sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Bruna Entrevista: 11x68 - Carla Casarim


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E a nossa convidada de hoje é cantora, compositora e já teve uma experiência em reality show ao participar de uma temporada do "The Voice", estou falando da querida Carla Casarim, que aceitou vir aqui conversar um pouco sobre suas experiências profissionais, vem conferir o nosso papo!

Bruna Jones: Você é cantora, compositora e educadora musical, mas antes da gente falar melhor sobre isso, vamos voltar ao início de tudo? Qual foi o seu primeiro contato com a música e o que te fez perceber que isso seria mais do que um hobby e sim uma carreira?
Carla Casarim: Eu sempre gostei de música, desde pequenina. Minha avó era cantora de moda de viola, cantava em uma dupla sertaneja que tinha como padrinhos Milionário e José Rico. Na época ela até chegou a vir pra São Paulo assinar contrato com gravadora e tudo mais, mas acabou desistindo. Ela ficou com medo dessa vida artística na estrada, pois tinha 5 filhos pra criar e não sabia o que iria acontecer. Mas ela nunca deixou de cantar. Com certeza o fato da família da minha mãe ser muito musical ajudou a desenvolver a minha musicalidade. Minha mãe ficava atenta porque desde meus 4 aninhos eu ficava cantando o tempo todo em casa. Aos 8 anos ela me colocou no Coral da minha cidade, no colégio de freiras que eu estudava, no Colégio Mãe de Deus, e lá tive meu primeiro contato com o canto coral. Depois eu entrei no Coral Infantil da UEL (Universidade Estadual de Londrina), comecei a fazer aula de canto particular, mas foi aos 12 anos, quando participei do Festival de Música de Londrina, que percebi que eu queria cantar pra valer. Mesmo pequena e imatura ainda, eu já sentia que queria viver da música. Entrei em uma banda, comecei a cantar em casamentos, eventos, barzinhos com meu trio de MPB, migrei do coro infantil para o coro juvenil da UEL e decidi que queria fazer faculdade de música. Por algumas vezes cheguei a cogitar fazer outra faculdade e levar a música como hobby, mas eram pensamentos que passavam rápido e logo vinha a vontade intensa de viver da música. Me formei em licenciatura em música pela UEL, me dediquei a ser professora de canto e de musicalização, pois sempre amei crianças e nunca parei de estudar. Fiz pós-graduação, entrei pro Conservatório de Música de Tatuí, cheguei até estudar canto lírico uma época, mas foi dentro do canto popular, da MPB que fiz carreira, conciliando a carreira artística com a carreira de educadora musical. 

Bruna Jones: No universo da música existem diversos ritmos, gêneros e subgêneros. Você atualmente tem o seu trabalho mais voltado ao MPB e ao forró sendo vocalista da "Bicho de Pé", certo? Como foi que você acabou escolhendo centralizar a sua carreira mais para esse lado musical? Você chegou a se aventurar em outros ritmos?
Carla Casarim: Minha formação musical foi bem eclética: meus pais ouviam MPB, samba, rock estrangeiro, minha avó materna cantava moda de viola, meu avô era alagoano apaixonado por forró, no canto coral, que fez parte de uns bons anos da minha vida, tive contato com canções folclóricas de outros países, jazz, samba, com a minha professora de canto conheci Ary Barroso, Noel Rosa aos 9 anos, com minha tia ouvia Chico Buarque o tempo todo e ao mesmo tempo eu era uma criança como todas as outras, que gostava de "Chiquititas" e Spice Girls, e amava as músicas infantis do Trem da alegria, de Vinicius de Moraes e Toquinho. Minha primeira banda da vida foi uma banda de pop/rock e eu tinha 13 anos, nessa mesma época comecei a cantar em casamentos, fazia bossa-nova, samba e uns anos mais tarde entrei em outra banda de rock, banda "Tia Telly", com quem cheguei a gravar meu primeiro CD, com canções autorais da banda. Devia ter uns 16 anos nessa época. Quando entrei na faculdade, cheguei a estudar canto lírico, fiz algumas apresentações de ópera e tudo mais, mas foi durante o curso de licenciatura que me joguei de fato na MPB. Comecei a fazer barzinho, montei meu primeiro trio, e comecei a desenvolver diversos projetos. Fui pra fora do Brasil e lá cantei com uma banda americana com repertório de música brasileira e sempre cantava uns forrós, que já gostava por conta da influência de meu avô. Quando me mudei pra São Paulo me joguei com tudo no samba, outro gênero que eu amo! Mas foi quando eu participei do programa "The Voice Brasil" que caiu a ficha que eu era essa pessoa eclética que fazia música brasileira. Foi como um insight que eu não deveria ficar presa a um único estilo. De lá veio o convite para entrar na banda Bicho de Pé, que fez também fez parte da trilha sonora da minha adolescência, e pra mim foi muito natural cantar forró. Foi ai que percebi que sempre fui da MPB, estava tudo ali o tempo todo, somos mistura de tanta coisa né? Hoje tenho meu projeto solo na MPB (canto vários cantinhos do Brasil) e também vocalista da banda de forró Bicho de Pé. 


Bruna Jones: Artistas costumam ser bem perfeccionistas com seus próprios trabalhos e isso muitas vezes acaba atrapalhando um pouco o desenrolar de alguns projetos. Você costuma ser mais autocrítica? Se sim, como lida com isso?
Carla Casarim: Eu sou super perfeccionista. Presto atenção em todos os detalhes. Isso é bom por um lado, pois você tende a fazer tudo com muito capricho, e ruim pois você as vezes exige tanto que acha que nunca tá bom. Antes eu sofria muito com isso! Mas a pandemia me fez refletir muito sobre isso. Pois estávamos isolados de tudo, eu querendo aprender novos instrumentos para poder me acompanhar em vídeos caseiros para postar e não podia esperar o meu melhor perfeito (que levaria um tempo) para postar algo. Aprender violão me ensinou a acalmar um pouco sobre esse tal perfeccionismo. Quanto tempo eu levaria pra ser uma virtuose violonista? Eu poderia entregar ali no violão o que eu sabia e vinha aprendendo, sem esperar esse perfeito. Isso foi uma libertação pra mim. E sempre tentava lembrar da seguinte frase "feito é melhor que perfeito". O perfeccionismo é algo ideal somente para nós mesmos. Pois para os outros sempre estava bonito e eu achava que ainda faltava algo. Hoje me sinto mais desencanada em relação a isso. 

Bruna Jones: Em 2014 você acabou participando do "The Voice" na Globo. O que te motivou a se inscrever e se aventurar em um reality show musical?
Carla Casarim: A vontade de apresentar meu trabalho para mais pessoas. Eu sabia que o programa seria bom para mais pessoas conhecerem o meu trabalho. Nunca quis entrar pela fama e sim para poder mostrar quem eu era. Ganhei um novo público depois do "The Voice". Portas se abriram, inclusive a própria banda Bicho de Pé me conheceu por conta do "The Voice". Ou seja, vários caminhos que eu trilhei até aqui talvez seriam diferentes se eu não tivesse me dado essa oportunidade. 

Bruna Jones: Apesar de que na época as redes sociais não fossem tão ativas quanto é hoje, de certo modo, você acabou se tornando uma pessoa pública ao fazer parte do reality show. Em algum momento você se preocupou em como a sua imagem iria ser transmitida publicamente e em como poderia afetar a sua vida pessoal?
Carla Casarim: Em nenhum momento pensei que afetaria, e realmente não afetou. E como eu nunca havia vivenciado antes essa super exposição, eu curti muito o momento de aproximação do público com o meu trabalho. A minha única preocupação era de não dar conta de responder todas as mensagens. E foi super legal as pessoas me reconhecerem na rua, pedirem pra tirar foto e quererem ficar próximas de mim. Curti muito esse momento! 


Bruna Jones: No programa você acabou participando pelo time do cantor Daniel, que inclusive você chegou a fazer shows com ele fora do reality. O que você aprendeu com o cantor ao longo do tempo em que esteve com ele?
Carla Casarim: Daniel é um querido! Super atencioso e generoso. Foi muito legal ter contato com ele, com a Claudinha e com o Brown, que também tenho contato até hoje. Antes do programa eu sempre achava que essas pessoas seriam inacessíveis. E depois do "The Voice" eu pude perceber o tanto de generosidade que esses artistas tem. Eles me convidaram para seus shows, cantei no show do Daniel, no Sarau do Brown, no bloco de carnaval da Claudinha Leitte e também do Brown. Inclusive quando lancei meu álbum autoral "Terra Mãe", o Brown e o Daniel postaram em suas redes sociais divulgando esse álbum. Achei muito legal esse tipo de atitude deles. São pessoas que carrego com muito carinho. 

Bruna Jones: Aliás, falando em redes sociais ainda, hoje nós vivemos um momento em que números de seguidores estão falando mais alto do que ter talento e compreensão do trabalho que está sendo realizado. Você acredita que as redes sociais vem prejudicando o mercado musical ou elas acabam sendo apenas um complemento daquilo que você já produz?
Carla Casarim: Hoje infelizmente para muita gente somos apenas um número. Isso é triste!! Pois avaliar o seu trabalho pela quantidade e não pela qualidade é injusto e cruel. Ainda mais para quem não faz música comercial como eu e como muitos amigos da cena independente. Acho que o mais importante é acreditar no seu trabalho, fazer algo que seja a sua verdade, que seja de coração e não querer fazer um trabalho comercial somente para atingir esse status ou para ter mais seguidores. Com certeza isso atrapalha o mercado musical, pois só entra no mercado quem acaba repetindo esses mesmo padrões de "sucesso", deixando o mercado pasteurizado. A Gal Costa tem 700 mil seguidores, enquanto a Anitta tem 63 milhões, isso faz a Anitta ter um trabalho melhor que a da Gal, que tem mais de 50 anos de carreira? São trabalhos que possuem nichos e abrangências diferentes. No caso de artistas independentes os números vem de outra realidade. Tenho muitos amigos artistas que tem 3/4mil seguidores e possuem trabalhos maravilhosos. Infelizmente para os donos de casa de shows o lance dos likes pesa muito. Uma pena, pois deixarão de conhecer um tantão de gente talentosa! Mais o mais importante é seguir seu caminho, acreditar no seu trabalho e construir com verdade e amor uma música que acredita, que faça sentido dentro de você. E sim a rede social hoje é um canal muito bacana para construirmos conexão e vinculo com o nosso público e pessoas que acreditam em nosso trabalho. 

Bruna Jones: Antes da pandemia começar, você teve a oportunidade de viajar por diversos países levando a sua música e um pouco da nossa cultura. Como foi para você essa experiência de levar representatividade para fora do Brasil?
Carla Casarim: É muito lindo de ver lá fora o tanto que as pessoas gostam de música brasileira. Os gringos amam o Brasil, querem aprender a língua, conhecer mais sobre a música, sobre a gastronomia, sobre a dança. Compram os discos. Fazem questão de ouvir. Isso é muito mágico. Eles querem aprender por completo o que é Brasil, as vezes sabem muito mais sobre aqui do que os próprios brasileiros. É bonito mesmo de ver!! 


Bruna Jones: Hoje você possui uma carreira sólida na música e provavelmente não precisaria expor sua vida pessoal para conquistar fãs, mas, se fosse convidada para um novo reality show, um de confinamento, por exemplo, você aceitaria participar?
Carla Casarim: Pergunta difícil!! Não sei!! Teria que pensar sobre quais seriam as vantagens de estar lá dentro em tamanha exposição. Se fosse algo relacionado a música talvez sim, mas se fosse algo com BBB ou qualquer outro reality, já ficaria muito na dúvida... rsrs... 

Bruna Jones: Felizmente a gente está conseguindo colocar nossos projetos em andamento novamente, após vários meses de incertezas por causa da covid, dito isso... Tem novidades suas vindo por aí? Algo que possa compartilhar?
Carla Casarim: Sim!! Muitas novidades!! Esse ano ainda teremos um show-live de meu álbum autoral "Terra Mãe", ainda entro em breve em estúdio para gravar 2 singles que serão lançados até no final. E para o ano que vem teremos CD autoral, um projeto de musical infantil lindo e muitas coisas mais! 

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ela ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Quero agradecer a todos que nos acompanharam até aqui e dizer: "Acredite sempre em você! Acredite no que ama, em seus ideais! Se orgulhe de sua caminhada e de quem você é!! Nunca deixe alguém boicotar seus sonhos! Nunca tenha vergonha de ser você mesma!"" e para quem quiser continuar acompanhando a moça nas redes sociais, ela também avisa: "Para quem quiser me seguir estamos lá nas redes @carlacasarim Temos Instagram, Facebook, canal no YouTube para quem quiser ativar o sininho... Estamos de todas as formas por lá :) E peço de todo coração pra vocês: sigam e apoiem os artistas independentes. Isso fortalece muito a gente e a cena! Vocês não fazem ideia de como!! Ainda mais com os algoritmos doidos das redes sociais."


Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?

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