terça-feira, 26 de março de 2024

Bruna Entrevista: 13x15 - Creo Kellab


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é o queridíssimo ator Creo Kellab, que possui uma carreira incrível e acabou topando vir compartilhar com a gente um pouco da sua história e experiências que ele teve ao longo dos anos. Bora conferir o nosso papo?

Bruna Jones: Você começou a sua carreira como ator ainda muito jovem, após participar na seleção de elenco de uma novela aos 16 anos. Como foi para você sendo tão novo e já estando atuando em uma novela na maior emissora do país ao lado de pessoas tão talentosas?
Creo Kellab: Foi uma experiência completamente nova, eu não tinha experiência com televisão, tinha feito apenas alguns comerciais na minha cidade que é Juiz de Fora, mas foi um sonho, acho que é um sonho para qualquer pessoa que tenha arte na veia e tenha essa oportunidade de fazer aos 16 anos uma novela na maior emissora do país e comigo não seria diferente. Estar ao lado de tantos talentos que eu cresci assistindo ou que meus pais cresceram assistindo e falavam muito, e essas pessoas com o tempo acabarem se tornando meus grandes amigos e mentores, para que eu pudesse continuar vivendo e trabalhando até hoje, são pessoas que eu tenho contato, que tenho uma troca e converso de amigo para amigo. Então foi uma experiência única na minha vida, um momento muito importante que até hoje quando estou trabalhando, eu quero buscar o frescor do primeiro momento, eu busco na minha memória exatamente esse primeiro momento de seleção, eu com quase nenhuma experiência... Esse ano inclusive foi a primeira vez que eu entrei num grupo de teatro infantil da academia, eu tinha feito a seleção e passei, então estava fazendo teatro e televisão pela primeira vez ao mesmo tempo, era tudo muito novo e algo dentro de mim me falava pra continuar indo e fazendo, usando muita atenção nas coisas para não cometer tantos erros, embora foram necessários passar por eles, mas o que mais senti foi uma emoção única, algo que não senti novamente, claro que vieram outras emoções, mas nada comparado com a primeira, foi tudo muito novo pra mim que vim de uma cidade menor. Foi tudo muito emblemático na minha carreira e na minha vida.          

Bruna Jones: Aliás, antes de fazer essa novela, você já tinha esse desejo de trabalhar com as artes cênicas? Era algo que você planejava fazer carreira ou foi uma descoberta enquanto você já estava trabalhando na área?
Creo Kellab: Como eu te disse, aquele foi o meu primeiro ano trabalhando com isso, mas eu sempre quis trabalhar com arte, sempre dancei muito e gostava de artes num modo geral, só que o acesso era mais difícil naquela época, hoje a gente tem a internet, você consegue acessar as informações muito mais rápido, então naquele ano foi tudo muito novo pra mim, eu já tinha feito algumas coisas na área artística, mas como modelo, fazia fotos, comerciais e campanhas na minha cidade, mas a minha carreira começou mesmo com o esporte, eu era bicicross, competia no campeonato mineiro, campeonato carioca, vindo mesmo do esporte... Mas sempre tive a arte nas minhas veias, eu amava dançar, era a minha porta de entrada para tudo e como era muito jovem, eu sempre sonhei em trabalhar com arte, mas acho que fazer novela... Não sei seu eu sonhava em fazer novela exatamente, mas com teatro sim, pois foi o meu primeiro momento de fazer teste e trabalhar, tinha isso muito fresco na minha memória e novela ainda era algo bem distante, pois naquela época não era tão fácil. Então assim, eu tinha a arte comigo, estava no meu primeiro ano trabalhando com o teatro e teve um teste no qual eu não fui chamado pra fazer, mas um ator dessa companhia foi chamado e me levou como companhia apenas, o nome dele é Elias, chegando lá ele me falou pra fazer o teste também, mesmo eu falando que não tinha experiência, que tinha acabado de entrar no teatro, mas enfim... Mesmo sem ter o nome na lista, fiz o teste e fui o único da companhia que passou no teste, na cidade foi muito louco, pois não é uma cidade muito grande e foi tudo muito assustador, pois todos os canais da região estavam me procurando, matérias nos jornais, as pessoas me olhando na rua, era muito estranho. Hoje em nível nacional e até internacional, pois já estou trabalhando fora do país em alguns projetos dos quais sou reconhecido, mas naquele momento foi tudo muito novo, mas graças a Deus, entre altos e baixos deu tudo certo, mas faz parte, não foi só comigo, outras pessoas que eu conheço também tiveram esses altos e baixos, viver em um país que não valoriza a arte é complicado, mas deu tudo certo. Foi tudo seguindo como deveria ter sido seguido.          

Bruna Jones: Todo inicio de carreira costuma ser um pouco mais complico, ainda que após a novela você já tenha sido encaminhado para outros projetos e até mesmo começado a trabalhar como modelo, como foi para você esse inicio de jornada até conseguir se estabilizar na área?
Creo Kellab: Inicio de carreira é sempre muito complicado, ainda mais naquela época. Eu acho que hoje seria muito mais fácil do que naquela época, por mais que hoje todo mundo tenha acesso mais fácil e o mercado de trabalho mais cheio, acho que seria mais fácil do que antigamente, principalmente pelo fato que hoje tem profissões novas que acabam te levando até esse lugar, como os influencers de TikTok, que eu não compreendo muito bem como funciona, rs... Então assim, no inicio foi muito complicado e difícil, terminei a novela e ai eu tinha a minha imagem, mas não tinha um novo trabalho novamente, até pelo fato de que eu era de outro estado, tinha que estudar, fazer tablado, passei até um tempo morando no Rio até me estabilizar, mas a moda sempre me ajudou muito, as pessoas me achavam diferente, eu me achava muito igual, me achava simpático na verdade, mas as pessoas me achavam diferente, com um tipo de beleza diferente e eu comecei a ouvir muito mais sobre isso de beleza no Rio, talvez pelo fato das pessoas terem um pouco mais de cabeça aberta e onde eu vivia era uma cidade pequena onde ser negro, jovem, não tinha esse negócio de beleza, eu também estudava em escola particular, com amigos brancos, então era mais visto como o simpático que dançava muito bem, mas como eu era jovem e muito pequenininho as meninas nem olhavam muito na minha cara, rs... Mas enfim, aqui no Rio de Janeiro descobri a moda e isso me ajudou muito, onde consegui trabalhar fazendo campanha mundial para a Coca-Cola, Antártica, fiz fotos para o Tommy Hilfiger que foi para o mundo inteiro e então os produtores e fotógrafos começaram a me procurar e eu fui juntando a moda para pagar as minhas contas e o teatro e a televisão como o exercício da profissão, mas o que me mantinha vivo no inicio era a moda, eu costumo falar que eu era um ator atuando como modelo e não um modelo atuando como ator, eu sempre fiz o caminho contrário, eu sentia que eu era ator do que modelo, mas a moda me deu muito mais estrutura no inicio da carreira do que o teatro e a televisão que oscilava muito, já na moda eu tinha mais trabalho publicitários as vezes.                 

Bruna Jones: Como ator, você esteve em diversos projetos diferentes: Novelas, séries, cinema, etc... E com isso, você já teve a oportunidade de interpretar diversos papéis diferentes. Como costuma ser o seu processo criativo quando recebe algum roteiro novo?
Creo Kellab: Eu sou um cara da música, então quando eu recebo um roteiro eu tento primeiro entender a espinha dorsal dessa história e quem é essa personagem na história, qual é a sua engrenagem para que o todo da história funcione. Eu acho que cada um tem a sua engrenagem para que o todo funcione, que nem um carro, cada um é uma peça que faz com que esse carro ande, não é somente as rodas que fazem ele andar, então eu tento entender isso. Após essa compreensão, eu tento achar uma música para esse personagem, eu sou um cara muito musical, escuto música quase que 24 horas por dia, mais do que vejo televisão, então eu preciso da música, eu associo o personagem com a música e ai eu vou lendo, vou decorando e pesquisando, achando o tom, a voz e o corpo desse personagem. Quando estou no set e preciso me conectar rápido com os elementos que me levam a essa personagem, eu escuto essa música e entro no clima. Meu processo é quase meio que musical e corporal, é por esses caminhos que eu vou conseguindo chegar na personagem.     

Bruna Jones: Entre os personagens que você fez, teve algum que acabou sendo mais difícil de compor ou se relacionar?
Creo Kellab: Teve uma personagem no teatro que foi mais complexo de compor, me relacionar até que foi ok, mas pra compor foi um pouco mais difícil. O nome do espetáculo era "Quarta Companhia", era uma companhia que eu fazia parte e contava a história de um garoto que se suicidou em um colégio militar e a gente tinha família desse personagem que participava dos ensaios dando informações, o autor que era o Desmar Cardoso que já é falecido e eu o tinha como um segundo pai, foi quem escreveu esse texto. Então essa personagem foi complicado pois ele era o melhor amigo da personagem que se suicidava, tinha nuances do colégio militar muito duras com eles e ai foi difícil ouvir certas palavras em cenas e achar o tom certo para a personagem, que tinha uma revolta e um medo ao mesmo tempo e próximo ao final ele acaba explodindo ao ponto de se tornar uma surpresa para quem está assistindo em entender de onde que ele tirou essa força, então acho que foi o mais difícil, não de se relacionar, mas sim em viver essa personagem.    

Bruna Jones: Atualmente, o cenário de atuação evoluiu muito graças às inúmeras plataformas que surgem a cada ano, como Netflix, Disney+, HBO Max, etc... Dando audiência em todo o mundo. Sabendo disso, como é para você ter essa noção de que sua imagem é influente mundo afora, que nesse momento alguém fora do Brasil, por exemplo, pode estar conferindo um de seus projetos e se emocionando de alguma forma?
Creo Kellab: Isso é uma coisa incrível, poder estar vivendo esse momento, sendo que eu vim de um lugar que não tinha esses streamings e novos canais e possibilidades, apesar que, uma emissora como a Globo de uma forma de menos alcance de um streaming, ela vende muita novela para muitos países, então eu consegui viver isso de reconhecimento e emocionar pessoas em outros países com personagens feitos aqui no Brasil, mas com os streamings é muito mais rápido, você tem mil possibilidades, portas e janelas gigantes, é muito rápido, as pessoas acessam e dão uma resposta muito rápida. Eu acho isso formidável, isso só facilita e aumenta as possibilidades de trabalho para toda a classe, eu posso dizer que isso é a melhor coisa que existe. Entre fazer uma novela e um seriado, prefiro o seriado, entre novela e cinema, prefiro o cinema... Mas eu amo estar no palco, o teatro é uma espécie de igreja pra mim, terreno de candomblé. É o lugar onde me sinto inteiro.        

Bruna Jones: Inclusive, um dos seus projetos mais atuais vem na plataforma "Star+" da Disney, na série "Impuros". Como foi para você entrar nesse projeto?
Creo Kellab: Esse projeto foi o inverso que me conectou a ele. Eu tenho um grande amigo, o André Gonçalves que faz essa série e eu nunca nem tinha assistido, mas sabia que ele e outros amigos estavam no elenco, mas o André eu tenho como um irmão, e eu estava no Brasil, tinha recebido o convite para fazer uma novela em uma emissora que eu já tinha trabalhado em algum momento atrás, mas eu não estava me sentindo seguro nessa emissora e a proposta era que eu precisava raspar o meu cabelo para a novela com um contrato de três meses, mas meu empresário não conseguiu achar um meio termo de ambas as partes, eu tinha algumas questões, uma parte deu certo e outra nem tanto e acabei que decidi não fazer esse projeto, mas nesse meio tempo, no máximo em duas semanas, recebi o convite para fazer o "Impuros" e o André disse para que eu fizesse e que não iria me arrepender, fomos indicados ao Emmy inclusive, na mesma hora topei, entrei na quarta temporada e foi incrível, viramos uma família, respeito todos os profissionais que estão lá, fui bem recebido e dentro das minhas possibilidades eles me entenderam, pois não trabalho aqui e tive que fazer algumas mudanças de datas ou fazer dublagens na Califórnia. Eu amo estar em "Impuros", é um sucesso no país e fora dele também. É um prazer fazer parte desse projeto.        

Bruna Jones: Hoje em dia, os realities se tornaram uma grande aposta das emissoras tanto no Brasil quando fora dele, temos realities de competição física, confinamento, musical, etc... Se você fosse convidado, aceitaria participar?
Creo Kellab: Na verdade o primeiro reality show que existiu foi o "Hipertensão", antes de chegar o "Big Brother Brasil" a Endemol que são os donos desses programas, criou esse formato de competição e eu participei desse, que tinha a direção do Boninho, como eu vim do esporte e isso tinha a ver, acabei participando desse reality show, não ganhei, mas eu gostava da competição, fui arrastado por um cavalo em uma prova, foi incrível. Eu acho que participaria, as vezes eu falo que não, mas em outros momentos eu acredito que sim, o "Big Brother Brasil" é uma exposição gigantesca que pode te levar para cima ou para baixo, mas ninguém é perfeito, acho que seria um lugar para se testar e se ver num outro ponto de vista, as atitudes que talvez no dia a dia você não perceberia, mas eu acho que sim. É algo para se pensar, depende do reality show, tem alguns que eu acho que é muito caos e eu não gostaria disso, mas acho que participaria sim.        

Bruna Jones: Falando um pouco da sua vida pessoal agora, você tem o hábito de ajudar em projetos sociais, não é mesmo? Para você, qual é a importância de ter essa oportunidade de retribuir um pouco com aqueles que precisam? 
Creo Kellab: Projetos sociais e humanitários são tão importantes na minha vida quanto atuar, em alguns momentos foram até mais importantes pra mim. Hoje é o que me faz ver brilho na vida, eu acho que o universo me deu coisas, mas também me emprestou outras, eu tive esse entendimento alguns anos atrás. O grande lance é passar esse bastão, eu também participei de projetos sociais quando criança e muitas coisas foram passadas para mim, então agora era o momento de passar o bastão como uma corrida, você corre e passa o bastão pro próximo até que no fim todos acabam se tornando campeões. Então o projeto social é o estilo de vida que quero pra mim, vou sempre ter o olhar social para tudo, sempre vou doar o meu tempo, o meu raciocínio, contatos, para um bem maior de um todo, seja no meu país ou fora dele. Eu passei 20 dias a uns dois meses em um campo de refugiados na Eslováquia, tenho experiências grandes em outros países com essas ações que me levaram a conhecer pessoas incríveis e nada disso eu me arrependo, pelo contrário, eu só agradeço pois me tornei uma outra pessoa.         

Bruna Jones: Já estamos quase no segundo semestre do ano e felizmente podemos viver uma vida relativamente mais tranquila novamente, dito isso, tem novidades vindo por aí? Algo que possa compartilhar com a gente? 
Creo Kellab: Eu tenho uma coisa muito boa para compartilhar com vocês! No próximo semestre, a partir de julho estarei em Marrocos, pela primeira vez em um continente africano, dirigindo um projeto que eu já fazia na Polônia chamado "Brave Kids", que é um festival que envolve 50 países, com crianças de 8 até 14 anos, fui convidado pelo governo marroquino para dirigir esse projeto de maneira geral e o show final. Estou indo para lá, já estou me preparando aqui no Brasil com essas férias, mas vou sair da Califórnia e vou pra lá dirigir esse projeto que é um desafio para mim, pois é a primeira vez que faço a direção geral de um projeto tão grande. Estou nessa expectativa e também da estreia da quinta temporada de "Impuros".       

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "O recado que eu queria deixar para você é: Sempre que puderem ajudar o próximo, ajude ou então escute. As vezes elas não querem dinheiro, só querem ser ouvidas ou receber um bom dia. Em alguns momentos passamos pela rua e encontramos pessoas sentadas ou deitadas e estão ali como se não existissem na sociedade, então um bom dia para elas muda o dia e pode mudar a vida, dar a esperança para buscar mudar de situação, então eu nunca nego um bom dia. Mesmo que a pessoa não me retorne o bom dia, eu o faço do mesmo jeito independente do que vem de volta. Eu tenho experiências reais de como um bom dia pode mudar a vida de pessoas, então façam isso. Tenham também um olhar mais sensível, vivemos hoje em um mundo de likes onde se tem muito likes é bom e se não tem é ruim. Então, acho que é isso. Um bom dia muda a vida de qualquer pessoa." e se vocês quiserem continuar acompanhando ele nas redes sociais, é só procurar por @creokellab tanto no Facebook quanto no Instagram, mas ele avisa que talvez em breve venha ai um TikTok, que é para ficarem de olho.

Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?

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