quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Bruna Entrevista: 9x67 - Elena Grinenko
Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E a nossa convidada de hoje além de ser internacional, também é conhecida dos apaixonados por dança e reality show, estou falando da querida Elena Grinenko. Convidamos a moça para conversar um pouco sobre suas experiências profissionais e também para falar sobre o "Dancing with the Stars" onde ela foi uma das professoras de algumas temporadas do programa, vem conferir!
Bruna Jones: Você é uma dançarina profissional com grande experiência no currículo. Qual foi o seu primeiro contato com a dança? O que a motivou a fazer disso uma carreira?
Elena Grinenko: Meu primeiro contato com a dança foi através da minha mãe, que me inscreveu em aulas de dança de salão. Originalmente ela queria na realidade que eu fizesse ballet, mas por alguma razão meu pai não gostava muito. A filha da amiga dela estava fazendo dança de salão, então fomos a uma competição, vimos aquilo e ambas amamos. Depois disso ela me inscreveu nas aulas em setembro, me lembro disso bem claramente, porque eu estava na primeira série e tinha sete anos. Então foi nessa idade que comecei a ter aulas de dança de salão em Moscou, Rússia. Não sei se realmente tive uma motivação, já que não houve um episódio em que eu disse para mim mesma “quero fazer disso minha carreira”. Acho que foi uma progressão natural, pois eu iniciei quando tinha sete anos e tive sorte o suficiente para me sobressair na carreira de forma rápida. Inclusive minha primeira competição foi o “Moscow Championship”, em dezembro, mesmo tendo iniciado a competir em setembro daquele ano, pois comecei dançando com um parceiro experiente logo de cara. Eram cento e oitenta pares competindo e fomos os segundos colocados, então minha carreira meio que foi continuando, claro que com altos e baixos, mas com dezessete anos eu já tinha vencido o “National Youth Championship”. Após o fim da União Soviética, eu e meu parceiro dançamos no primeiro “Russian Nationals – Youth Category”, para dezesseis ou dezessete anos, e eu tinha apenas treze, pois ele era mais velho, e nós ficamos na segunda colocação. Aí fomos à Alemanha para representar o país no “World Championship”. Então eu sinto que por conta da minha carreira ter sido bem sucedida, foi uma progressão natural eu amar o que fazia, sendo boa naquilo, querendo continuar a crescer e tendo ídolos que eu acompanhava e cujos passos queria seguir desde pequena.
Bruna Jones: O início da carreira costuma ser um pouco mais difícil. Quais foram as dificuldades encontradas até você conseguir se estabilizar?
Elena Grinenko: Sim, realmente, qualquer início de carreira é difícil porque você dedica muito tempo, suor e sangue em algo que absolutamente ama, mas é aquela coisa de que nada se consegue sem trabalho duro. Quando eu era pequena, minha carreira era tão séria logo de cara, tão intensa, competindo em quase todos os fins de semana, indo a aulas de dança todos os dias e demorando uma hora e meia para ir até elas e outra uma hora e meia para voltar à minha casa. Eu praticamente não tive uma infância, uma vida, podemos dizer, pois eu ia à escola, chegava em casa, fazia meu tema, entrava no metrô, chegava à dança, entrava no metrô novamente e voltava para casa. Todos os meus amigos já estavam dormindo quando eu finalmente chegava em casa, e caso o tema não estivesse concluído, tinha que voltar a ele. Aí eu acordava, sem querer realmente acordar, já que não tinha dormido o suficiente, e tudo recomeçava. As dificuldades eram que eu não literalmente não tinha tempo para mais nada, o que foi especialmente difícil quando eu era adolescente, porque eu queria sair, ir à festas de aniversários dos amigos, ter um namorado, e tudo isso era bem limitado. Por conta disso, teve um período entre meus treze e quinze anos em que eu queria desistir da dança, mas felizmente eu não fui em frente com a ideia, pois absolutamente amo o que faço.
Bruna Jones: Ser dançarina profissional é algo que requer muito esforço físico, estudos e criatividade. O que a inspira em sua vida diária?
Elena Grinenko: Acho que como uma dançarina que começou tão cedo, isso se torna uma parte tão grande de si mesma. É como se você não dançasse porque tem que dançar, mas sim porque deve dançar, é um sentimento inseparável. Eu falei que comecei a dançar com sete anos, mas tenho memórias de mim ainda mais nova, talvez com quatro ou cinco anos, e a dança está tão entranhada em mim, que provavelmente já naquela época eu dançava. Simplesmente não tenho imagens de mim não dançando. Essa paixão é o que te motiva, porque mesmo se você para de competir ainda jovem, e eu parei de competir aos vinte e nove anos, então você participa de shows, e quando essa fase se encerra, sua criatividade não acaba, pois há casais que foram inspirados pela sua dança que você pode ajudar a se desenvolver e você mesma cresce nessa situação, não como dançarina, mas como professora, e ajuda outros a se tornarem melhores dançarinos. No começo sua carreira é bem egoísta, é tudo sobre você, aquele impulso necessário para atingir o que você quer, os resultados, o estilo, o conhecimento. Você é como uma pequena esponja. Agora é totalmente o contrário, você faz essas coisas para outras pessoas, outras pessoas são as esponjas e você é quem permite que a criatividade flua. Para falar a verdade, para mim é tão satisfatório quanto dançar eu mesma, ajudar alguém a melhorar, a adquirir mais conhecimento, a dançar melhor, contribuindo com sua dança e sendo parte dela.
Bruna Jones: Em 2006, você se aventurou como instrutora profissional em "Dancing with the Stars", sendo responsável pelo jornalista Tucker Carlson. Como essa oportunidade surgiu em sua vida?
Elena Grinenko: A oportunidade para o “Dancing with the Stars” na realidade veio de uma forma super aleatória! As pessoas que produzem o programa têm um funcionário para especificamente procurar talentos, sejam eles os famosos, sejam os dançarinos. Então eles procuraram os melhores casais dos Estados Unidos e literalmente todos os melhores de vários estilos diferentes foram contatados pela BBC. Recebemos ligações deles dizendo que estavam para iniciar um novo programa chamado “Dancing with the Stars”, que tinham pesquisado sobre nós e gostariam que participássemos. Eu estava competindo fortemente ao lado do Maksim Chmerkovskiy naquele momento, e acabamos negando o convite porque não fazíamos ideia do que seria. Na primeira temporada eles nem pagaram muito, então passamos a oportunidade e depois de um ano, Maks e eu nos separamos e eles nos convidaram novamente. Maks disse sim e participou da segunda temporada, e eu ainda disse não porque eu comecei o “Dancing Rhytm” com o Tony Dovolani, sem saber que ele tinha concordado com a segunda temporada também e estava fazendo ambas as coisas ao mesmo tempo. Então foi uma progressão natural que eu finalmente concordei em participar da terceira temporada.
Bruna Jones: Infelizmente, vocês foram os primeiros eliminados na atração. O que você acha que motivou esse fraco desempenho? Já na temporada seguinte, você foi a professora do Clyde Drexler, um famoso jogador de basquete. Quais foram as maiores diferenças entre as duas temporadas?
Elena Grinenko: Durante minha primeira temporada eu não tinha a menor ideia de onde estava me metendo. Mas no final das contas, eu participei de duas temporadas e decidi não continuar nas edições seguintes. E não sendo negativa, acho que o programa é incrível e permite que nossa indústria seja conhecida, pois antes dele se perguntassem o que eu fazia da vida e eu dissesse “sou uma dançarina de salão profissional” eles falariam “ótimo, mas o que você faz da vida?”. As pessoas não viam como que eu poderia viver da dança de salão, além de que o estilo não era tão reconhecido. “Dancing with the Stars” colocou a dança de salão no mapa do reconhecimento e as pessoas apreciam o que fazemos, entendem a beleza e a dificuldade que há envolvidas, o quanto demanda fisicamente. O programa é ótimo, mas o motivo pelo qual eu o deixei foi por achar que eu estava me afastando da indústria da dança de salão, o que mais gosto de fazer. Treinar outras pessoas, especialmente casais profissionais ou casais amadores de alto nível é algo que eu gosto de fazer muito mais do que participar do “Dancing with the Stars” e a fama que veio com ele. Para ser sincera, a parte do reality de TV não funcionou comigo, porque essa “realidade” não é muito real, é muito encenada, baseada no que os produtores pensam que os pares devem ser, e dessa parte eu não gostei. Porém, como disse, o programa foi incrível, me apresentou a várias oportunidades e eu sou muito grata.
Bruna Jones: Como sabemos, a rotina do reality show é intensa, com vários dias de ensaio antes de apresentar sua dança aos juízes da competição. Como foi para você enfrentar todos esses momentos de treinamento tão intenso?
Elena Grinenko: Você está totalmente certa. Um reality show é intenso e totalmente diferente dos seus treinos de dança regulares. Os treinos são muito graduais, mesmo se você está se preparando para um campeonato mundial no próximo mês. Não é como se do nada você praticasse mais, apenas pratica todos os dias e dependendo das suas intenções para as práticas, elas podem demorar duas horas ou ser apenas duas rodadas de você dançando, e isso ocorre diariamente. O “Dancing with the Stars” era um desafio totalmente diferente, porque você estava junto de alguém que nunca dançou, e dependendo do tanto de tempo que eles tinham, você dava o seu melhor para que algo legal saísse em um período muito curto. Então se tornava extremamente estressante, especialmente para os famosos que realmente queriam estar lá. Havia pessoas que não ligavam muito, mas tinha alguns que realmente queriam, e é mais estressante para eles. Tucker tinha mais ou menos quatro horas por dia para treinar, assim como o Clyde. Eles eram muito ocupados com suas agendas, e eu senti que aquilo não era o suficiente para eles melhorarem e que deveriam ter dedicado um pouco mais de tempo. Sei de duplas que praticavam de oito a dez horas por dia, o que é insano. Quando você se adianta tanto tão rápido, é aí que várias pessoas se acidentam por não estarem preparadas, o que cria outro problema totalmente diferente. O que as pessoas veem na TV não leva uma semana para se atingir, na realidade leva cinco dias, às vezes quatro. O programa acaba na terça, na quarta você obtém sua música e começa a criar, e na sexta você já precisa ter sua coreografia pronta. No sábado você pratica, no domingo há as pré-filmagens, não ao vivo, mas que eles captam nas câmeras, e na segunda há as apresentações. Por isso o estresse da rotina do programa é muito grande.
Bruna Jones: Em 2010 você representava os EUA no segundo Campeonato Mundial de Dança, mas uma surpresa lhe tirou desta competição: gravidez! Como foi lidar com essa novidade e a saída antecipada da disputa?
Elena Grinenko: Foi muito divertido do campeonato, já que pude dançar estilos com os quais nunca tinha competido antes. Participei de metade da competição, cinco semanas, e descobri que estava grávida. Como eu já tinha 36 anos naquele momento, decidi não arriscar minha gravidez pela competição, pois eu poderia ter dançado, mas decidi que não faria. Infelizmente mesmo depois de voltar eu perdi aquele bebê, acho que no terceiro mês de gravidez. É claro que não culpo o programa, mas aquele foi o único momento em que pensei que deveria ter ido até o fim dele, pois o resultado não foi o esperado de qualquer jeito. Mas quanto ao programa, foi ok, pois eu não o deixei triste. Era um momento feliz, pois achei que minha vida tomaria uma direção diferente e que teria a alegria de ter um filho. E ainda estou muito feliz porque hoje sou mãe de dois meninos, então houve um final feliz ao conto de fadas. Tenho o Magnus, que vai fazer sete anos em agosto, e o Odin, que vai fazer cinco em julho.
Bruna Jones: Infelizmente a pandemia está nos forçando a refazer alguns projetos por razões de prevenção. Ainda assim, há alguma notícia chegando?
Elena Grinenko: Sim, infelizmente com a pandemia de Covid-19 a maioria dos meus trabalhos foi cancelada, por não podermos participar de competições, além de que não posso viajar para outros estúdios e dar aulas. Devido à situação ter se adaptado ao meio online, eu e minha melhor amiga, Babette Brown, que também é uma dançarina bem estabelecida, estamos fazendo acampamentos online chamados de “Fabulous Ladies”. Acabamos de encerrar um com tema latino e o nosso próximo é para estilo rítmico e isso é algo novo e emocionante. O outro projeto com o qual me envolvi é o “Rhytm Champions”, em que dezessete campeões nacionais e mundiais de ritmo se reuniram e trabalharam para estabelecer onde estão as raízes da dança, qual sua história, sua música. Descrevemos ações básicas das figuras, porque sentimos que danças de ritmo não têm tanto reconhecimento quanto danças latinas, já que a técnica é confusa para as pessoas, e nos reunimos para resolver isso. Ainda estou trabalhando, e mesmo algumas coisas não sendo as mesmas financeiramente se comparadas ao período em que eu estava viajando, gosto do que faço, mesmo durante a pandemia. Ainda posso ensinar.
Bruna Jones: Você já esteve em nosso país antes? Após a pandemia do Covid-19, tem planos de vir ao Brasil?
Elena Grinenko: Eu absolutamente já estive no Brasil! Acho que foi em 2002 ou 2003, há muito tempo. Fui ao Rio de Janeiro com meu parceiro de dança na época, Maksim Chmerkovskiy, junto de outro dançarino e também campeão mundial, Louis van Amstel, porque acho que naquele momento ele tinha um namorado brasileiro, Peter, então fomos lá durante um Carnaval por duas semanas. Uma experiência incrível, pois fomos às escolas enquanto as pessoas praticavam suas músicas, dançávamos em todos os lugares, fomos àquela grande montanha cujo nome não me lembro agora haha (Pão de Açúcar) em uma festa... Foi fantástico! Se tenho planos para voltar ao Brasil nesse momento com o Covid? Não, mas eu com certeza voltaria, foi uma experiência tão boa!
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ela ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Pessoal, vocês têm essa dança incrível, o samba. Nunca parem de sacudir! Se divirtam, dancem, e é sobre isso que a dança se trata. Com pandemia ou não, eu sempre posso colocar uma música e dançar sozinha em casa. Essa é a beleza da dança! Então aproveitem, mesmo que estejamos em um confinamento." e para quem quiser continuar acompanhando ela nas redes sociais, é só procurar no Instagram e no Twitter por @elenagrinenko, você também pode acessar seu site pessoal clicando AQUI e caso queira enviar um e-mail profissional é só enviar para elena@elenagrinenko.com, beleza?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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