Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é bem conhecido da galera que acompanha cinema, teatro, novelas, etc... Convidamos o querido ator José Trassi, para conhecer um pouco mais da sua trajetória artística e algumas de suas experiências. Vem conferir comigo como foi esse papo!
Bruna Jones: Você possui uma vasta experiência como ator, trabalhando na televisão, teatro e cinema por tantos anos, mas antes da gente falar mais sobre isso, vamos voltar um pouco no passado? Como foi que você acabou descobrindo as artes cênicas e decidiu que iria buscar uma carreira nela?
José Trassi: Eu na verdade não busquei as artes cênicas, foi ela quem me encontrou, rs... Ela passou por cima de mim mudando toda a minha vida quando eu tinha uns 13 anos. Foi uma daquelas situações em que são divisores de água na vida... Eu estudava em um colégio em São Paulo, "Colégio Equipe", e decidi naquele dia cabular aula pela primeira vez na vida, naquela sexta-feira, era aula de artes, eu saí pra cabular aula, pulei o muro do colégio com os amigos, cheguei no bar, que estava com aquele cheiro amanhecido de bar, falei: "Nossa, é aqui que o pessoal gosta de ficar? Que lugar estranho, eu vou pra casa", fui pra casa mais cedo e descobri que minha família tinha ligado na escola pra me buscar, mas eu não estava lá, então quase que eu não vou no teste, era justamente pra um teste, pro programa "Sandy & Junior", a produtora de elenco era amiga do meu irmão, e ele era coreógrafo de comerciais e ator, então essa minha amiga chamou o meu irmão pra fazer o teste, meu irmão declinou e me indicou, e ela mandou me levar, só que aí eu estava cabulando aula, ninguém me achava, cheguei em casa, fomos até o hotel do teste, onde tinha muitas pessoas, acho que mais de 500 pessoas e meu irmão foi me dirigindo, eu nunca tinha atuado, mas antes, como meu irmão era dançarino, eu tinha feito aula de street dance e já tinha me apresentado como dançarino, no Teatro Itália, numa apresentação, então meu irmão me dirigiu falando: "Ó, você vai falar o texto que eles pediram pra você falar, vai dar uma giradinha, vai abrir um espacate, vai dar aquela dançada que você sabe..." falei: "Beleza", aí veio o texto, "Oi, meu nome é Dodô, eu sou amigo do Júnior, tô na rádio, não sei o que", dei a giradinha, voltei pra câmera, fiz aquela gracinha, e passei, e assim começou minha carreira, sem eu nem saber o que era minha profissão, e fiquei no "Sandy & Júnior" por 3 anos, no final do terceiro ano a gente montou uma peça de teatro, um musical, e aí eu comecei a entender que aquela iria ser minha profissão, mas até então sem muita consciência, né?
Bruna Jones: Já aos 15 anos de idade, você estreou em um dos grandes projetos daquela época, o seriado "Sandy & Junior", como foi para você já chegar em um programa que possuía uma grande audiência e que tem fãs até hoje?
José Trassi: Pra mim foi uma sorte, porque é uma espécie de selo de qualidade, né? Quando você está numa emissora grande, num programa de sucesso... Eu já comecei minha carreira com esse selo de qualidade de bom ator, afinal de contas eu estava na Globo e tal, pra mim chegar em um programa assim, não teve tanto impacto, porque eu não sabia o valor disso, eu não sabia o que era, o tamanho disso, não tinha nem rede social na época, então a gente também não tinha ideia de como o programa iria repercutir no Brasil, só quando a gente andava na rua, só quando a gente saía que tinha esse retorno, então, pra mim, eu agradeço de não ter tido essa consciência do que era, porque poderia travar de alguma forma e tal, e no decorrer eu fui vendo o tamanho de onde eu estava e o valor que aquilo tinha, porque todos os atores em volta de mim, eles davam muito valor, muito, muito, muito valor, era o papel da vida deles, então era o papel da minha vida também, foi muito, muito interessante. Foi muito interessante mesmo e eu sou muito agradecido.
Bruna Jones: Você acabou ficando por três temporadas no seriado, mas quem acompanha as redes sociais sabe que o elenco possui uma boa relação até hoje, não é mesmo? O que esse programa significou para você tanto na sua vida profissional quanto na pessoal?
José Trassi: Sim, fiquei três temporadas, eu costumo falar que a temporada de Campinas é a verdadeira, rs... Depois o programa foi pro Rio de Janeiro e acabou perdendo força por mudar o formato, por sair daquela magia, aquela história contada do jeito que estava sendo contada, foi assim que eu entendo, até puxando um pouquinho de sardinha pro meu lado, aquela magia que tinha no colégio em Campinas, todo mundo, aquela galera, acabou quando o programa foi pro Rio de Janeiro, né? Esse programa significa pra mim o início da minha carreira, o encontro com os meus amigos de infância, que é como eu chamo meus amigos do elenco, como eu sinto eles. São os meus amigos que mais me conhecem, a gente sim tem uma boa relação até hoje, pessoalmente me deu muita segurança, né? Porque quer queira ou não, eu pertencia e pertenço a algo que foi muito especial e de conhecimento de todos, e no profissional foi muito bom, porque eu já comecei na Rede Globo, né? Então só alegria, só... São coisas boas agregadas, né?
Bruna Jones: Saindo do seriado, você começou a ter experiências em outros formatos das artes, como o teatro, que é um ambiente completamente diferente de uma série/novela na qual você pode se permitir errar algumas vezes e refazer uma cena. Além disso, muita gente considera o teatro como a principal plataforma que vai mostrar se você leva jeito na atuação pelo fato do "ao vivo" com o público. Você concorda que todo ator precisa passar por essa experiência?
José Trassi: Sim. Sim. Um ator que não faz teatro, dificilmente... É um ator. Pode ser um intérprete. Pode ser... Alguém que está atuando. Mas um ator realmente precisa passar pela plataforma do teatro. Eu saí do "Sandy & Junior" e lembro... Engraçado que eu estou até no lugar em que eu fiquei... Que eu estou na casa da minha mãe, aqui no lugar que era meu quarto, e eu fiquei um ano assim, olhando pra cima, me questionando o que iria fazer, quem eu era, qual era a minha profissão, até eu ter o clique que eu já tinha uma profissão, que aquela era a minha vocação, que eu devia seguir em frente. Só que tem aquela coisa de onde está o mercado, quem é o mercado, onde está o mercado... E aí eu lembro que eu comecei a procurar o teatro para poder exercer meu ofício de ator. A primeira peça realmente que eu fiz foi "Tutti Frutti", o musical com parte do elenco. E ali eu descobri que eu tinha jeito para o teatro. Que eu conseguia comunicar ao vivo com o público e trocar com eles, e não amarelar, e lembrar o texto, e dançar, e cantar, e tudo. Então eu segui em frente nisso. Eu segui em frente e fiz muito teatro, muito teatro. Principalmente teatro alternativo, teatro escola, teatro institucional. Então, tem uma questão assim que eu... Eu não tinha noção daquela estrutura que a gente tem, né? Que é empresário, assessoria de imprensa, stylist, hoje, assim, toda aquela equipe em volta. Eu não tinha. Então eu ia eu mesmo abrindo minhas frentes, procurando minhas peças, estando nos lugares. E foi assim que eu construí minha carreira. Depois da televisão eu fui para o teatro. Teatro e cinema.
Bruna Jones: Ainda sobre o teatro, como dito anteriormente, não é possível refazer cenas e a peça precisa seguir independente do que aconteça. Tendo isso em mente, já aconteceu alguma coisa inusitada ou fora de script com você no palco? Poderia compartilhar uma história?
José Trassi: Sim. O próprio "Tutti Frutti", o musical que a gente fez com direção do Marcelo Caridade, que tinha todos no elenco, menos a Sandy e o Júnior. A gente foi apresentar para 1.200 pessoas no Teatro Vivo, no Rio de Janeiro. E eram 10 no elenco, 12 no elenco, e microfones. lapela, aquele microfone sem fio. Até que começou a peça e o microfone falhou. Todos os microfones de lapela falharam. Você imagina que era a apresentação da nossa vida, porque tinham todos os diretores da Globo, todo mundo da Globo estava lá e a gente ia mostrar nosso trabalho pra poder trabalhar mais e tudo falhou, e tudo deu errado, e aí entrou todo mundo pros camarins, a gente parou o espetáculo, gente chorando, gente desesperada, e aí entrou um dos diretores do seriado e falou: "Espera, calma, o que que, vamos fazer? Tem microfone de bastão, quantos tem, oito?" E a gente fez a peça, com os microfones de bastão. Eu sei que era um tal de joga pra lá o microfone, boia o microfone dentro da calça, coça a cabeça com o microfone, tudo pra peça acontecer. E a peça aconteceu, maravilhosamente. E isso é uma das situações mais mágicas que aconteceu no teatro. Tiveram outras. Inusitado, assim, eu não diria, mas eu fiz parte de um grupo de teatro chamado "Atores de Francisco Carlos", que era uma amazonense surrealista, que fez uma tetralogia tupinambá, algo bem específico. E a minha mãe escreveu parte do texto do meu personagem, porque minha mãe, ela trabalhava com menores e adolescentes, ela ajudou a escrever o Estatuto da Criança e do Adolescente, e o personagem que eu fazia era um adolescente, menino de rua, nessa história surrealista, que chamava "Namorados da Catedral Bêbada". Então ela contribuiu com esse texto, eu falei o texto escrito pela minha mãe no teatro, isso foi muito especial. Ela tinha escrito um monólogo com 18 anos, foi atriz, então daí eu descobri que eu herdei essa parte dela, foi muito bonito. Tem essa história inusitada no microfone, tem essa história bonita do texto que minha mãe escreveu, tem... Nossa, e tem mais uma história que é assim, o Sérgio Guizé me apresentou o Francisco Carlos, dessa trupe de atores, a gente fez primeiro uma trilogia, "Namorados da Catedral Bêbada", "Românticos da Idade Mídia" e "Banana Mecânica". E eu fiz duas dessas peças, a "Namorados" e a "Banana Mecânica" na Praça Roosevelt, e a gente foi pro Festival de Curitiba, 2010, acho. E aí eu queria muito estar em cartaz e fazer três apresentações no mesmo dia. Estar em cartaz com três peças ao mesmo tempo. E eu estava com essas duas, então eu comecei a ensaiar uma outra que chamava "Imprestáveis", e aí teve um dia na minha vida em que eu fiz três apresentações ao mesmo tempo. Apresentei "Imprestáveis" às seis, apresentei "Namorados da Catedral Bêbada" às nove e apresentei "Banana Mecânica" à meia-noite. Esse dia foi o dia que eu me realizei no teatro. Esse dia foi um dia, assim, sensacional na minha vida.
Bruna Jones: Como ator você já teve a oportunidade de interpretar diversos tipos de papéis e acredito que para cada um você teve uma preparação diferente, não é mesmo? Como costuma ser o seu processo criativo quando recebe um personagem novo?
José Trassi: Olha, de verdade... Quando recebo um personagem novo, eu leio e procuro entender o mundo que esse personagem vive. As três primeiras motivações, os três primeiros problemas. Eu gosto muito do número três pra essas coisas. E começo a fazer um gráfico da trajetória dele, né? Na história. Procuro coisas concretas, tipo se ele é... Se a voz é mais grossa, se a voz é mais fina, se ele tem alguma deficiência física, se não, se tem algum tique, não. E eu também... Trabalhei muito com preparadores de atores. No começo lá, com o método da Fátima Toledo, depois foi evoluindo pra outros métodos. Então, na hora de receber um personagem, eu procuro... Sair daquela questão antiga de que "vamos construir um personagem". Não. Eu sou o personagem. O personagem se usa de mim. Do meu repertório, do meu corpo, da minha temperatura, do meu humor. Só que, deslocando eu, tudo que é meu, no espaço e tempo, colocando dentro daquela história, eu começo a encontrar repertórios que não servem a mim, José. Que servem ao personagem. Então, sou eu em situação. Eu vou fazer um Shakespeare. Sou eu em situação. Naquela idade da história, naquele contexto, naquela situação. E esse conjunto de novas situações, reações... Intrincadas naquela história, dão o nome do meu personagem. Então, hoje, se você vê, é muito isso. É o ator em situação que, naquele conjunto, se chama aquele nome. Isso é o que eu vejo como personagem. Aquela construção... Distante, não... Nunca mais vi fazerem, sabe? É... Não uso. Fica muito longe. Eu até tenho uma má experiência com isso, que foi o primeiro curta-metragem que eu fiz, que foi com o Mário Bortolotto. Chama "Enjaulados", do diretor Luiz Montes. A produtora é... Especine em 2006. Teve uma preparadora que me deixou assim... Travado. Eu precisava estar num corpo que não era o que eu fazia. E aí o Mário olhou assim pro diretor e falou: "Deixa o Trassi ir trabalhar, pô. O menino tá todo torto aí." Eu olhei no espelho, eu tava realmente todo torto. Sem conseguir dar um texto, porque eu não era... Não... Tava errado, rs... Eu tava fora de mim. Fizeram um trabalho em que meu corpo e eu não estávamos desconectados um do outro. Não foi muito certo. E aí, quando ele falou isso, eu relaxei e pude ser eu. Em situação. E aquilo deu o nome do personagem, que era... Era Luiz, na época, acho. Era a história de um policial e um bandido que cai num buraco e um precisa ajudar o outro pra sair. E ali me deu um estalo. De que não adianta buscar fora. Não adianta você fazer um corpo que você vai precisar sustentar. Você tem que fazer de dentro pra fora. Se esse corpo diferente vai ser diferente é porque você sentiu a necessidade de fazer aquele corpo diferente. De fora pra dentro é muito, muito, muito, muito mais difícil de ficar bom. Porque tem que ter muito estudo. Né? É... Mas dá também. Mas é uma história inusitada. Meu processo criativo... Eu gosto muito de encontrar esses três, né? Encontrar três coisas que ele gosta, três coisas que ele não gosta. Três... Três... Cores, texturas, padrões favoritos. Três padrões que não são favoritos. É... Tudo isso, né? Em oposição, em contraste. Gênesis eu faço às vezes. Às vezes não. Eu gosto muito de estar no presente da situação. Então meu... Meu processo criativo envolve fazer um gráfico da cena, né? Ah... Com parâmetros mesmo. Mais nervoso, menos nervoso. Mais irônico, menos irônico. E aí vai criando um desenho. E eu aprendi também uma das peças é ensaiar sem usar o corpo. Que você... É um ensaio mental em que você bota uma caneta, um papel, desenha um palco e faz a sua trajetória com a caneta dando a fala. Então é um jeito de estudar marcação e texto sem levantar da mesa. E você pode fazer isso em qualquer lugar. É ótimo. É ÓTIMO. Posso te dizer.
Bruna Jones: Falando sobre personagens, tem algum que tenha sido mais difícil de você se conectar ou simplesmente de interpretar por algum motivo? E poderia compartilhar com a gente, qual é o personagem que você possui mais carinho?
José Trassi: Cara, o personagem mais difícil é sempre o que a gente está fazendo, né? Então agora eu estou fazendo um personagem que eu ainda desconheço ele. Eu ainda estou buscando em mim, assim, o repertório dele. Criando a Gênesis. É... Eu tenho dificuldade de conectar quando a motivação do personagem é mais emocional do que mental. Porque pra disparar um sentimento em mim eu preciso entender... Entender pra identificar o sentimento disparado. Então fazendo essa logística reversa... Pra eu ativar um sentimento, eu preciso passar pelo entendimento do que leva ele ao sentimento. E depois a ativação física ocorre naturalmente. Depois que eu entendo, né? Então eu preciso racionalizar. Coisa de virginiano. Mas... Eu passo por aí. Um personagem que foi muito difícil de conectar... Muito, que eu sofri um pouco pra fazer, assim... Porque até eu encontrar ele... Foi um marinheiro... Na peça "Honey: O Gosto do Mel". De Shelagh Delaney. Em que eu atuei junto com a Lavinia Panunzio. Fernanda Gama. João Fábio Cabral. Que a gente apresentou no Festival da Cultura Inglesa em 2010. Isso foi, acho que um personagem bem difícil. Assim, porque... Ele era meio frio, meio calculista. Ao mesmo tempo eu não queria fazer ele... Ele era meio flat, né? O que a gente chama quando a pessoa é fria e calculista. Ela fala sem emoção. Mas eu acho que depois eu me dei bem com ele. Com esse marinheiro. Um personagem que eu tenho carinho especial realmente é o Dodô. Realmente eu tenho um carinho muito especial pelo Preto, que é o personagem que eu faço em "Arigó". O Dr. Fritz. Um personagem que eu tenho muito carinho também é outro que chama Luiz. Que é o Luizinho do "Carandiru: Outras Histórias". Eu tenho muito carinho pelo personagem Tito que é o que participa do filme "My Friend Penguin". Que vai estrear agora do David Shurman. É... Cinema, né? Com Jean Reno. Esse é um filme muito especial. Esse Boy Marrom é um personagem que eu tenho muito carinho. Que foi esse moleque de rua que eu interpretei. Falando o texto que minha mãe escreveu pro autor. Esse personagem era muito bom. É... Não. Mas o que eu tenho mais carinho... Assim... Esse e o Dodô. É o Adonis, moleque indigesto da peça "Banana Mecânica". Ele é filho da Chiquita Bacana, da Martinique. que é um moleque de rua também e ele faz mil peripécias nessa peça surrealista, eu tenho um carinho muito especial, até hoje eu tenho saudade de fazer ele, é isso... É difícil porque todos são filhos meus, você gosta de um filho mais que outro? É difícil, tem filho que dá mais trabalho, tem filho que dá menos trabalho, tem filho que você ri mais, mas é difícil falar de qual gosta mais. Mas o Dodô sem dúvida, porque foi meu primeiro personagem.
Bruna Jones: Hoje em dia os realities de confinamento estão cada vez mais em alta, atores inclusive acabam aceitando a oportunidade de participar pra fazer conexões futuras... Pensando nisso, se você fosse convidado para participar de algum, você aceitaria?
José Trassi: Antigamente eu falaria com muita força que não, até por preconceito, hoje eu acho que eu aceitaria dependendo da emissora, do reality, da proposta do reality, eu acho que eu aceitaria porque eu me conheço mais, conheço mais meus gatilhos, sei o que eu posso oferecer, sei as minhas limitações e acho que seria uma experiência interessante. Eu aceitaria mas com ressalvas porque acho que esse é um outro assunto, mas eu estudando minha arte, estudando a sociedade, a gente vê uma engenharia social em que a gente tem que ter uma sociedade social em que os programas de televisão eles realmente empurram uma agenda de comportamento de reações de repertório, criam um repertório para o público de coisas boas e não tão boas assim, a grande coisa de ser um ator, de ser um artista é: Estou a serviço do que? Minha mensagem está a serviço de que? Até por isso, durante muito tempo eu não fiz publicidade pela prepotência juvenil de falar: "Não vou me vender ao sistema, não vou vender minha arte", depois eu falei: "Imagina, eu sou ator, eu sou um ator que interpreta um vendedor, peraí, eu vendo o que você quiser" e hoje eu já passei de 30 comerciais, sei lá quantos eu fiz... Então eu aceitaria, por esse motivo eu aceitaria, hoje em dia eu consigo integrar o lugar da arte o lugar como artista comercial, hoje eu consigo, acho que vem mais da gente do que a nossa repulsa ou aceitação, vem mais dos nossos entendimentos de si próprio.
Bruna Jones: Sabemos que atualmente você está gravando o filme de terror/policial "Caipora: O Filme", não é mesmo? Inclusive atuando ao lado do nosso querido Pedro Pauley. Você poderia adiantar um pouco sobre a história e o personagem que você vai dar vida neste projeto?
José Trassi: A gente terminou a filmagem do "Caipora" e eu comecei a filmagem do "Por um Fio" que é um filme do David Sherman, agora há pouco eu fiz uma cena para o David Aquática para esse filme, não como meu personagem, mas como dublê, então aí está outra coisa do ator, né? "Ai, eu só faço o meu personagem" Não, eu faço cena. Ele precisava fazer e por essa parceria que existe no teatro eu consigo transbordar a parceria para o cinema, a parceria para a televisão, às vezes se a cena for muito boa eu faço sem cachê, sabe? Se a cena for muito, muito, muito boa eu abro uma exceção porque eu creio, eu estava falando isso ontem no novo projeto que eu estou, que é uma peça, eu creio que a base do nosso trabalho é espiritual, é mais que social e política é algo de propósito de vida, é algo que é comunicar uma imagem que vai ser utilizada como repertório para as pessoas reproduzirem nas vidas delas, está provado por cientistas que o que você pensa e o que você vive para o cérebro e para o corpo é a mesma coisa. As descargas hormonais são as mesmas, então através de uma tela você consegue ter alterações no seu pH do corpo, eu acho que é muito importante esse trabalho nesse sentido, por isso que quando eu falei do reality de que eu tenho minhas ressalvas, porque eu sempre fui e sou filho de intelectual de psicóloga, de jornalista, de professor de yoga ,eu sei que meu ofício ele está para além do comercial está para além da sociedade ele serve para conectar a gente a algo mais complexo, mais tácito, mais sagrado e o sagrado está no cotidiano e nas ações, nas intenções as pessoas vão evoluindo em suas consciências, então esse é o grande propósito da minha arte e eu sou muito agradecido por trabalhar com o meu propósito, mas às vezes a gente vende leite condensado, cotonete e nesse caso eu descobri que eu consigo integrar essas duas partes, então eu estava falando justamente isso com o pessoal, que eu acho que o nosso trabalho ele tem um lugar do sagrado... Mas voltando a pergunta, nesse filme "Caipora" eu faço o personagem Kuarai que é um indígena que se relaciona com uma não indígena, que é a personagem da Renata Brás, a Bárbara, e tem essa peripécia, isso que acontece, que são os jovens que vão para um ritual numa aldeia e acabam mexendo onde não deve e libertam coisas que não deveriam ser libertadas e coisas horríveis acontecem que não deveriam estar acontecendo. Então, eu faço nessa história de terror baseada numa mitologia indígena, um indígena que mora na cidade também, que me interessou muito porque é esse indígena que não é nem da tribo e nem o indígena, não existe indígena da cidade, porque os indígenas não são absorvidos pela sociedade, então fica nesse não lugar e sofrem até preconceito na própria aldeia. Então, é esse indígena, nesse não lugar de pertencimento, que vê a sua enteada ser violentada, que busca vingança, que ao mesmo tempo busca ter uma vida melhor, que ao mesmo tempo está entregue aos vícios da civilização, celular, bebida, videogame... Essa história é muito boa, eu amei fazer a "Caipora", porque precisamos falar sobre a mitologia indígena, precisamos falar e incluir os indígenas no nosso cinema brasileiro, a gente precisa dar voz a eles, a gente precisa dessa interação, não por eles, pela gente. Então, é um projeto que eu achei muito lindo, a gente foi com os índios de Guarulhos, deu muito certo, assim, os índios de Guarulhos, os índios da reserva, o Açú, experiências maravilhosas, de roda, de troca, até hoje eu converso com eles, dou força para alguns, boto uma pilha para que eles se movimentem no sentido do audiovisual, foi maravilhoso, maravilhoso mesmo.
Bruna Jones: Além do "Caipora: O Filme", tem mais novidades vindo por aí? Algo que possa compartilhar com a gente?
José Trassi: Esse filme, "Por um Fio", do David Sherman, que eu faço, que eu filmei depois do "Caipora", tem agora essa peça de teatro que eu não posso falar o que é, nem como é, nem com quem é, nem quando é, mas assim que eu puder, vocês vão saber, estreia em 1º de agosto, no rooftop do Santander. A gente vai fazendo testes, né? E vai tendo oportunidades. Tem oportunidades que às vezes se concretizam, às vezes não, então agora, nesse momento, eu aguardo o lançamento do filme do Silvio Santos, em que eu faço um franco atirador, o longa se chama "Silvio, o Filme", eu estou aguardando a estreia do "Por um Fio", a estreia do "My Friend Penguin", estou aguardando a estreia de uma série que chama "Sutura", que é uma série do Amazon Prime, onde eu faço o irmão do protagonista, a primeira série com a Cláudia Abreu, fora da Globo, uma série médica sensacional. E por enquanto é isso, logo mais virá mais coisas. Eu faço muita locução, dublagem, comecei a fazer voz original pra game, então a coisa está se abrindo de um jeito maravilhoso.
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Gente, primeiro eu quero agradecer quem acompanha o meu trabalho, quem é entusiasta da arte, as pessoas que admiram e acompanham o meu trabalho, o fã é uma parte essencial porque é o nosso termômetro, nosso feedback, é a nossa conexão real com outro ser humano, através da arte. Eu tive questões antes com os fãs, assim, na minha cabeça, lógico, sempre tudo certo, mas na minha cabeça assim eu ficava pensando, meu, porque eu não sou fã de ninguém, assim, nesse sentido de pedir autógrafo, de ficar suando de ninguém mesmo, assim, coisa da idolatria, eu não tenho, acho que por ter crescido nesse meio, né? Tanto que na época do "Sandy & Junior" eu não era fã deles, eu andava de skate, gostava de hip hop, não era meu estilo de música. Mas depois eu comecei a ver que eram famosos e aí hoje, posso falar disso, hoje eu sou fã deles por admirar o propósito e a forma como fazem e aí eu entendi o que é um fã. Então eu sou fã agora de muita gente, sou até fã dos meus fãs, de verdade, porque é preciso sensibilidade pra você parar nesse mar de informação e olhar alguém e se identificar e querer se conectar com aquela pessoa. Então, meu recado pros meus fãs, é: Faça o que faz vocês felizes, o que faz você sentir que você tá alinhado com o seu propósito, que pode ser seu talento, ou pode ser sua vontade, ou pode ser as suas vivências que você não planejou, aceita você e o seu momento e a sua vida, o outro está pra ser um exemplo, mas a maior força criativa tá dentro de cada um. Então, eu acho que é muito importante que a gente tenha essa sensibilidade, que a gente tenha essa oportunidade de ser fã. Eu converso muito com fãs assim, de verdade, de igual pra igual, porque é de igual pra igual, é horizontal, ninguém é mais que ninguém, apenas são ofícios diferentes. Então eu sempre falo assim, cara, eu sou um farol aqui, mas você também é um farol aí, vamos junto. E eu acho que é por aí." e se vocês quiserem continuar acompanhando ele nas redes sociais, também tem um recadinho: "Meu contato profissional é através da Oyá Odé. Minha empresária é a Monique Samartini. Minhas redes todas são @jtrassi, tanto no Facebook como no Instagram. No TikTok eu não uso, no Twitter também saí de lá, mas é isso." bora seguir ele?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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