Bruna Jones: Antes do programa você era estudante de engenharia, não é mesmo? O que lhe levou para essa área? E o desejo de seguir gastronomia, sempre esteve ali ou foi surgindo ao longo do tempo?
Martin Casilli: Sim! Eu cursava engenharia de produção no Instituto Mauá de Tecnologia em São Caetano do Sul. Essa decisão por tentar seguir no mundo da engenharia se deu pela minha facilidade em lidar com números e minha admiração pela profissão com o jeito de solucionar problemas, mas com o passar do tempo eu fui percebendo que o caminho para essa profissão não era aquilo que esperava e acabei entrando em um descontentamento muito grande e a gastronomia acabou sendo o pilar que me permitia momentos de felicidade em uma rotina que estava por me machucar, e com isso o gosto foi se tornando cada vez maior.
Bruna Jones: Em 2014, você se aventurou a participar da primeira temporada do "MasterChef Brasil". O que lhe motivou a se inscrever, ainda mais considerando que o formato era até então desconhecido do público brasileiro? Já havia assistido as edições internacionais do reality?
Martin Casilli: Minha maior motivação para participar do "MasterChef" veio de minha ex-namorada que sempre admirou muito meu jeito de cozinhar e acreditava que eu tinha um potencial latente muito forte para a profissão. De início eu achei uma perda de tempo me inscrever no reality, pois acreditava que não possuía o necessário para me destacar, por acompanhar os formatos internacionais não acreditava que estava no mesmo patamar dos outros participantes que via até então.
Bruna Jones: Para participar de um reality show, durante o tempo que for, os participantes precisam abrir mão de algumas coisas para estar à disposição da produção durante o período de gravação. Você teve que mudar algo na sua vida para participar do "MasterChef Brasil"?
Martin Casilli: Sim, as rotinas de gravação do "MasterChef" são muito intensas, lembro que durante esses dois meses subsequentes em que fiquei imerso nas gravações eu me ausentei totalmente em meu curso na faculdade e minha relação com amigos e familiares se afetou bastante, pois eu praticamente dormia e cozinhava em todos os momentos que tinha, rs.
Bruna Jones: Como sabemos, a rotina do reality show competitivo é intensa, com várias fases eliminatórias a se encarar antes mesmo de apresentar seu prato para os três jurados da competição. Além disso, vocês precisam se relacionar com os outros participantes. Como foi para você essa relação com os demais? Era um clima mais amigável ou mais tenso devido à competição?
Martin Casilli: Era um clima misto, eu me apoiei em muitos que conheci lá dentro por uma compatibilidade de visões de mundo e até por proximidade durante o processo. Por exemplo, a primeira pessoa que conheci dentro do formato foi o Mohamad no dia em que gravamos a prova no estádio do Pacaembu, onde eu e ele estávamos lado a lado durante as diversas horas que esperamos até o início das gravações no dia. Acredito que pela novidade do formato, as relações que fizemos lá dentro foram muito honestas e inocentes, pois não tínhamos ainda noção do gigante que o programa se tornaria. Eu me apeguei muito aos amigos que fiz e até acabei sofrendo um pouco durante as gravações ao ver amigos sendo eliminados.
Bruna Jones: Num modo geral, uma competição culinária costuma ser bastante competitiva e, obviamente, os jurados estão em constante busca por melhores resultados. Como foi a sua experiência com os comentários feitos sobre os pratos entregues durante o programa?
Martin Casilli: Ouvi algumas críticas duras durante o programa que acabaram por me afetar positivamente e negativamente também. Acho que por ser muito jovem na época (20 anos), eu ainda não sabia lidar tão bem com a pressão e meu repertório ainda era bem escasso comparado a hoje em dia, então acredito que tudo que foi dito teve sua verdade para me ajudar nos próximos passos que tomei.
Bruna Jones: Sabemos que os três jurados do programa não têm muito contato com os participantes fora das gravações para que se mantenha certa neutralidade. Mesmo assim, ao longo das temporadas pudemos ver que eles se afeiçoam mais por alguns e cobram mais de outros. Como era a sua relação com o Fogaça, o Jacquin e a Paola?
Martin Casilli: Minha relação com os três chefs sempre foi muito boa durante o programa, mas eu me apeguei especialmente com a Paola que sempre foi muito carinhosa e com uma postura muito leve comigo, sempre dando conselhos para ajudar meu desempenho. Hoje em dia pouco vejo os chefs, mas se os encontro sempre conversamos sobre como tudo mudou de lá para cá.
Bruna Jones: Que dicas você daria para os participantes de uma nova temporada do "MasterChef Brasil"?
Martin Casilli: Não force um personagem que você não é, pegue seus pontos negativos e positivos e os trabalhe para ser mais interessante o possível, o carinho e o afeto do público vão ditar muito como você vai aproveitar o período pós-programa. E o principal que os chefs sempre falam, menos é mais. Não tente ousar fazendo coisas que você não sabe, um simples bem feito sempre será melhor que algo mirabolante mal preparado.
Bruna Jones: Hoje em dia, você é sócio da Sky Hall Terrace Bar, um gastrobar em São Paulo. Como esse projeto surgiu na sua vida? Pode nos contar um pouco mais sobre essa vivência?
Martin Casilli: O projeto do Sky Hall Terrace Bar se iniciou em 2015, onde em uma viagem aos Estados Unidos pude perceber um movimento muito forte nas cidades que visitei de Rooftop Bars que estavam em alta e percebi que uma capital tão cosmopolita e global que nem São Paulo não tinha praticamente nenhum projeto do tipo, por isso comecei a desenhar aquilo que seria o ideal para a cidade até encontrar nosso ponto onde pude desenhar algo que fosse minha cara, um local descontraído e com uma pegada ecológica onde todos podem desfrutar de um bom drink e uma boa comida sem se sentirem intimidados pelo espaço. Abrimos a casa em 2017 e já passamos por muitas aventuras e continuamos perseverantes para abrir novos projetos futuros e manter nosso bom serviço.
Bruna Jones: Nos últimos anos, a reciclagem de participantes de reality show virou algo comum na televisão brasileira. Você aceitaria um convite para participar de "A Fazenda" ou "BBB", por exemplo, ou ainda de uma nova temporada com antigos participantes do "MasterChef Brasil"?
Martin Casilli: Hoje em dia eu tenho um foco muito forte para continuar a empreender no meio gastronômico e a publicidade é sempre algo importante para se conquistar os louros pretendidos em nossos projetos, mas, por exemplo, na primeira temporada do "MasterChef: A Revanche" eu recebi o convite para participar, mas tive que recusar por justamente estar muito focado em minha empresa. Mas quem sabe eu não possa aparecer no "BBB22", o futuro a deus pertence! :p
Bruna Jones: 2020 foi um ano atípico e, de certo modo, frustrante. Para esse novo ano que está se iniciando, você já tem algum projeto em mente? Há algo que queira/possa compartilhar conosco?
Martin Casilli: 2020 foi um ano de reaprendizado e ressignificação de nossos planos de expansão. Tenho uns três projetos engatilhados para iniciar agora em 2021, mas tudo dependerá de como o mercado se comportará, por isso prefiro manter tudo em segredo!
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Muito obrigado por acompanharem meu trabalho, fico muito orgulhoso quando penso que ainda tenho um carinho tão grande mesmo passados quase 7 anos de minha participação do "MasterChef". Com certeza esse carinho todo já me tirou de muitas situações ruins e me abriu diversas ótimas oportunidades.
Vocês podem sempre me achar no @martincsl no Instagram ou no @skyhallbar é só mandar uma DM com uma pergunta ou o que preferirem que eu respondo! :)"
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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