitou vir ao blog compartilhar um pouco de suas experiências com a gente, vem conferir!
Bruna Jones: Você fez um enorme sucesso ainda muito jovem ao fazer parte da banda "You Can Dance" nos anos 90, como foi que você acabou entrando para o grupo musical? Você já tinha tido outras experiências artísticas antes disso?
Kadu Moura: Eu não entrei pro "You Can Dance", nós criamos o grupo juntos. Eu, o Kall, Fly e o Tom, nós éramos amigos desde os nossos nove/dez anos de idade. Então decidimos criar o grupo para participar de concursos de dança, dançar no bairro, essas coisas... Eu já tinha tido experiência artística, pois desde os meus onze anos de idade eu já dublava o Michael Jackson, então no meu bairro eu participava de concursos dublado e ganhei vários, me tornando conhecido como Carlos Jackson. Se você conferir no podcast, poderá ver algumas fotos de eu ainda criança participando desses eventos... Então eu já tinha essa experiência e continuei tendo após montar o grupo.
Bruna Jones: Com o grupo você teve a oportunidade de viajar pelo Brasil todo e inclusive alcançando fama internacional. Como foi para você ser tão jovem e não acabar se deslumbrando com toda a fama conquistada naquele momento?
Kadu Moura: A gente nunca deslumbrou pelo fato de talvez por mais que a vontade fosse de ficar famoso e fazer sucesso, o mais importante era realizar o nosso sonho. A gente estava atrás de realizar o sonho de viver do artístico, de ter uma carreira. Então pra gente era tranquilo, não prestávamos muito atenção no deslumbrar, a gente fazia tudo o que queria fazer, mas voltávamos para nossa casa em São Cristóvão, um bairro da zona norte, e isso deixava nossos pés no chão, era como se vivêssemos em dois mundos: O artístico era muito bacana, televisão, aquilo tudo, mas no nosso bairro tínhamos nossos amigos, gostávamos de jogar futebol com a galera, quando dava frequentávamos os mesmos bailes do bairro, trocando ideia na rua, então não nos deslumbrávamos com nada. A gente compartilhava os sonhos vividos, mas continuávamos de boas e gostávamos de ir nos mesmos lugares, até que infelizmente acabou se tornando impossível em algum momento, pois passou a virar tumulto por onde a gente passava e com isso perdemos alguns lugares que a gente gostava de ir, mas faz parte... A gente fica tão focado no trabalho que não percebe essas mudanças quando vão acontecendo. Mas enfim, a gente sabia onde queria chegar e estava trabalhando muito, apesar do grande foco, éramos de coisas muito simples e de estar com os amigos, por mais que a fama fosse bacana a gente não deslumbrava, talvez é coisa de artistas de comunidade, da zona norte, a galera do samba, do pagode não se deslumbra muito, pois quando se é um artista de bairro, você está em um outro mundo, mas existe tanta raiz, do seu bairro, dos seus amigos, da maneira como você foi criado, você não perde, você acaba tentando trazer pra você... Talvez por isso a gente não deslumbrava, era tudo muito bacana, mas quando acabava a gente queria estar aqui no nosso bairro, com a nossa galera.
Bruna Jones: Como eu disse, você teve a oportunidade de fazer inúmeras viagens pelo Brasil e o mundo. Dito isso, tem alguma viagem ou show que tenha se tornado inesquecível para você ou que tenha um carinho mais especial?
Kadu Moura: A viagem mais marcante pra gente foi a Argentina, foi a primeira viagem internacional que fizemos com a Xuxa, em 91 fomos contratados pela Xuxa e pela Marlene Mattos para fazer parte da turnê nacional e internacional, a gente nunca tinha saído do pais, foi a nossa primeira viagem e foi tão bacana, tão legal... Os argentinos nos receberam tão bem e na época éramos somente um grupo de dança, mas marcou, pelos amigos que fizemos lá, as roupas, as compras que fizemos... Foi muito, MUITO legal. E por ter sido a primeira viagem em grupo como o "You Can Dance" também foi bacana e marcante, tivemos mais contato com a Xuxa, com as paquitas, os paquitos, a produção, conhecemos todo mundo, nos tratavam com carinho, cuidando da gente por saberem que era a nossa primeira viagem, a gente sentiu que entrou no mundo artístico mesmo neste momento, começamos a nos apresentar de 15 em 15 dias no programa dela, fomos reconhecidos internacionalmente... Fomos para muitos países depois disso, mas essa por ser a primeira acabou sendo a mais marcante. Os shows que temos mais carinho foi o show ao vivo em 1996 no Imperator, que a casa abriu depois de muitos anos, o primeiro show foi do Roberto Carlos a noite, na semana seguinte na matine foi o nosso show e ao vivo, fizemos com banda, a casa super lotou, muita gente fora esperando, artistas foram assistir, as paquitas, o Jorge Aragão estava na plateia e descobrimos que ele gostava muito da gente, foi inacreditável. Mais de 5 mil pessoas, foi um show muito marcante. Os fãs com faixas na cabeça, cantando as músicas, foi uma sensação muito boa e marcante. Um outro show no Rio Sampa em Nova Iguaçu, uma casa grande e super lotada, um aniversário meu onde chamei muitos artistas, inclusive anunciado no "Vídeo Show", teve as paquitas, Jorge Aragão, Negritude Jr, Molejo, a galera do funk, super lotou e não entrava mais ninguém, esse momento também foi muito marcante.
Bruna Jones: Em pouco tempo você e os rapazes do "You Can Dance" já estavam com um grupo imenso de fãs, ainda mais depois que começaram a trabalhar com a Xuxa. Como foi essa experiência para você?
Kadu Moura: Não aconteceu em pouco tempo ter muitos fãs, a gente teve muitos admiradores por ter feito muitas coisas antes de chegar na Xuxa, fizemos muita publicidade como a Coca, C&A, aberturas de novela, foram muitas coisas, então a gente já tinha um público que gostava muito da gente, no bairro o pessoal gostava e admirava, então não foi em pouco tempo, fomos criando um público que ia acompanhando onde nós dançávamos, mas lógico que após a gente começar a cantar e que chegamos no Marlboro antes da Xuxa e lançamos duas coletâneas de discos que ele lançou com a gente e com o Latino e começamos a fazer muito shows, passamos a ter muitos fãs, a galera ia assistir, já sabia onde nos apresentávamos, as músicas ainda nas coletâneas sem estourar e o pessoal já sabendo. E ai quando fomos para a televisão com a Xuxa foi quando explodiu mesmo, ai tinha uma multidão de fãs tanto nacionalmente quanto internacionalmente, na Argentina, Equador, Chile... Foi quando ficou imenso e foi gratificante, era uma coisa muito fora do nosso alcance, a gente via essas coisas com artistas grandes, como a Xuxa, as paquitas que tinham um infinito de fãs... Quando aconteceu com a gente demorou pra cair a ficha, mas foi bacana. Quando o disco saiu, a galera sabendo cantar as músicas, vimos que ficamos realmente famosos e foi bacana, pois percebemos que nossos sonhos estavam se realizando, ser reconhecido e ter nossas músicas cantadas pelas pessoas, foi muito bacana mesmo.
Bruna Jones: Nos anos 90 o sucesso de um artista se baseava na multidão de pessoas que eles conseguiam arrastar para os shows, portas de emissoras, aeroportos e coisas do tipo... Como era para você estar rodeado de pessoas gritando o seu nome, sem contar o assédio feminino, já que na época você e seus companheiros de banda querendo ou não, se tornaram grandes atrações [ainda mais depois do ensaio para a revista] para a audiência feminina?
Kadu Moura: Realmente, nos anos 90 os artistas se baseavam na multidão que arrastava, os programas, as revistas, os jornais, as vezes que sua música tocava na rádio, quando a gente alcançou isso, a gente entendeu que estava no caminho certo, lógico que o assédio acontece, a gente entendia, pois também gostávamos de vários artistas, via como acontecia e com a gente foi tranquilo, foi bacana, era apenas concretizando que o nosso sonho estava se realizando. As pessoas esperavam nos aeroportos, nas ruas, por onde passávamos gritavam nosso nome, nossos shows lotados em todos os lugares, não conseguíamos ir em mais lugar nenhum, nem em shopping, nem cinema, uma vez tentamos ir e acabou virando tumulto, precisou de segurança pra conter as pessoas e ali a gente entendeu que realmente éramos uma das principais atrações do Brasil e foi muito bacana. Lógico que a gente tinha um público feminino maior por se tratar de uma boy band, mas a gente também tinha uma parte masculina pela dança, pois ela é universal. Você acaba mexendo com as pessoas e como depois de nós vieram outros grupos usando as mesmas roupas e estilos parecidos, aprenderam os passinhos que fizemos, todo mundo queria estar próximo, a rapaziada abraçou com muito carinho e admiração, acabamos tendo um público muito grande por causa da dança.
Bruna Jones: Na época da banda, era mais difícil você ter uma rotina mais "normal" com horários fixos, estudos, momentos com família e amigos e coisas do tipo. Olhando agora, você acredita que a experiência de ter vivido tudo o que viveu na banda, compensou as coisas "não tão boas" que precisou passar ao longo desses anos?
Kadu Moura: Era muito difícil ter uma rotina normal, a gente não tinha hora pra dormir, pra comer, era muitos ensaios, shows, nossos, com a Xuxa, gravações para programa de televisão da Xuxa, em outras atrações que eram somente conosco, entrevistas em rádio, ficou sem chance de ter uma rotina normal. O pouco de tempo livre a gente tentava estar com família e amigos, mas nós viajamos muito, passávamos as vezes até mês fora de casa e com certeza perdemos muita coisa, como meu aniversário e eu não estava próximo das pessoas queridas, os aniversários de familiares, de amigos... Isso era uma parte que a gente sentia falta e queria estar, mas no trabalho sempre fazia viajar, mas todo sonho realizado compensa qualquer coisa, acabou dando uma vida melhor para nós e nossos familiares, vivemos coisas incríveis e quando paramos com o grupo a gente não tinha como correr atrás do tempo perdido, mas compensamos nos aniversários seguintes e vivemos intensamente a família, fizemos dela a prioridade. Talvez foi o que achamos que completou, que vivemos a família intensamente, por trabalhar muito desde jovem, descansamos e vivemos momentos com as famílias e isso acabou completando tudo, valeu muito a pena.
Bruna Jones: Com o fim da sua participação na banda, como foi para você retornar para a sua vida de antes? Aliás, você tentou dar seguimento na sua carreira artística ou preferiu se manter afastado até decidir o que gostaria de fazer em seguida?
Kadu Moura: Quando nós paramos com o grupo, não tinha como retornar a vida como era antes, pois a fama não te deixa fazer as coisas com normalidade, como ir em alguns lugares, isso só com o tempo e o afastamento da mídia, ai você consegue conquistar com o tempo para andar tranquilamente, ter a privacidade novamente... Hoje eu consigo viver isso novamente, até pelo fato de ser uma época diferente, mas foi isso o que eu quis, priorizar a família, amigos, descansar... Pra mim foi um descanso muito grande de muitos anos, desde jovem viajando, ensaiando, fazendo show... Mas não teve um fim da banda, a gente nunca parou, só paramos de fazer show juntos, mas o "You Can Dance" existe até hoje, as vezes a Globo nos chamava para fazer programas juntos ou separados, trabalhei com o Luciano Huck no "Lata Velha", a Xuxa também chamava, nunca paramos de fazer... Também em 2019 fizemos um show com o Steve B, eu, o Kall e o Tom, em 2023 fiz com o Kall do Rio Centro, então nunca paramos, fora entrevistas que ainda damos, então eu acho que o que paramos foi com a rotina exaustiva de shows e viagens de grupo musical, mas nunca nos separamos ou falamos que não iriamos fazer mais nada juntos, por isso falamos que a banda é pra sempre, nos encontramos sempre, as vezes para fazer alguma coisa, como agora o podcast.
Bruna Jones: Por ter feito tanto sucesso em uma banda tão importante para o Brasil, é natural que diretores de realities de confinamento como o "BBB" ou "A Fazenda" possam te procurar para uma eventual participação. Se você fosse convidado, aceitaria voltar para o mundo da fama ou está satisfeito na área em que atua agora?
Kadu Moura: Sim, já me procuraram para fazer esses realities... Uma vez me convidaram para participar do "Troca de Esposas", mas não, eu não faria nenhum reality show, hoje sou muito tranquilo, muito caseiro e família. Não conseguiria ficar longe da minha casa, da minha família, dos meus filhos... Acho que eu não faria, talvez se eu fosse jovem com meus 20 e poucos anos, onde tudo era festa, iria lá e zoaria nas festas e faria de tudo, mas hoje não faria. Eu estou bem tranquilo do jeito que estou.
Bruna Jones: Estamos vivendo um momento em que diversas bandas estão se reunindo em projetos especiais em comemoração com os fãs, dito isso, você tem vontade de uma possível reunião do "You Can Dance" no futuro?
Kadu Moura: Nós nos reunimos esse ano para fazer esse podcast com nossas histórias de bastidores do "You Can Dance", esse é o nosso projeto atual, contar nossas histórias que são muito bacanas, algumas nem tanto, como assaltos e acidentes, mas a maioria são boas, histórias de vitória de um grupo da zona norte que chegou lá e venceu, assim como outros artistas que saíram de lá acreditando que poderia alcançar e acontecer. Por enquanto é isso.
Bruna Jones: Estamos quase chegando no final do ano, mas ainda assim, tem novidades vindo por ai? Algum projeto que possa compartilhar com a gente?
Kadu Moura: Como eu disse, agora estamos com esse podcast contando desde o inicio até onde paramos para descansar e a volta de agora, então tem histórias muito bacanas que vocês vão se divertir, muitas conquistas e vitórias, coisas que vocês não sabem de uma carreira muito longa. Na verdade o podcast é do Fly, é o canal dele, o nome é "Não é Esporro, é Ideia". Estamos lá contando nossa história, mas quem sabe em breve a gente não faça um canal da banda onde vamos compartilhar nosso material, coisas de fãs, etc... Mas por enquanto é isso.
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Quero agradecer por todos esses anos de carinho, pela consideração e admiração pelo nosso trabalho que tivemos por muitos anos, o carinho nas ruas, nas redes sociais, o pessoal falando que relembramos um pouco a adolescência deles, que fazemos parte disso pela nossa história, pelas danças, os ensinamentos, as músicas... Quero agradecer, muito obrigado. A palavra é gratidão. Obrigado por tudo, por todos esses anos, pelo carinho que continuam tendo, muito obrigado de verdade. Valeu, tamo junto! Um abraço e fiquem com Deus" e se vocês quiserem continuar acompanhando ele nas redes sociais é só procurar no Instagram por @kaduycd, no Facebook é a mesma coisa, ele ainda avisa que agradece pelo carinho de quem quiser lhe acompanhar!
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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