Bruna Jones: Início de carreira sempre é um período complicado. Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou no começo da caminhada artística até conseguir se firmar nessa área?
Simone Mazzer: Quando eu comecei, a música veio um pouco antes do teatro, numa cidade do interior. A produção é mais fácil, porém o mercado é pequeno. A dificuldade era conseguir sobreviver disso. Ou seja, a mesma de hoje, só que em proporções diferentes. Hoje eu tenho um nome que uma fatia do mercado já conhece, tenho um público fiel, e tenho a convicção de que estou fazendo o que quero fazer. Num início de carreira, às vezes a gente não tem muita segurança no que deseja fazer...
Bruna Jones: Musicalmente falando, quais são as suas maiores inspirações e como elas interferem no seu trabalho autoral?
Simone Mazzer: Tenho muitas inspirações, pois a música está na minha vida desde muito pequena. Não como artista, num primeiro momento, mas como ouvinte mesmo. Sempre gostei demais de ouvir música: os grandes nomes da era do rádio, pop, rock, música brasileira... Muitas referências ao longo desses anos todos. Citaria aqui: Ângela Maria, Billie Holiday, Siouxsie, Rita Lee, Elis... Verdadeiras fontes de inspiração.
Bruna Jones: Recentemente, você esteve brilhando nos palcos da nona temporada do "The Voice Brasil". Quais foram as suas principais motivações para encarar esse desafio?
Simone Mazzer: Quis participar por ser muito fã desse tipo de programa, e também por querer alcançar um público maior. Sem falar, é claro, do desafio que é não pertencer ao padrão estético-vocal que temos em voga atualmente. Sentia que era necessário mostrar pro público que consome esse tipo de produto, que outros corpos, vozes e estilos existem. Que não existe padrão para a arte. Eu, mulher, gorda, 52 anos de vida, estava ali com meus 30 e tantos anos de carreira, mostrando para pessoas iguais a mim, que é possível ser artista sim.
Bruna Jones: Pra quem não sabe, o "The Voice Brasil" começa julgando seus participantes unicamente pela voz. Caso algum jurado goste do que está ouvindo, ele aperta o botão "QUERO VOCÊ" e escolhe o artista para seu time. Como é a sensação de cantar e estar sendo avaliado sem que haja contato visual com quem está te analisando?
Simone Mazzer: Está ai uma coisa que sempre me deixou curiosa... Sempre pensei nisso. Na prática, é indescritível. Tudo é muito intenso. Toda a preparação, os momentos que antecedem os minutos antes, aquela estrutura gigantesca, você ali sozinha... Nossa! Nunca me senti tão nervosa e ansiosa... dá medo? Claro! e se não virar ninguém? rsrsrs... Passa muita coisa na cabeça... Mas foi uma experiência única. Fiquei muito agradecida pelo Brown ter me permitido isso.
Bruna Jones: Você competiu no programa pelo time Carlinhos Brown. O que você aprendeu com o cantor nessa caminhada?
Simone Mazzer: Desde edições passadas o Brown sempre me encantou com seu olhar livre e ouvidos sensíveis. Isso pauta e muito minhas escolhas na vida. Procuro não me fechar num único estilo, nem numa única rotina de trabalho... E estar ali, naquele time, só reforçou isso pra mim. Ali comigo, estavam pessoas muito diversas em suas cores, jeitos, idades, sonoridades... e estávamos juntos. Isso traduz muito o que é a cultura de um povo. Me orgulho por ter estado ali, sob a batuta do Brown, que transpira essa diversidade em sua obra e em sua conduta ali com a gente.
Bruna Jones: Num modo geral, uma competição musical costuma ser bastante competitiva e, obviamente, os jurados estão em constante busca por melhores resultados. Como foi a sua experiência com os comentários feitos sobre as suas apresentações durante o programa?
Simone Mazzer: Pra mim é muito tranquilo ouvir a opinião do outro. Um exercício que pratico há muito tempo... Venho do teatro de grupo, um espaço onde as opiniões são necessárias. Sempre as ouço, sejam boas ou não boas, pensando no que elas podem contribuir na minha constante evolução como artista e como ser humano. Nesse sentido, é preciso entender que aquelas pessoas que estão ali, naquele papel de juízes naquele momento, julgam com base num pequeno recorte de uma foto bem maior do que o que se apresenta ali. às vezes pode ser que você não esteja com a tranquilidade necessária para atingir o seu objetivo com aquela determinada canção naquele momento, talvez, em outra ocasião fosse melhor... Talvez você não esteja bem naquele dia, tudo pode acontecer... Não somos máquinas, somos suscetíveis a muitas coisas, e tudo pode interferir na sua performance. Por isso é preciso um certo distanciamento para essa análise. E, no meu caso, sempre recebi com muita tranquilidade o que me foi apontado ali.
Bruna Jones: Como você está lidando com toda a visibilidade que o programa trouxe para a sua carreira? Como é a sua relação com os fãs que chegaram depois dessa participação?
Simone Mazzer: Sou muito tranquila com isso. Adoro me comunicar com os fãs. Como não tenho milhões de seguidores, é claro que fica mais fácil de estar mais presente nessa comunicação. Muitas vezes sou eu mesma quem responde às mensagens, aos comentários. Eu gosto disso. Na prática, ainda não sei a reação dos fãs num show, pois estamos em plena pandemia e eu estou isolada desde março/20. Não me arrisco em eventos presenciais, pois sou muito vulnerável à Covid-19... Então, espero que quando estivermos vacinados e seguros, eu possa voltar a ter esse contato com a plateia, que eu tanto gosto!
Bruna Jones: Devido à pandemia, a temporada buscou seguir os protocolos indicados pela Organização Mundial da Saúde. Uma das novidades foi o confinamento dos participantes em um hotel. Existe alguma história de bastidor que seja divertida/curiosa e você queira compartilhar?
Simone Mazzer: Sou muito fácil de convivência. Me adapto fácil aos ambientes. Ali com o pessoal do "The Voice Brasil" eu, infelizmente, tive muito pouco contato... Mas tem uma história que eu amo... Já nos meus momentos finais ali, um dia alguém bateu à porta do meu quarto, coloquei a máscara e fui ver quem era... Ninguém. Abri, olhei de um lado, do outro, e nada... Quando fui fechar a porta, vi que havia um CD embalado numa sacolinha plástica presa à maçaneta da porta. Peguei e vi que era da Larissa Vitorino! Que me ligou em seguida dizendo que ficou com vergonha... Bateu na porta, deixou o disco e saiu correndo!! Amei!! Adoro Larissa, uma figura...
Bruna Jones: Nos últimos anos, a reciclagem de participantes de realities virou algo comum na televisão. Você aceitaria um convite para participar de "A Fazenda", "BBB" ou, quem sabe, retornar ao próprio "The Voice"?
Simone Mazzer: Retornaria ao "The Voice Brasil", fácil. Quanto aos outros... Não sei... Tem aquelas provas todas, e eu sou bem ressabiada nessa questão da gincana, apesar de ser ex-atleta. Sou gorda, né? Infelizmente, essas provas são ainda muito gordofóbicas... De resto, como disse, sou fácil de conviver, me adaptaria fácil.
Bruna Jones: 2020 foi um ano atípico e, de certo modo, frustrante. Para esse novo ano que está se iniciando, você já tem algum projeto em mente? Há algo que queira/possa compartilhar conosco?
Simone Mazzer: Bem, 2020, apesar de tudo, me trouxe coisas ótimas. Mas ficar um ano inteiro sem me apresentar foi horrível. Para 2021, já sabendo que o isolamento ainda é uma realidade, estou com projetos que possam ser realizados nesse formato. Tenho um álbum pra produzir e lançar, projetos remotos... enfim, "caçando coisas pra fazer"...
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ela ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Desejo que em 2021, todos se protejam, se cuidem, se respeitem, e que mantenham olhos, ouvidos e corações abertos!! Saúde pra todos nós!" e para continuar acompanhando, basta seguir nas redes sociais, no Instagram é @simazzer, no Facebook é @simonemazzer.music, no YouTube é @simonemazzer, no Twitter é @simonemazzer. E em todas as plataformas digitais vocês podem conferir seus álbuns e singles, beleza?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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