terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Bruna Entrevista: 4x45 - Mari Corali


Oi, oi, minha gente, tudo bom? Então que estamos chegando perto de terminar mais uma temporada de entrevistas aqui no blog, não é mesmo? E antes de qualquer coisa, preciso compartilhar com vocês que no próximo ano iremos continuar trazendo convidados incríveis para vocês, aqui no blog! É o caso da convidada de hoje. Conversei com a linda da Mari Corali, que participou do "Batalha dos Confeiteiros" da Record e topou vir conversar com a gente sobre sua carreira e tirar algumas dúvidas, caso alguém esteja pensando em seguir na profissão, olha que gostoso? Ficaram curiosos? Vem comigo então!

Bruna Jones: Mari, vamos começar pelo começo. Como foi que você decidiu que iria querer se tornar chef profissional?
Mari Corali: Bom, desde pequena eu sempre amei tudo o que era relacionado à cozinha, mas quando foi chegando a hora de decidir qual profissão seguir, na época as opções de universidades que ofereciam cursos de gastronomia eram bastante limitadas e no Brasil a profissão não tinha nem 1% do reconhecimento que tem hoje. Foi um momento difícil, pois sempre soube que o que me faria feliz seria viver da cozinha, porém eu teria que ir para o exterior para ter a formação que eu considerava ideal. Estava com 17 anos e não tive coragem de me mudar, então estudei, me formei e trabalhei por 10 anos em uma área que não me fazia feliz, até que consegui, finalmente, correr atrás da minha realização profissional e fui estudar gastronomia, quase aos 30 anos.

Bruna Jones: Até pouco tempo atrás, ser chef não era uma profissão “da moda”, não é mesmo? Você chegou a ter medo de não conseguir obter retorno financeiro?
Mari Corali: Exatamente, quando prestei vestibular, lá no final dos anos 90, as opções de faculdades de gastronomia no Brasil eram mínimas e não havia essa “glamurização” da profissão. Naquela época eu realmente tive medo de fracassar profissionalmente e também não recebi apoio da minha família para estudar gastronomia. Quando resolvi finalmente estudar e iniciar uma carreira na área, o cenário já era totalmente outro, com muitas opções de emprego, boas oportunidades de mercado para empreender, mas também muitos concorrentes.


Bruna Jones: O que você acha que fez a profissão ficar tão exposta como nesses últimos anos? Acredita que os reality’s tem sua parcela de “culpa”?
Mari Corali: Sem dúvida nenhuma os realities de gastronomia, cada vez mais numerosos inclusive na televisão aberta, representam os maiores agentes de popularização da profissão, juntamente com as novelas e filmes, que frequentemente contam com personagens que são chefs de cozinha. Se por um lado isso é positivo, pois cada vez mais instituições de ensino incluem em suas grades cursos de cozinha profissional, por outro também contribui para uma falsa perspectiva da profissão por parte dos recém-formados ou estudantes, que não têm a verdadeira ideia do quão difícil e extenuante é a jornada diária de um chef de cozinha. Essa coisa do “chef estrela”, personagem de novela ou filme, até existe, porém não sem muitos anos de trabalho árduo, de muita bronca e de muita pia de louça lavada... a gente ouve de estagiários de gastronomia coisas do tipo “não estudei pra ter que lavar louça” quando, na verdade, as rotinas da cozinha fazem sim parte da escalada profissional de qualquer cozinheiro que queira se tornar chef um dia – vale ressaltar que o título de chef é dado ao profissional que comanda uma brigada, ou seja, é um cargo e não o nome da profissão. No Brasil, o termo é constantemente usado de forma errônea.

Bruna Jones: E em questão familiar, você teve apoio no decorrer da sua formação e carreira ou teve alguém que ficou tentando mudar a sua ideia?
Mari Corali: Como eu disse, quando tinha meus 17 anos e queria tentar seguir carreira na área de gastronomia, minha família me apoiava contanto que eu fosse estudar no exterior – naquela época as opções no Brasil eram muito poucas e sem muito prestígio. Como não quis me mudar, eles tentaram me influenciar para optar por outra profissão (e conseguiram!). Quando decidi deixar minha carreira para finalmente ingressar na gastronomia, não tive muito apoio não, a maioria dos meus familiares e amigos consideravam uma loucura largar tudo e recomeçar do zero em uma nova profissão. Uma única pessoa me apoiou, me incentivou e segurou as pontas da minha decisão, que foi o meu marido e a quem eu devo todo e qualquer mérito que eu conquiste nessa área.

Bruna Jones: Para quem não sabe, existem várias “classificações”? Estaria certo dizer isso? A sua seria Pâtissier. Certo? Pode explicar para a gente o que significa?
Mari Corali: Pra simplificar, você pode estudar para se tornar cozinheiro profissional e daí se especializar em diferentes áreas, como a confeitaria, por exemplo. Para ter título de chef, seja de cozinha, pâtissier (confeiteiro), chocolatier (mestre em chocolate), boulanger (panificação) e assim por diante, é necessário ter o curso de especialização e trabalhar na área, com cargo de comando de brigada, ou seja, com funcionários abaixo de você. Existe hierarquia na cozinha, assim como existem as patentes militares, por exemplo, e os profissionais preenchem essas posições de acordo com seu nível de estudo e experiência. O cargo mais alto, que é o de chef executivo, é exercido por um profissional que tem inúmeras funções além de cozinhar – aliás, o que ele menos faz é cozinhar de fato! Rs... No meu caso, sou confeiteira formada e já trabalhei como Chef Pâtissier quando tinha meu próprio atelier de confeitaria ou quando fui professora em curso de confeitaria.


Bruna Jones: O seu trabalho exige muita criatividade para estar sempre inovando. Como é o seu processo de criação?
Mari Corali: Acho que o processo criativo não muda conforme a área de atuação, imagino que se fosse escultora ou pintora, meu processo seria o mesmo. Gosto muito de me inspirar na natureza, em trabalhos de outras áreas como moda e design, em pessoas que admiro... Algumas idéias parecem vir “do nada” mas todos nós temos nossas referências e gostos pessoais, então tudo isso serve de acervo na hora de criar.

Bruna Jones: O que você consideraria fundamental para a elaboração de um cardápio de doces?
Mari Corali: Na minha opinião, o ponto de partida sempre deve ser o gosto do cliente, ou seja, para quem estou criando? Do que essa pessoa gosta? Tem algo que não gosta? É preciso respeitar o seu público, por isso, muitas vezes, acabo até fazendo algo que não gosto tanto, mas que meu cliente ama. Não quero nunca chegar num ponto da profissão em que meu gosto pessoal estará acima do gosto do meu cliente, se isso acontecer, será a hora de rever certos conceitos (conceitos errados, na minha opinião).

Bruna Jones: E quais são os seus doces favoritos? Tanto para criação, quanto para consumo.
Mari Corali: Não gosto de doce muito doce, não sou do tipo formiga, então amo tudo o que contrasta bastante, seja doce com azedo, quente com frio... Sou louca por sorvete, posso dizer que é meu doce favorito. Adoro criar utilizando frutas exóticas, criando texturas inusitadas e revisitando clássicos através de novos conceitos. Sabe aquele doce super tradicional, que todo mundo sabe o gosto que tem, um bolo Floresta Negra, por exemplo? Então, criaria uma versão líquida dele, por exemplo, mudando a textura de tudo o que se conhece na versão tradicional, mas que o resultado final na boca seja o mesmo sabor do bom e velho bolo Floresta Negra. É isso que me inspira na hora de criar.


Bruna Jones: Qual o fator que você acha determinante para alguém entrar neste ramo profissional?
Mari Corali: Como na maioria das profissões, dedicação e paciência, pois reconhecimento é algo que demora pra vir e vem com muito suor. É uma profissão que exige muito fisicamente também, horas e horas em pé, coisas pesadas para carregar, jornadas de trabalho extremamente longas, enfim, precisa amar muito pra não desistir...

Bruna Jones: E novidades? Queremos saber o que você anda planejando aprontar em breve.
Mari Corali: Bom, a maior novidade é que me mudei para a Alemanha e pretendo trabalhar como confeiteira por aqui. Tem muitas opções de restaurantes estrelados e excelentes confeitarias, então estou bastante ansiosa para começar logo! Como no Brasil tinha meu próprio atelier de confeitaria, sinto falta de trabalhar em cozinha profissional, o ritmo é totalmente diferente mas o aprendizado é enorme.

Pensam que acabou? Ainda tem um recadinho dela para vocês, confira: "Só posso dizer que fico muito contente com a notoriedade que a confeitaria brasileira atingiu nos últimos tempos e com o reconhecimento dos ótimos profissionais que existem no Brasil. Por muitos e muitos anos tivemos que conviver com a ideia (errada) de que só era bom o profissional que vinha do exterior ou que estudava no exterior. Agora estamos tendo a oportunidade de mostrar nosso talento e de sermos reconhecidos por isso, depois de tanta luta. Obrigada a todos aqueles que se interessam por nosso trabalho e reconhecem nosso talento!"


E agora? Querem saber mais sobre o trabalho da bonita? Basta clicar AQUI que você vai conferir sua página no facebook. Ou então, procurem no instagram por @chefmaricorali tudo bem?

E eu? Logo mais estarei de volta com uma nova entrevista. Qualquer novidade eu volto, lembrando que quem quiser entrar em contato comigo, pode add no facebook, procurando por "Bruna Jones" e que agora na página oficial do blog, vocês encontram conteúdo exclusivo: clique aqui! Podem também procurar e seguir no twitter no @odiariodebrunaj certo?

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