Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? O nosso convidado de hoje participou da décima oitava temporada do "Big Brother Brasil", estou falando do queridíssimo Diego Sabádo, que vem compartilhar um pouco das suas experiências no reality show, além de revelar se ele aceitaria participar novamente, será??? Vem descobrir tudo isso e mais um pouco, agora!
Bruna Jones: Você ganhou fama nacional ao participar do "Big Brother Brasil" em 2018... O que lhe motivou a participar do reality show?
Diego Sabádo: Eu nunca fui de assistir o programa, conhecia muito por alto os participantes e o que acontecia lá. Mas sempre achei interessante a ideia de um jogo onde podemos realizar provas e ficar em uma casa por 3 meses. Via isso como uma aventura e sempre tive esse desejo de participar, mesmo não conhecendo a fundo. Sabia que tinha provas, e que as pessoas eram mandadas para o paredão e que de lá o público decidia eliminar ou manter na casa. Entretanto, o tempo e os outros objetivos da minha vida, os acadêmicos principalmente, sempre vinham antes deste desejo de viver uma aventura num programa de televisão. Porém, em abril de 2017 vi a propaganda das inscrições abertas, pensei que no ano seguinte, no período do programa, eu estaria ainda de licença do Estado (onde sou professor), por causa do doutorado, e pensei que, como minha pesquisa já estava quase finalizada, eu poderia dispor de 3 meses livres, desligado de tudo, para viver a aventura. Então entrei no site, preenchi as perguntas lá, mandei um vídeo de 3 minutos dizendo exatamente isto que escrevi acima e pronto. Depois foi só esperar eles chamarem para as seleções. Então minha motivação foi exatamente a vontade de jogar um jogo diferente, e fiquei muito satisfeito com o que vivi, afinal, logo na primeira prova tinha um estilingue gigante na minha frente e eu precisava lançar uma bola em uma roda gigante com alvos montada na piscina, lembro-me de pensar que foi para isso que me inscrevi. O restante, as festas, as tramas, a fama, isso tudo foi um bônus que eu não buscava, mas que também foi muito legal.
Bruna Jones: Para participar de um reality show, durando ele o tempo que for, os participantes precisam abrir mão de algumas coisas para estar à disposição da produção durante o período de confinamento e até mesmo no pós-reality, tendo que cumprir com a agenda da emissora. Como foi que você se preparou para ficar disponível ao reality?
Diego Sabádo: Então, eu estava vivendo em São Paulo, de licença do meu emprego, pois estava cursando o doutorado. Só precisei alinhar o tempo que usava para ler e escrever minha Tese de Doutorado com as coisas da emissora e do programa. Foi bem tranquilo, até porque eu não tinha nenhum interesse em seguir carreira de pessoa famosa ou algo assim, então aos poucos, naturalmente, a onda foi passando, a maré baixou e eu voltei a ser o Diego, escritor, doutorando, professor e psicólogo. Mas sei de amigos do programa que tiveram a vida virada ao avesso mesmo diante desta questão de mudar a vida mesmo, com coisas boas e ruins. Acho que com cada um a experiência é única. Comigo foi bem tranquilo, eu simplesmente, quando convidado para os programas da Globo ou para festas (para fazer aparição e estas coisas), dizia que não tinha interesse, que não era minha praia, e com o tempo pararam de convidar. Não fui a nenhum "Rede BBB", me chamaram pra dois, não fui à reunião final da Ana Maria Braga com todos os participantes, recusei muita presença VIP, muita mesmo, eu aceitava apenas convite para lançamentos de filmes, peças, exposições, e para comer em restaurantes, isso foi muito divertido.
Bruna Jones: Antes de entrar no confinamento, você já era escritor e psicólogo. Era atuante na área da psicologia? Em algum momento chegou a ficar com medo de que talvez o programa lhe prejudicasse profissionalmente falando, como já aconteceu com alguns ex-participantes?
Diego Sabádo: Já atuava sim, mas como estava de licença para o doutorado, há mais de um ano não tinha pacientes. Eu nunca me preocupei com ser prejudicado profissionalmente em participar, sempre fui muito seguro de mim, muito consciente das coisas que penso, digo e faço, e eu sabia que se alguém quisesse fechar as portas porque eu seria um ex-"BBB", eu simplesmente iria abrir outras. Isso de fato aconteceu, alguns colegas professores com quem eu tinha relação em projetos de pesquisa não quiseram mais trabalhar comigo, eu simplesmente ignorei, encontrei outros profissionais. Quem perdeu foram eles, pois não conseguem diferenciar a vida pessoal de alguém da vida profissional e, para mim, participar do "BBB" sempre foi isso, uma escolha de vida pessoal, zero por cento profissional, eu estava lá como Diego, jogando, como se estivesse jogando na sala da minha casa um jogo de videogame, a diferença é que outras pessoas estavam assistindo isso. Menos de um ano depois, como professor da Universidade do Estado, produzindo conhecimento na área da filosofia, aqueles professores vieram falar comigo para retomarmos as pesquisas e eu disse que não tinha mais interesse, pois agora estava em outros grupos. Mas eu estou falando de mim, um caso particular, e cada caso é um caso, acho que em via de regra, principalmente nas ultimas edições, a maioria tem colhido muita coisa ruim, a mania do cancelamento, a militância malfeita e exagerada das redes sociais, têm trazido muita coisa ruim, pesada, com participantes sendo ameaçados de morte mesmo, sofrendo de depressão. Há algo muito errado no modo como nós, brasileiros, estamos experienciando, como público, os reality shows, precisamos pensar nisso urgentemente.
Bruna Jones: Um dos propósitos do programa é confinar pessoas de diferentes personalidades e estilos de vida para ver como elas se adaptam ao universo um do outro, certo? Como foi para você a experiência de ficar confinado ao lado de pessoas completamente diferentes de você?
Diego Sabádo: Algo muito interessante, um verdadeiro experimento antropológico. Fiz amizade verdadeira, que mantenho até hoje, com pessoas que nunca encontraria e faria amizade no mundo aqui fora. Isso foi o ponto mais bonito desta minha experiência, me fazer perceber, aos 32 anos de idade, que o ser humano é belíssimo, mesmo que ele seja muito diferente de mim. Rompi com a última estrutura egocêntrica que trazia em mim, aprendi a respeitar e, mais do que isso, a admirar e amar o diferente. O modelo do "BBB" tem essa magia. Para nós, participantes, o confinamento potencializa tudo, amizades, amores, ódios, tudo acontece muito rápido e muito verdadeiramente. Eu sou muito feliz de ter vivido isso.
Bruna Jones: Você passou 58 dias dos 88 dias totais da temporada, confinado. Durante esse período, quais eram as coisas que você mais gostava de fazer lá dentro e o que você não podia fazer que sentia mais falta?
Diego Sabádo: Eu sentia muita falta de escrever e de conversar com minha noiva, de dormir do lado dela. O que mais gostava de fazer para passar o tempo era conversar com os demais participantes. Depois que eu saí, escutei muito de seguidores que as conversas que tínhamos lá, madrugada adentro, eram verdadeiras aulas de filosofia, de sabedoria para a humanidade mesmo. Lá dentro eu não tinha a menor ideia de que muita gente estava gostando disso, a maioria do público queria ver as festas, as tretas, as pegações, mas havia um nicho no público que ficava ligado ouvindo a gente falar de política, de espiritualidade, de ética, e isso foi muito recompensador de descobrir.
Bruna Jones: De maneira geral, você acredita que o programa teve um saldo positivo, seja falando da parte pessoal ou até mesmo da profissional?
Diego Sabádo: Sendo absolutamente sincero, a participação não provocou mudanças reais na minha vida profissional, tudo se manteve tal e qual eu saí. Em verdade posso dizer que tive alguns prejuízos financeiros, pois perdi a bolsa de doutorado e precisei custear os meses finais da minha pesquisa. Há uma ilusão, que faz parte do misticismo do programa, de que todo participante acaba se dando bem de alguma forma, mas isso não é real. Algumas pessoas têm severos prejuízos profissionais, e isso é importante ser dito. Não foi meu caso, pois tirando essa parte financeira o restante seguiu igual, nem melhorou e nem piorou, e estou falando em todas as atividades profissionais que realizo, como professor, como psicoterapeuta e como escritor. Agora do ponto de vista pessoal, a experiência muda você para sempre. Há muita coisa boa em ter vivido ali, mas há também coisas pesadas que ficam, certos traumas, certos arrependimentos, coisas que somente quem participou consegue entender. Temos um grupo bem grande no WhatsApp só de ex-"BBBs", falamos muito destas coisas lá. É uma experiência visceral que nos muda internamente, se tivermos sabedoria nós conseguimos guardar somente as coisas positivas e aprender de fato com os erros e deslizes, com as dores.
Bruna Jones: Você foi um dos poucos participantes dos últimos anos que tentou fazer um jogo interno para tentar sobreviver dentro da casa, porém nem todo mundo aqui fora entende essa maneira de jogo... Como foi para você quando deixou o jogo e percebeu o retorno do público sobre a sua maneira de jogar?
Diego Sabádo: Eu não fazia a menor ideia da relação entre jogo interno e jogo externo. Este é um arrependimento grande que tenho. Sou feliz por ter conseguido jogar internamente de forma tão boa, se olharmos o retrospecto, de 20 participantes que tinham na casa no início, apenas 3 não gostavam de mim. Isso quer dizer que de 20, com 17 eu consegui uma conexão, consegui enredar no jogo comigo, com minha personalidade. Infelizmente a narrativa que o público construiu e viu foi diferente e eu acabei sendo eliminado com uma grande rejeição. Algo com o que tenho que lidar. Na maioria das vezes eu lido bem, ignoro, mas há momentos em que é muito frustrante. Tenho a sensação de que perdi o jogo porque as regras pelas quais eu jogava não eram as mesmas pelas quais o publico assistia e votava, e isso é triste. Eu sempre soube que não tinha perfil de vencedor, carisma e estas coisas, mas esperava chegar lá na final, somente jogando, escapando dos paredões e estas coisas. Teria sido massa.
Bruna Jones: Falando pela sua experiência de jogo e pela maneira como tudo aconteceu ao longo deste ano no "BBB21", você acredita que os futuros participantes vão buscar cada vez menos se expor no jogo por medo da eliminação ou de um eventual cancelamento do público?
Diego Sabádo: Sim, infelizmente. Enquanto o público não amadurecer e entender o programa como um game mesmo, um jogo, as coisas permanecerão assim. É o terceiro ano seguido que vemos os participantes com medo, medindo os passos e as palavras. Penso que isso é prejudicial ao modelo, mas continua dando audiência, então na balança entre o jogo real e a audiência, acredito que as coisas ainda continuem assim por um tempo. O público precisa mudar, amadurecer, mas como se faz isso? Essa é uma pergunta interessante. E há outra mais interessante ainda: a produção tem interesse em mudar isso? Visto que a audiência está cada vez maior e o programa é um sucesso?
Bruna Jones: Hoje em dia existe bastante reciclagem de ex-participantes de realities. Você toparia um segundo confinamento, seja no próprio "BBB", ou "A Fazenda"? Ou talvez se aventurar em algo diferente como o "No Limite"?
Diego Sabádo: Toparia, com certeza, mas infelizmente há muitos fatores a considerar. Eu não posso simplesmente largar meus pacientes, largar minhas salas de aula. Teria que ser algo muito bem planejado. "No Limite" eu não sei, "A Fazenda" certamente, mas uma nova edição do "BBB" com certeza. Uma segunda chance pra chegar à final sem cair nenhuma vez no paredão, pra jogar pesado e real, eu super toparia, ainda mais se fosse uma edição só com ex-"BBBs" jogadores. Ia ser desafiador e sensacional.
Bruna Jones: 2020 foi um ano bem difícil e esse início de ano também está sendo um período de adaptações. Ainda assim, há novidades suas vindo por aí? Algo que seus fãs podem ficar esperando?
Diego Sabádo: Tenho sim, mesmo com a pandemia estagnando muitas coisas. Tenho um espetáculo teatral que estou dirigindo, outro que estou atuando, um livro para ser lançado, as caixas estão todas aqui na sala de casa, tudo aguardando a pandemia permitir que isso aconteça. Vou atuar numa adaptação que fiz em 2010 de Hamlet do Shakespeare, estou dirigindo uma peça teatral de terror psicológico escrita por um dramaturgo aqui de Belém e tenho o livro infantil "Chulé de Abacate e outras fábulas do menino Eduardo e seu amigo Piolho" pronto pra lançar. Fora os projetos da ONG Instituto Lumiee, da qual sou presidente, que também estão parados na pandemia. Mas sigo produzindo, ano passado conseguimos realizar um Festival de Música, um concurso de poesia com direito a livro publicado e um concurso de fotografia, tudo pelo Instituto Lumiee, e lancei um livro com textos teatrais no final do ano também. Neste ano estamos programando, além do que já falei, o novo concurso de poesia da ONG, a produção de um curta metragem, e outro livro infantil, fora os projetos assistenciais da nossa ONG que nunca pararam de acontecer, arrecadação de alimentos, roupas, estas coisas. A pandemia pode atrapalhar nossos projetos, mas ela não irá nos impedir de seguir produzindo.
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Queria agradecer a todos que leem o blog, que refletem sobre as coisas que falamos. Isso é o essencial, jamais ouvir as coisas e tomar como verdades, mas sempre colocá-las no crivo da dúvida filosófica, no âmbito da reflexão, pensar sempre se isso que lhe contaram faz sentido pra você, pra sua vida, pro seu mundo, e respeitar quando isso, mesmo não fazendo sentido pra você, faz sentido para o outro. Penso que aqui está a chave da boa convivência em sociedade." e para quem quiser continuar acompanhando nas redes sociais, basta procurar no Instagram por @diego_sabado, no Twitter é @DiegoSabádo e a página no Facebook é @diegosabadoescritor, beleza?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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