quarta-feira, 7 de abril de 2021

Bruna Entrevista: 10x41 - Luis Lima


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado de hoje é chef que participou da primeira temporada do "MasterChef" da Band, estou falando do querido Luis Lima que vem compartilhar com a gente um pouco das suas experiências profissionais. Vem conferir tudo isso e mais um pouco, agora!

Bruna Jones: Antes de o programa iniciar você era analista judiciário, não é? O que lhe levou a escolher essa área como profissão? O sonho de seguir a gastronomia sempre esteve aliado a ela, ou foi surgindo ao longo do tempo? 
Luis Lima: Na televisão é tudo muito corrido, não dá tempo de explicar muita coisa. Me formei em Design de Interfaces e sou analista judiciário na área de tecnologia da informação. Mas a gastronomia veio antes: Eu gosto de cozinhar desde criança, minha mãe sempre me deu liberdade pra experimentar, e aos 15 anos já preparava a ceia de natal da família. Na época a gastronomia não tinha tanta popularidade e seguir carreira era mais difícil, faltava curso superior, faltava incentivo. Então eu acabei seguindo por outra área em que também me afeiçoei desde cedo. Mas o sonho continua bem claro na minha mente, de abrir um restaurante bem pequeno, longe dos grandes centros. 

Bruna Jones: Em 2014, você se aventurou a participar da primeira temporada do "MasterChef Brasil". O que lhe motivou a se inscrever? Você já conhecia as temporadas internacionais do reality? 
Luis Lima: Eu já havia acompanhado alguns episódios das edições US, UK e Peru. O que mais gostei nessas edições foi a regionalidade da comida peruana. E não sei por que, mas depois que participei eu parei de acompanhar, hoje vejo algumas cenas de vez em quando, mas nunca parei pra assistir a temporada que participei. Sempre que eu assistia outras edições, ficava pensando em como eu iria me comportar, o que eu iria cozinhar caso participasse, acho que é o que todo mundo faz, e a maior graça de ver um reality show é se colocar no lugar das pessoas. O que mais me motivou a me inscrever no MasterChef foi a oportunidade de cozinhar para chefs profissionais. Muito mais do que aparecer na TV (o que na verdade pra mim é um problema, e não um atrativo), o que eu queria era saber se o que eu cozinhava era realmente bom. 


Bruna Jones: Como sabemos, a rotina do reality show é intensa, com várias fases eliminatórias a se encarar antes mesmo de apresentar seu prato para os três jurados da competição. Para você, como foi enfrentar todas essas etapas? 
Luis Lima: No meu caso isso daria um reality à parte! Pra resumir uma dessas etapas: na primeira fase foram 300 participantes, acho que a primeira temporada foi a única a fazer isso. Tínhamos que apresentar um prato no estacionamento do Estádio do Pacaembú e, mesmo pra quem mora em São Paulo, chegar cedo com comida pronta já era um desafio, imagina pra mim, que estava longe. Optei pela pior estratégia de todas: pegar um vôo com conexão em Brasília, onde mora meu irmão, e cozinhar na casa dele pra depois voltar ao aeroporto e assim chegar a São Paulo com tudo pronto pra ir direto apresentar. Peguei minha mala grande, ingredientes e panelas minuciosamente planejados e entrei no avião. Óbvio que tudo deu errado. Na conexão em Brasília, perderam minha mala e gastei duas das seis horas da conexão tentando encontrá-la. Sem tempo hábil, a solução foi passar num supermercado 24 horas, criar outra receita na hora e cozinhar com a única panela que meu irmão tinha em casa. Depois do sufoco, consegui chegar no Pacaembú, sem dormir, cansado, porém empolgado com a primeira vitória. E isso foi só o começo! 

Bruna Jones: Como foi a sua experiência com os comentários feitos sobre os pratos entregues durante as provas do programa? 
Luis Lima: Os comentários, bons ou ruins, foram a melhor parte do programa. Pelo menos pra mim, que estava lá pra isso. O meu objetivo era gerar surpresa. Cozinhar sem receita, criar de verdade e apresentar alguma coisa que os chefs não conheciam, não esperavam. Isso era mais importante que simplesmente tentar seguir alguma receita mais clássica ou até copiar algo conhecido. Olhando em retrospecto, vejo que fui completamente louco, mas no final acabou dando certo e hoje eu posso dizer que cozinhei mais de trinta vezes pra três dos chefs mais badalados do Brasil. 

Bruna Jones: Foi difícil para você deixar a sua cidade no Piauí para participar do programa, que leva os participantes a vários locais diferentes do Brasil? Como era a rotina de gravações das provas? 
Luis Lima: Como eu disse antes, na TV fica tudo pouco explicado. Não ficou claro no programa, mas eu nasci e cresci no Piauí, morei dez anos em Brasília e tinha mudado há seis meses pra Manaus quando entrei no MasterChef. A vida meio nômade e adaptação a diferentes culturas ou situações não era problema pra mim, mas tive vários percalços. O mais complicado da logística é você não saber até quando fica, afinal, você pode ser eliminado a qualquer momento. A hospedagem fica bem difícil de planejar, eu comecei em hotel, depois fui pra alguns hostels, e acabei morando na casa de um conhecido que acabou virando um grande amigo. Eu dormia na cozinha da casa dele, único lugar onde cabia um colchão, e isso foi muito simbólico pra mim, foram dias em que eu literalmente respirava gastronomia. A rotina de gravações é massacrante. Você vive tenso, tem muita espera e muita surpresa. Eu tenho cinco hérnias de disco, e pra mim essa foi a pior questão a lidar no dia a dia, aproveitava os momentos de espera pra deitar no chão e guardar as energias pra gravação. 


Bruna Jones: Para participar de um reality show, durando ele o tempo que for, os participantes precisam abrir mão de algumas coisas para estar à disposição da produção durante o período de gravação. Você teve que mudar algo na sua vida para participar do "MasterChef Brasil"? 
Luis Lima: Eu abri mão de muita coisa. Tinha acabado de mudar pra Manaus pra assumir um cargo, não podia tirar férias, então a saída foi pedir licença não remunerada e gastar as poucas economias que haviam sobrado da mudança. Eu fui pensando que ia participar um dia e voltar, acabei gravando todos os episódios. Quando as economias acabaram eu fiz um empréstimo (que não paguei ainda) pra manter as contas em dia. Mas essa não era a parte mais difícil: eu e minha esposa tínhamos acabado de engravidar da nossa única filha, e acabei perdendo uma parte muito importante da gravidez. Pensando bem, cozinhar era a parte fácil. 

Bruna Jones: Sabemos que os três jurados do programa não têm muito contato com os participantes fora das gravações para que se mantenha certa neutralidade. Mesmo assim, ao longo das temporadas pudemos ver que eles se afeiçoam mais por alguns e cobram mais de outros. Como era a sua relação com a Paola, o Fogaça e o Jacquin? 
Luis Lima: Durante os bastidores eu mantive zero contato. Além de a produção cuidar bastante da neutralidade, eu não queria me manter concentrado. Já depois do programa eu tive algum contato com todos. Tive oportunidade de conversar brevemente com a Paola quando ela esteve em Manaus pra gravação de um episódio da segunda temporada, cozinhei com o Fogaça em duas oportunidades, também em Manaus. Mas tive mais proximidade com o Jacquin, um dia eu estava em casa quando recebi uma mensagem de áudio dele dizendo “Luis, estou em Manaus, venha me ver!”. A partir desse dia, sempre que ele estava em Manaus eu mudava minha rotina pra cozinhar um pouco ou dar umas voltas. Infelizmente não pude aceitar o convite pra trabalhar pra ele num dos restaurantes. 

Bruna Jones: Você foi muito longe na sua temporada, chegando ao último episódio e terminando a competição em terceiro lugar. Em algum momento chegou a pensar que iria ser eliminado? Ou que não conseguiria chegar à final? 
Luis Lima: Sempre! A sombra da eliminação paira sobre sua cabeça o tempo todo, é isso que dá tensão, emoção e graça ao programa. A meta não era chegar à final, eu lutava pra entregar o próximo prato da melhor maneira possível. Sou assim na cozinha de verdade também. 


Bruna Jones: Ao término do programa, o que mudou na sua vida? Quais as principais diferenças entre o Luis de antes e o de depois do “MasterChef Brasil”? 
Luis Lima: Minha filha nasceu uma semana depois da final do MasterChef, e depois disso eu optei por dar atenção total à ela. Mas apesar de não ter aproveitado todas as oportunidades, o programa foi, sob vários aspectos, uma grande escola. Aprendi bastante sobre o universo da gastronomia e um pouco sobre televisão, e ter participado do reality me abriu várias portas que eu jamais teria atravessado se não fosse pelo MasterChef. 

Bruna Jones: Nos últimos anos, a “reciclagem” de participantes de reality show virou algo comum na televisão brasileira. Você aceitaria um convite para participar de “A Fazenda” ou “BBB”, por exemplo, ou até mesmo de uma nova temporada do “MasterChef Brasil” com concorrentes já conhecidos? 
Luis Lima: Claro! Óbvio que sempre depende da situação da vida pessoal de cada um, mas como já enfrentei situações bem adversas antes, é bem provável que conseguisse participar. A maioria das pessoas pensa no lado financeiro, de carreira, de exposição, etc. Mas pra mim, uma experiência surreal como a de um reality show não tem preço. Eu iria sim! Só depois iria pensar se valeu a pena ou não. 

Bruna Jones: 2020 foi um ano atípico e, de certo modo, frustrante. Para esse novo ano que está se iniciando, você já tem algum projeto em mente? Há algo que queira/possa compartilhar conosco? 
Luis Lima: Foi ano ruim pra todo o mundo, mas em especial nas áreas que, como a gastronomia, dependem de um local cheio pra pagar as contas e não puderam fazer isso. Conheço muita gente boa nessa área, que está numa situação difícil, mas felizmente temos muitas alternativas, além do delivery. Hoje você pode ser um ótimo cozinheiro sem necessariamente vender comida. Dá pra trabalhar com cursos, fazer vídeos, ajudar pessoas. O que me dá mais prazer é conseguir fazer uma comida sofisticada em casa, gastando metade do que gastaria num restaurante e, muitas vezes, com a mesma qualidade. Eu queria muito ensinar isso pras pessoas, dar essa liberdade. Quando você cozinha bem, passa a valorizar os restaurantes certos. Tenho um canal no YouTube desde 2013, o “Me Passa a Receita”, mas é um projeto que eu sempre fiz absolutamente sozinho, então é um hobby que, assim como o uso de redes sociais, levo muito devagar, sempre com tranquilidade. Quem sabe um dia vou conseguir me dedicar mais a esse projeto ou conseguir parcerias (como a última que fiz com a Fanta/Coca-Cola) pra gravar mais vídeos, mas por enquanto a vida pessoal, de verdade, vem primeiro. 


Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho, olha só: "Se você gosta de cozinhar, continue cozinhando. Faz bem de várias formas! Se não sabe, está na hora de começar a aprender. E se precisar de alguma dica, pode me procurar. No mais, foi um prazer compartilhar com vocês algumas coisas sobre mim. Espero que tenham gostado!" e se você quiser continuar acompanhando, basta seguir nas redes sociais: Instagram é @luismasterchef, no Twitter é @Mchef_Luis e para conhecer o canal dele no YouTube é só clicar AQUI.

Espero que vocês tenham gostado, em breve eu volto com mais! Qualquer novidade eu volto, lembrando que quem quiser entrar em contato comigo, pode add no facebook, procurando por "Bruna Jones" e que agora na página oficial do blog, vocês encontram conteúdo exclusivo: clique aqui! Podem também procurar e seguir no twitter e instagram no @odiariodebrunaj certo?

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