quinta-feira, 3 de setembro de 2020
Bruna Entrevista: 9x69 - Joanna Maranhão
Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E a nossa convidada é mais do que especial, ela é atleta profissional e medalhista de natação, além disso, também é conhecida pelos fãs de realities, estou falando da nadadora Joanna Maranhão, que vem compartilhar com a gente um pouco das suas experiências profissionais e também fala sobre o "Dancing Brasil", vem conferir!
Bruna Jones: Qual foi o seu primeiro contato com a natação? Como você acabou percebendo que essa área era mais do que um hobby e uma possível profissão na sua vida?
Joanna Maranhão: Meu primeiro contato com a natação foi muito novinha, aos 3 anos de idade. Acho que por volta de 8/9 anos, eu comecei a falar pra minha mãe que eu estava tendo sonhos, comecei a ter aspirações dentro do esporte. Eu via os jogos olímpicos e falava que queria ir, mas era papo muito de criança mesmo. Acho que quando virei “infantil”, quando eu comecei a nadar em campeonatos brasileiros com 12/13 anos de idade, foi quando eu entendi que já estava se tornando a minha profissão. Em termos de comprometimento eu já era uma profissional muito centrada desde muito cedo, desde as categorias de base. Mas ganhando os campeonatos brasileiros, quando eu comecei a ter contratos com clubes, a coisa foi se profissionalizando. Dentro de mim, eu sabia que isso ia se aprofundar e evoluir. Então foi um processo bem natural, assim.
Bruna Jones: Todo início de carreira costuma ser um pouco difícil, quais foram as dificuldades que você encontrou até conseguir se estabilizar na carreira de nadadora profissional?
Joanna Maranhão: Iniciação esportiva no Brasil… PAItrocínio né? Eu, no meu privilégio, nunca fui rica mas sempre fui classe média. Minha mãe e meu pai sempre forneceram tudo que eu precisava em termos de treinamento, compra de material, viagens pra campeonato… Então em termos de dificuldades nessa iniciação eu não posso dizer que eu tive pelo privilégio da condição financeira que minha família me proporcionava. As dificuldades vieram depois quando eu comecei a me posicionar contra a antiga gestão da Confederação, quando eu comecei a me colocar nesse local de ser contra uma gestão que não era clara, que não tinha critérios. Aí eu comecei a ser bastante retaliada e essas dificuldades apareceram.
Bruna Jones: Sabemos que a natação exige bastante esforço físico e cuidados com o corpo. Como era a sua rotina de treinos e alimentação enquanto competia?
Joanna Maranhão: Infelizmente a questão da alimentação foi algo que eu só dei o devido valor mais do meio pro final da minha carreira. Muito porque tudo aconteceu muito rápido e muito cedo, né? Com 15 anos eu já estava na Seleção Brasileira e já eram muitas abdicações… Eu sempre comi bem, mas eu não fui de comer muita salada quando era adolescente assim. Isso foi algo que foi mais pra frente. Olhar pra ingestão de água, questão de suplementação, dar mais atenção pra isso… Mas acho nos dois últimos ciclos olímpicos (Londres e Rio), eu já estava num outro patamar, num outro comprometimento nesse sentido: uma reeducação alimentar, que perdura até hoje. Até hoje eu tenho uma alimentação muito boa de uma forma geral e isso é fruto dessa atenção e desse processo que eu entendi que não era com dieta restritiva e nem era do dia pra noite. Eu tinha que transformar meu paladar, com muita paciência e com profissionais dispostos a fazer isso. Mas nunca passei por nenhum período de restrição não, até porque o gasto calórico com natação é muito alto. Então muitas vezes você tem que fazer uso de suplementação justamente porque com alimentação você não consegue suprir toda a sua demanda.
Bruna Jones: Ao longo da sua carreira você conquistou inúmeras premiações, incluindo medalhas em Jogos Pan-americanos, aos 16 anos de idade e se consagrou como um dos maiores nomes da natação no país. Como foi vivenciar essas experiências e ver que todo o esforço havia valido a pena?
Joanna Maranhão: Extremamente prazeroso e muito recompensador mesmo. Mas acho que dentro de mim, eu sabia que essa recompensa viria. Eu não tinha certeza do “quando”. Eu nunca fui de “as coisas vão acontecer agora, neste momento”, mas eu sabia que tudo que eu vinha plantando desde cedo, porque desde criança eu sempre levei a natação muito a sério… Eu sempre tive um comprometimento muito profissional ainda criança mesmo. Eu nunca gostei de faltar treino. A minha mãe não precisava chegar pra mim pra dizer que eu ia ter que treinar. Quando tinha algum evento no contra turno escolar ou algum passeio de escola eu não fazia, porque eu tinha treino e ninguém precisava me dizer isso. Eu simplesmente não ia porque a natação era algo muito importante pra mim. Então eu também sabia que essa recompensa viria. Ela veio tanto em forma de medalhas (8 medalhas em Jogos Pan-Americanos, 4 participações em Jogos Olímpicos), quanto as próprias experiências mesmo e o legado, o que o esporte fez em mim. Eu sou uma pessoa muito mais focada e consegui otimizar essas características que são inerentes minhas, de disciplina e resiliência e o esporte otimizou isso. E eu consigo levar para outras esferas da minha vida.
Bruna Jones: Em 2018, você participou da terceira temporada do “Dancing Brasil”, ao lado do professor Bruno Coman. Como foi essa experiência tão diferente para você?
Joanna Maranhão: Foi super desafiador colocar meu corpo nesse lugar completamente diferente de tudo que eu já tinha feito na minha vida. Eu nunca tinha tido nenhum tipo de contato com arte, com música, com dança, com absolutamente nada, apesar de ser uma apreciadora da dança e achar tudo muito bonito. Acho que foi uma das experiências mais legais que eu já tive na minha vida. O Bruno também é um grande amigo. Foi super bacana. Todo mundo que vem falar comigo, eu falo pra fazer o “Dancing” se receber o convite. É um mergulho muito intenso que você faz, você quer ficar ali. A dança te permite tanta coisa… Esse mergulho nesse universo de cada semana ter um desafio de um ritmo novo, tudo completamente novo, poucos dias pra pegar coreografia… Você não pensa no prêmio final, você não tá ali por ele. Você tá ali porque você quer continuar vivendo aquilo ali, porque é muito prazeroso realmente.
Bruna Jones: Para participar de um reality show, durando ele o tempo que for, os participantes precisam abrir mão de algumas coisas para estar à disposição da produção durante o período de gravação. Você teve que mudar algo na sua vida para participar do "Dancing Brasil"?
Joanna Maranhão: Eu já havia sido convidada pra primeira e segunda temporada e justamente por saber que é algo que requer muito empenho, eu não quis continuar treinando e participar do “Dancing”, que foi uma coisa que a Jade (Barbosa) fez. A Jade conseguiu continuar treinando ginástica e participar da primeira temporada e no caso da natação é completamente inviável. Então eu recusei as duas primeiras propostas, deixando muito claro que ia chegar o momento que eu iria dizer sim e que eu não estava recusando porque eu não queria fazer o “Dancing”, mas era realmente porque naquele momento eu estava muito focada na natação e no que eu queria com aquilo. Quando o convite pra terceira temporada chegou foi justamente no momento - ali no final de 2017 - que eu estava começando a pensar em parar de nadar. Eu pedia muito a Deus que aparecesse alguma coisa que me fizesse mudar o foco... Lógico que jamais eu iria imaginar que seria um convite pra participar de um reality de dança, mas foi o que apareceu e foi super bacana. Então eu aceitei na hora. Na hora que chegou eu pensei “Eu vou conseguir viver uma outra experiência, num outro mundo. Vou tirar tudo que tem e sugar tudo que essa vivência pode trazer pra minha vida e depois eu penso no que vou fazer”.
Bruna Jones: Como sabemos, a rotina do reality show é intensa, com vários dias de ensaios para enfrentar um ao outro antes mesmo de fazer sua apresentação aos três juízes da competição. Quais você considera os melhores e piores momentos da passagem pelo programa?
Joanna Maranhão: Eu considero tudo muito positivo. Eu ensaiava mais do que as 4 horas que eles disponibilizavam pra gente. Eu sempre ia, sei lá, pra um quarto de hotel, sala de hotel ou alguma coisa do tipo pra ensaiar mais, por necessidade... Quem nunca teve contato com a dança, não consegue pegar uma coreografia de um ritmo novo em 12 horas, não pega. Então eu precisava mais mesmo e Bruno estava muito presente nesse sentido. A gente fazia aula de ballet, a gente tentava de todas as maneiras em uma semana colocar o meu corpo dentro daquele ritmo, dentro daquela proposta. Eu não achei nada ruim, o que é complicado é você colocar tanto esforço naquilo, porque... Na natação eu sempre coloquei todo esforço e todo empenho e não tinha nenhum juiz que ia dizer se eu nadei bem ou mal, tinha um placar que ia dizer o meu tempo. Num reality show de dança, por mais que você se esforce, os jurados tão ali pra avaliar se tu dançou bem ou não, se eles gostaram daquilo ou não. Então muitas vezes eu gostava do que eu apresentava diante de todas as minhas limitações de uma pessoa que nunca tinha tido experiência com dança e eu ouvia uma réplica triste dos jurados, alguma bronca. E eu pensava “Poxa, mas o que eu preciso fazer pra conseguir?”. Porque eu entendia que eu estava atrás de muita gente ali. Eu e Popó éramos as únicas pessoas que não vínhamos do meio artístico, os dois atletas. Ele, atleta de boxe e eu de natação, que não tem nada a ver com dança. Então eu sabia que a gente precisava lutar muito para permanecer ali. E até em questão de público também, porque é o público que vota se você vai ficar ou não e atleta de rendimento não tem essa fanbase de reality. Então eu começava atrás por vários fatores e sabia que eu tinha que me empenhar muito pra poder permanecer.
Bruna Jones: Hoje em dia, reality shows estão cada vez mais na moda, principalmente os de confinamento, como o "BBB" e "A Fazenda". Além disso, você já chegou a confessar no Twitter que pensaria numa possível participação no "Power Couple", ao lado do seu marido, Luciano. Você, que já tem experiência em reality show de competição, aceitaria ficar confinada também?
Joanna Maranhão: Eu tenho 0 problemas com confinamento. Depois que eu fui mãe, no puerpério, você fica confinada com recém nascido dentro de casa né? Então isso não seria problema. Eu já recebi convite tanto pra “Fazenda”, quanto pro “Power Couple”. “A Fazenda” eu não toparia porque seria eu sozinha e eu acho que é uma vibe que eu não estou mais, não tenho esse espírito jovem para estar ali. O “Power Couple” por ser com o meu marido, que é uma pessoa muito mais calma do que eu, acho que funcionaria bem. Ele não é aquele reality que você é filmado 24 hora por dia, tem esse “aliviosinho”, então eu acredito que sim. O maior desafio de topar um “Power Couple”, seria ficar longe do nosso filho… Porque se a gente for até a final, são 3 meses longe do nosso bebê, é muita coisa. E de novo, bate nessa questão da fanbase. Tanto eu quanto meu marido somos atletas olímpicos, então a gente não tem esse mega público que os outros casais tem. A gente ia ter que lutar pra que as pessoas quisessem que a gente permanecesse, porque ainda que você chegue na final do “Power Couple”, se o público gostar mais do outro casal você perde tudo. Então são muitas coisas.
Bruna Jones: Estamos vivendo nesse momento uma pandemia mundial, e isso, com certeza, modifica um pouco dos nossos planos e rotinas. Como isso interfere no seu dia a dia e na sua carreira?
Joanna Maranhão: No meu atual atual trabalho, eu tenho duas funções. Eu tenho uma assessoria de treinos online de natação que tá praticamente parada nesse período de pandemia porque as piscinas tão começando a reabrir agora e os alunos são de vários lugares do Brasil, então cada cidade tem uma realidade diferente. E a minha outra função, que é a principal, que é gerente de esportes da prefeitura, a gente teve que se reinventar completamente. Logo no início da quarentena, a gente entendeu que a política pública de esporte tinha que continuar chegando pra população, então a gente criou o aplicativo “Movimenta Recife” pras pessoas baixarem gratuitamente e fazerem os seus treinos em casa e teve mais de 50 mil downloads. Acho que foi uma ação muito positiva nossa. Disponibilizamos também 12 cursos online em 12 modalidades esportivas pra que o pessoal da área, estudantes de educação física e o pessoal que é formado também se estimule pra talvez querer ser treinador... Pra ter mais treinadores, então a gente também fez isso. E agora a gente também tá reabrindo a cidade nesse processo de flexibilização e a nossa equipe de esportes tá sempre na rua, orientando as pessoas sobre uso de máscara, sobre nível de treinamento, porque teve muita gente que ficou parada nesse período, enfim… Então a gente se reinventa e sempre reúne pra entender o que é que é esse “novo”.
Bruna Jones: Ainda assim, existe algum projeto novo vindo por aí? Algo que pode compartilhar com a gente?
Joanna Maranhão: Tem um sonho pessoal que eu estou tentando colocar em prática e depende de muitas coisas, principalmente por conta da pandemia. Nesse momento eu não posso falar do que se trata, mas é algo meu, que diz respeito a minha vida acadêmica e se eu conseguir isso vai ser algo de muito valor. Eu penso que se eu conseguir conquistar isso, juntando com a maternidade e o fato de ter sido atleta olímpica, vão ser três experiências muito intensas na minha vida que eu sempre quis ter e vou conseguir ter.
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ela ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Obrigada a todos vocês que chegaram até aqui, que leram essa entrevista. Sucesso! E eu vou deixar aqui também as minhas redes pra quem quiser seguir e a gente trocar figurinhas, beijo." e para quem quiser continuar acompanhando o trabalho dela nas redes sociais, basta procurar no Twitter e no Intagram por @jujuca1987, já no Facebook é @joannamaranhaoatleta, beleza?
Créditos das fotos na ordem de postagem: @maribrochado, @satirosodre, @bladmeneghel, @satirosodre e Divulgação.
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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