Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é um artista completo: Ele atua, canta, dubla... E aceitou vir aqui compartilhar um pouco dessas experiências com a gente, estou falando do queridíssimo Roberto Rocha, que inclusive está no elenco de dublagem de "Encanto", a nova animação da Disney. Vem conferir o nosso papo!
Bruna Jones: Você possui uma carreira artística muito ampla, seja como ator de teatro e musicais, até cinema, novela e dublagem... Mas antes da gente falar melhor sobre isso, vamos voltar um pouco no passado. Como foi que você acabou sendo inserido neste universo artístico e o que te motivou a buscar uma carreira nesta área?
Roberto Rocha: Acreditem se quiser, sou engenheiro eletrônico. Trabalhei muitos anos no Metrô de São Paulo. Mas desde criança "brincava" de teatro com a turma da rua. Adolescente comecei a fazer cursos livres em oficinas culturais. Como não havia artistas em minha família, mesmo com todo interesse nesta área, não tinha referências próximas. E a cobrança sempre foi de uma "carreira normal". Ainda trabalhando como engenheiro, atuava em espetáculos amadores. Cheguei a tirar férias pra poder viajar em Jornada Sesc de Teatro. E antes de largar a profissão de engenheiro, tinha o DRT de ator, dezenas de cursos e até atuado com Paulo Autran e dirigido por Zé Celso. Era complicado? Muito. Era prazeroso? Demais.
Bruna Jones: Inícios de carreira sempre costumam ser um pouco mais complicados, principalmente para quem busca uma oportunidade nas artes em geral. Como foi o início da sua jornada até conseguir se estabilizar na carreira?
Roberto Rocha: Eu sabia que um dia largaria a engenharia, então guardei dinheiro. Sabia que precisaria ter uma segurança até a nova carreira dar frutos. Assim que saí do Metrô, me auto produzi em um monólogo (coisa de doido),mas foi bacana porque tive um reconhecimento incrível da crítica. Me joguei num teste da Ópera do Malandro com direção de Gabriel Villela (meu primeiro trabalhado remunerado) e passei, e era o único que mal cantava no elenco. Aí corri atrás do atraso. No início trabalhei muito em comerciais de televisão. Isto também me ajudava bastante financeiramente.
Bruna Jones: Você já possui quase 30 anos de carreira e no decorrer deste tempo, como eu disse anteriormente, você já fez de tudo um pouco: Televisão, cinema, teatro, dublagem... Entre as personagens que você já teve a oportunidade de fazer, qual foi a mais difícil e por qual motivo?
Roberto Rocha: Olha, cada personagem tem mesmo um obstáculo a se conquistar, e se assim não fosse, não teria graça. Mas Lefou (de A Bela e as Fera) e Nino (de Castelo Rá Tim Bum), exigiam muito fisicamente, vocalmente e de entrega e energia. Era uma maratona a cada sessão. E Chicago, tive que dançar como nunca antes, e depois das 9h de ensaios diários, ensaiava em casa mais algumas horas para repassar as coreografias.
Bruna Jones: Artistas em geral costumam ser bastante perfeccionistas em relação a tudo o que fazem, principalmente nesta era em que tudo é compartilhado quase que instantaneamente na internet. Você costuma ser mais crítico em relação ao seu trabalho ou busca manter uma certa distância?
Roberto Rocha: Olha, os haters realmente sempre falarão mal. E também tem as pessoas que sempre vão elogiar, mesmo que o trabalho tenha sido insatisfatório. Então o desafio é equilibrar isto. Ouvir, refletir, mas seguir em frente. Tira o sono? Ih, sempre. Mas tem que colocar na bagagem, não deixar pesar ou se deslumbrar, e seguir.
Bruna Jones: Muitos dos seus projetos profissionais acabam mesclando a atuação com a música. Como é para você ter a oportunidade de mesclar duas de grandes artes que costumam comover e inspirar boa parte da população brasileira?
Roberto Rocha: Nada tem o poder tão avassalador de quebrar barreiras emocionais e transportar para outro plano que a música. Acho que vem daí nossa paixão por musicais. Atuar é mesmo minha praia, seja no teatro, em dublagens ou locuções. Gosto da palavra, de comunicar. Então unir mensagem com emoção é difícil, e divino.
Bruna Jones: Um dos seus principais trabalhos foi com o espetáculo "Castelo Rá-Tim-Bum - O Musical" onde você teve a oportunidade de dar vida ao protagonista Nino. Como foi para você ter feito parte deste projeto?
Roberto Rocha: No início tive medo de ser comparado com o genial amigo Cássio Scapin. Mas nos ensaios eu decidi que ou me divertia e deixava isto de lado, ou carregaria um peso que me impediria de atuar. Tive uma baita ajuda do elenco e da direção para perceber isto. E percebi que tínhamos a mágica missão de unir os fãs do Castelo que hoje estão em seus 30/40 anos e a geração de seus filhos. Ver os pais e seus filhos cantando juntos “tchau preguiça, tchau sujeira” era demais.
Bruna Jones: Aliás, falando em projetos grandiosos, você teve a oportunidade recentemente de fazer parte da dublagem de "Encanto", que marca o 60º longa da Disney. Como foi para você ter emprestado a sua voz para um personagem de uma história tão mágica e importante em questões de representatividade?
Roberto Rocha: Foram fases e fases de teste (pra outro personagem) e quando me chamaram para dublar o pai da Mirabel, sabia que estaria num projeto cuidadoso e especial, o 60º filme da Disney. E cheio de representatividade. Nas gravações já tinha certeza que seria um sucesso, mesmo assistindo apenas os trechos em que Agustín aparecia no longa. Quando vi na telona, me enchi de orgulho. Ah, e Encanto acabou e ganhar o Globo de Ouro de melhor filme de animação. Demais, né?
Bruna Jones: Como dublador, você tem acesso aos roteiros muito antes de quando o projeto acaba estreando, não é mesmo? E a gente sabe que dubladores não podem nem comentar publicamente sobre os projetos enquanto estão gravando, então a minha questão é: Como você lida em saber quando uma história é bacana e não poder compartilhar com as pessoas em sua volta, os famosos "spoilers”?
Roberto Rocha: Olha, levo muito a sério o sigilo profissional. Sei que são milhões de dólares envolvidos em uma produção e que um segredo revelado antes da hora, mata a expectativa da produção. Então, gravo, me coço todo pra contar, engulo a vontade e parto pro próximo projeto, Aí, quando posso revelar, faço na hora certa.
Bruna Jones: Infelizmente desde março de 2020 a gente está vivendo esse momento de pandemia, que aos poucos estamos conseguindo retomar nossas vidas sociais e profissionais, uma das áreas mais prejudicadas com isso foi a artística, por conta do fechamento de teatros, cinemas, redução de gravações para a televisão... Como foi esse período para você?
Roberto Rocha: Foi bem difícil mesmo, amigos que se dedicam inteiramente a teatro e evento, tiveram seus ganhos completamente cessados. Tenho um estúdio de gravação em casa desde muito antes da pandemia, por gravar locuções publicitárias todos os dias. As dublagens no início foram pausadas. Tínhamos uma cláusula no Sindicato dos Artistas que proibia dublagens não presenciais. Fizemos assembleia virtual para alterar este ponto, os estúdios investiram bastante em plataformas para dublarmos remotamente, e assim seguimos até hoje. Ainda dublo 90% das produções na segurança de casa. As locuções, por incrível que pareça, aumentaram durante o auge da pandemia. As empresas tinham que comunicar seus cuidados, suas mudanças. E também foi a arte que nos salvou nestes longos anos de quarentena: filmes, música, podcasts, audiolivros, etc.
Bruna Jones: O ano está apenas começando e tanto no Brasil quanto no mundo estamos conseguindo retomar aos poucos a nossa vida após o período de isolamento social. Dito isto, existem novidades vindo por aí? Algo que possa compartilhar com a gente?
Roberto Rocha: Olha, continuo no ritmo das dublagem/locuções. Não tenho planos para teatro no momento. Tem coisa bacana de dublagem vindo por aí (falo isto engolindo a coceira do spoiller, rs).
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Estude (tem cursos ótimos gratuitos), assista tudo que puder: ballet, teatro, animação. Vá a museus e exposições. Seja gentil (sempre) e profissional. Se abra pro mundo. Tudo isto estará em sua interpretação." e se você quiser continuar acompanhando ele nas redes sociais, basta ir no Instagram que é @robertorocha, além do site pessoal dele clicando AQUI. Beleza?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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