Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é um queridíssimo dublador, que com certeza você já conferiu algum trabalho dele, principalmente se você é ligado ao universo de séries e animações, estou falando do Felipe Drummond, que aceitou vir aqui compartilhar um pouco de suas experiências com a gente, vem comigo!
Bruna Jones: Para quem não sabe, você é neto do queridíssimo Orlando Drummond, além de ter dois irmãos que também estão na área da dublagem, mas voltando um pouco, teve alguma influência do seu avô na hora de decidir entrar na carreira artística?
Felipe Drummond: Lembro nitidamente do dia em que fiquei com vontade de fazer dublagem. Meu avô, que sempre foi muito respeitado no meio, me convidou para acompanhá-lo em uma gravação na VTI (antigo e tradicional estúdio de dublagem que existia aqui no Rio de Janeiro). Nessa gravação ocorreu o que chamamos de VOZERIO (são aqueles sons de fundo - pessoas conversando em um restaurante ou escritório). Para minha sorte, a gravação daquele dia era de um vozerio de festa. Um lindo baile na década de 20. Imediatamente me senti parte do filme, fiquei maravilhado. Eu tinha uns 9 ou 10 anos de idade. Quando tinha 11 anos entrei para o curso de dublagem. Naquela época os cursos eram bastante limitados e as turmas para crianças só eram abertas quando havia demanda por novas vozes. Fiz o curso com Marlene Costa (minha mãe na dublagem) em 1998. E não parei mais. A dublagem se tornou uma constante em minha vida. Acompanhou minha infância, adolescência até durante minha faculdade de Direito. Um belo dia resolvi me dedicar 100% à minha paixão. Larguei a faculdade e me aprofundei na área. Hoje, além de dublador, sou diretor de dublagem, locutor e audiodescritor. Sou um apaixonado por tudo que envolva a voz!
Felipe Drummond: Lembro nitidamente do dia em que fiquei com vontade de fazer dublagem. Meu avô, que sempre foi muito respeitado no meio, me convidou para acompanhá-lo em uma gravação na VTI (antigo e tradicional estúdio de dublagem que existia aqui no Rio de Janeiro). Nessa gravação ocorreu o que chamamos de VOZERIO (são aqueles sons de fundo - pessoas conversando em um restaurante ou escritório). Para minha sorte, a gravação daquele dia era de um vozerio de festa. Um lindo baile na década de 20. Imediatamente me senti parte do filme, fiquei maravilhado. Eu tinha uns 9 ou 10 anos de idade. Quando tinha 11 anos entrei para o curso de dublagem. Naquela época os cursos eram bastante limitados e as turmas para crianças só eram abertas quando havia demanda por novas vozes. Fiz o curso com Marlene Costa (minha mãe na dublagem) em 1998. E não parei mais. A dublagem se tornou uma constante em minha vida. Acompanhou minha infância, adolescência até durante minha faculdade de Direito. Um belo dia resolvi me dedicar 100% à minha paixão. Larguei a faculdade e me aprofundei na área. Hoje, além de dublador, sou diretor de dublagem, locutor e audiodescritor. Sou um apaixonado por tudo que envolva a voz!
Bruna Jones: Inícios de carreira sempre costumam ser um pouco mais complicados, principalmente para quem busca uma oportunidade nas artes em geral. Como foi o início da sua jornada até conseguir se estabilizar na carreira?
Felipe Drummond: Iniciei muito novo, com apenas 11 anos de idade. Quando se entra tão cedo no mercado você tem a vantagem de ter pouca concorrência. Obviamente meu avô me apresentou para diversos diretores e amigos. O sobrenome sempre foi muito forte. Mas ao mesmo tempo fui construindo minha própria trajetória e trilhando meu próprio caminho. Fiz minhas escolhas. Passei pela complicada fase da mudança de voz (onde diversos garotos acabaram largando a dublagem para se dedicar a outros trabalhos que rendessem mais dinheiro). Decidi estudar Direito e passei a focar nessa carreira, mas nunca abandonando a dublagem. Com o tempo notei que ela era minha verdadeira paixão. Passei a me dedicar integralmente à carreira e as coisas passaram a acontecer de forma natural. Me tornei diretor de dublagem e passei a ter, pelo menos um pouco, de estabilidade. Essa incerteza da vida artística faz parte do jogo. O frio na barriga. O eterno "corre". Eu gosto muito da certeza de não ter certeza do que farei no dia seguinte. Todo dia é algo novo. Posso ser ladrão, mocinho ou um carro que fala, tudo em um pequeno intervalo de tempo.
Felipe Drummond: Iniciei muito novo, com apenas 11 anos de idade. Quando se entra tão cedo no mercado você tem a vantagem de ter pouca concorrência. Obviamente meu avô me apresentou para diversos diretores e amigos. O sobrenome sempre foi muito forte. Mas ao mesmo tempo fui construindo minha própria trajetória e trilhando meu próprio caminho. Fiz minhas escolhas. Passei pela complicada fase da mudança de voz (onde diversos garotos acabaram largando a dublagem para se dedicar a outros trabalhos que rendessem mais dinheiro). Decidi estudar Direito e passei a focar nessa carreira, mas nunca abandonando a dublagem. Com o tempo notei que ela era minha verdadeira paixão. Passei a me dedicar integralmente à carreira e as coisas passaram a acontecer de forma natural. Me tornei diretor de dublagem e passei a ter, pelo menos um pouco, de estabilidade. Essa incerteza da vida artística faz parte do jogo. O frio na barriga. O eterno "corre". Eu gosto muito da certeza de não ter certeza do que farei no dia seguinte. Todo dia é algo novo. Posso ser ladrão, mocinho ou um carro que fala, tudo em um pequeno intervalo de tempo.
Bruna Jones: Artistas em geral costumam ser bastante perfeccionistas em relação a tudo o que fazem, principalmente nesta era em que tudo é compartilhado quase que instantaneamente na internet. Você costuma ser mais crítico em relação ao seu trabalho ou busca manter uma certa distância?
Felipe Drummond: Não sou exceção. rs... Minha esposa, Flavia, sempre fala que quando assistimos alguma coisa na televisão, uma série na Netflix ou qualquer programação que envolva dublagem, eu não consigo relaxar. Sou um apaixonado pelo que faço. Muito, mas MUITO crítico com meu próprio trabalho. Acredito que o aperfeiçoamento do ator, o aprendizado, é diário. Por isso, uma produção que eu dublei hoje, por exemplo, sairá em uns 2 meses. Quando eu assistir àquela produção a minha concepção e o meu aprendizado já serão diferentes, logo, serei crítico com o que já fiz. Esse frio na barriga, essa certeza de levantar da cama todos os dias sabendo que vou aprender alguma coisa nova - é isso que me motiva. Esse é o meu combustível.
Felipe Drummond: Não sou exceção. rs... Minha esposa, Flavia, sempre fala que quando assistimos alguma coisa na televisão, uma série na Netflix ou qualquer programação que envolva dublagem, eu não consigo relaxar. Sou um apaixonado pelo que faço. Muito, mas MUITO crítico com meu próprio trabalho. Acredito que o aperfeiçoamento do ator, o aprendizado, é diário. Por isso, uma produção que eu dublei hoje, por exemplo, sairá em uns 2 meses. Quando eu assistir àquela produção a minha concepção e o meu aprendizado já serão diferentes, logo, serei crítico com o que já fiz. Esse frio na barriga, essa certeza de levantar da cama todos os dias sabendo que vou aprender alguma coisa nova - é isso que me motiva. Esse é o meu combustível.
Bruna Jones: Você já possui bastante experiência na sua carreira e no decorrer deste tempo, entre as personagens que você já teve a oportunidade de dublar, qual foi a mais difícil e por qual motivo?
Felipe Drummond: Todo personagem é um desafio. E eu adoro desafios. Acho que a dublagem possui uma peculiaridade em relação às outras áreas artísticas: não existe muito tempo para a preparação. Você chega no estúdio, o diretor apresenta o seu personagem fazendo um breve resumo, você assiste aquela cena uma ou duas vezes e grava. E aquela fala ficará registrada por algumas décadas. O processo do ator em dublagem é em outra velocidade, percebe? Tudo ocorre em questão de minutos. Acredito que personagens com uma densidade dramática e histórica são bastante difíceis de fazer. Primeiro porque exigem o nosso máximo enquanto atores e, por serem figuras históricas, carregam todo um imaginário popular e toda a necessidade de um naturalismo preciso, para que o público possa entender exatamente o que aquele ator está fazendo. Neste cenário, acredito que um dos meus maiores desafios foi dublar o Príncipe Charles em "The Crown", interpretado por Josh O'Connor, devido a todos os motivos expostos acima.
Felipe Drummond: Todo personagem é um desafio. E eu adoro desafios. Acho que a dublagem possui uma peculiaridade em relação às outras áreas artísticas: não existe muito tempo para a preparação. Você chega no estúdio, o diretor apresenta o seu personagem fazendo um breve resumo, você assiste aquela cena uma ou duas vezes e grava. E aquela fala ficará registrada por algumas décadas. O processo do ator em dublagem é em outra velocidade, percebe? Tudo ocorre em questão de minutos. Acredito que personagens com uma densidade dramática e histórica são bastante difíceis de fazer. Primeiro porque exigem o nosso máximo enquanto atores e, por serem figuras históricas, carregam todo um imaginário popular e toda a necessidade de um naturalismo preciso, para que o público possa entender exatamente o que aquele ator está fazendo. Neste cenário, acredito que um dos meus maiores desafios foi dublar o Príncipe Charles em "The Crown", interpretado por Josh O'Connor, devido a todos os motivos expostos acima.
Bruna Jones: Além de dublar, você também é diretor de dublagem. Como foi para você ter essa mudança de cenário e ter que ser responsável por guiar outras pessoas através do processo de dublagem?
Felipe Drummond: O trabalho como diretor de dublagem é apaixonante. Poder ser o guia do ator em sua jornada para desvendar um personagem é uma honra. Esse trabalho em equipe, juntamente com a parte técnica do estúdio, é importantíssimo para termos uma dublagem de qualidade. Um bom diretor faz a diferença para uma boa dublagem. E, falando como dublador, é muito mais fácil dublar um filme quando se é bem dirigido. É como estar sozinho em uma caverna escura. Você até pode sair dela sozinho, caindo algumas vezes e se machucando um pouco (sem uma boa direção) ou pode transformar em uma incrível jornada com um guia com uma lanterna ao seu lado, que mostrará o caminho e explicará cada curva daquele trajeto (com uma boa direção de dublagem).
Felipe Drummond: O trabalho como diretor de dublagem é apaixonante. Poder ser o guia do ator em sua jornada para desvendar um personagem é uma honra. Esse trabalho em equipe, juntamente com a parte técnica do estúdio, é importantíssimo para termos uma dublagem de qualidade. Um bom diretor faz a diferença para uma boa dublagem. E, falando como dublador, é muito mais fácil dublar um filme quando se é bem dirigido. É como estar sozinho em uma caverna escura. Você até pode sair dela sozinho, caindo algumas vezes e se machucando um pouco (sem uma boa direção) ou pode transformar em uma incrível jornada com um guia com uma lanterna ao seu lado, que mostrará o caminho e explicará cada curva daquele trajeto (com uma boa direção de dublagem).
Bruna Jones: Muitas pessoas possuem a ideia equivocada de que qualquer pessoa pode chegar em um estúdio e gravar uma dublagem, parte disso vem por causa dos "star talent" que acabam entrando em vários filmes de sucesso e em alguns casos se tornam um verdadeiro desastre. Você poderia falar para a gente qual é a importância de ter uma formação adequada para a profissão?
Felipe Drummond: Acredito que qualquer profissão exige qualificação adequada. O mais importante em um bom dublador é a parte artística. A técnica pode ser aprendida ao longo do tempo, mas não se pode ensinar alguém a interpretar dentro do estúdio - diante de uma dinâmica tão rápida de gravação. Tempo é dinheiro. Em relação aos star talents acredito que essa seja uma maneira que encontraram de fazer marketing para os filmes. Não entrarei no mérito se fica bom ou ruim - embora muitos deles tenham feito ótimos trabalhos. A questão aqui é que recebem mais para uma divulgação daquele produto e, obviamente, para atrair mais público.
Felipe Drummond: Acredito que qualquer profissão exige qualificação adequada. O mais importante em um bom dublador é a parte artística. A técnica pode ser aprendida ao longo do tempo, mas não se pode ensinar alguém a interpretar dentro do estúdio - diante de uma dinâmica tão rápida de gravação. Tempo é dinheiro. Em relação aos star talents acredito que essa seja uma maneira que encontraram de fazer marketing para os filmes. Não entrarei no mérito se fica bom ou ruim - embora muitos deles tenham feito ótimos trabalhos. A questão aqui é que recebem mais para uma divulgação daquele produto e, obviamente, para atrair mais público.
Bruna Jones: Como dublador, nem sempre você recebe o roteiro completo ou grava suas cenas com outros atores simultaneamente, certo? Como é para você ficar com algumas lacunas na história, sem saber o que está acontecendo fora do núcleo da sua personagem?
Felipe Drummond: Só sabemos o que vamos dublar no exato momento em que pisamos no estúdio. É nesse momento que entra o bom diretor de dublagem. Que consegue passar para o dublador, em poucos minutos, todas as nuances e toda a trajetória de seu personagem. Sem a figura do diretor o trabalho se perde.
Felipe Drummond: Só sabemos o que vamos dublar no exato momento em que pisamos no estúdio. É nesse momento que entra o bom diretor de dublagem. Que consegue passar para o dublador, em poucos minutos, todas as nuances e toda a trajetória de seu personagem. Sem a figura do diretor o trabalho se perde.
Bruna Jones: No decorrer da sua carreira, você teve a oportunidade de dublar diversos personagens em franquias diferentes, desde Marvel, a Disney mais clássica e também a atual como "Frozen 2" e seriados. Entre os diversos projetos que esteve, existe algum pelo qual você tenha um carinho mais especial?
Felipe Drummond: Tenho alguns xodós! O primeiro deles é o Junior, da série "Eu, a Patroa e as Crianças." Acho que foi o primeiro personagem que as pessoas reconheciam a minha voz de forma efetiva. Além dele também tenho um carinho muito grande pelo ator Dylan O'Brien, que já dublei em diversas produções!
Felipe Drummond: Tenho alguns xodós! O primeiro deles é o Junior, da série "Eu, a Patroa e as Crianças." Acho que foi o primeiro personagem que as pessoas reconheciam a minha voz de forma efetiva. Além dele também tenho um carinho muito grande pelo ator Dylan O'Brien, que já dublei em diversas produções!
Bruna Jones: Infelizmente desde março de 2020 a gente está vivendo esse momento de pandemia, que aos poucos estamos conseguindo retomar nossas vidas sociais e profissionais, uma das áreas mais prejudicadas com isso foi a artística, por conta do fechamento de teatros, cinemas, redução de gravações para a televisão... Como foi esse período para você?
Felipe Drummond: Foi um período de muito aprendizado, resiliência e adaptação. Os estúdio adotaram rígidos protocolos para que todos se sentissem seguros e à vontade para realizar o trabalho. Aprendemos a valorizar cada momento que tínhamos e sairemos dessa com uma vontade de viver ainda maior!
Felipe Drummond: Foi um período de muito aprendizado, resiliência e adaptação. Os estúdio adotaram rígidos protocolos para que todos se sentissem seguros e à vontade para realizar o trabalho. Aprendemos a valorizar cada momento que tínhamos e sairemos dessa com uma vontade de viver ainda maior!
Bruna Jones: Felizmente, mesmo que aos poucos, nós estamos conseguindo retomar a nossa vida social e profissional, não é mesmo? E com isso, projetos podem ser colocados em prática e novidades surgem... Tem algo novo vindo por aí? Algo que possa compartilhar com a gente?
Felipe Drummond: Novidades aparecem todos os dias! Infelizmente, por questões de sigilo contratual, não posso revelar nomes. Mas o público pode ter certeza que 2022 vai trazer muito conteúdo legal!
Felipe Drummond: Novidades aparecem todos os dias! Infelizmente, por questões de sigilo contratual, não posso revelar nomes. Mas o público pode ter certeza que 2022 vai trazer muito conteúdo legal!
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "É um prazer enorme poder contar um pouco da minha trajetória para você e para seus leitores. Espero que vocês tenham gostado e que prestigiem a boa dublagem brasileira. Para mim é um enorme orgulho carregar este legado do meu avô e poder espalhar aos sete ventos esse amor incondicional por essa linda maneira de fazer arte! Viva a dublagem brasileira!" e para quem quiser conferir mais, ele também avisa: "Quem precisar dos serviços profissionais da Família Drummond pode acessar o site (AQUI). Quem quiser acompanhar meu dia a dia pode me seguir no meu Instagram: @drummond_felipe."
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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