quinta-feira, 8 de novembro de 2018
Bruna Entrevista: 7x61 - Julian Kretzer
Olá, olá, tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E o nosso convidado é um querido modelo que ganhou fama quando ainda era bem novinho e que hoje mora fora do Brasil e trabalhando na sua própria empresa de design. Deu pra ficar curioso sobre quem é? Estou falando do Julian Kretzer e a partir de agora vocês conferem o papo que eu tive com ele, vem comigo!
Bruna Jones: Você começou a sua carreira como modelo ainda muito novo, como foi que você acabou escolhendo essa carreira?
Julian Kretzer: Isso, aos 14 anos, exatamente. Pois é, as vezes eu paro para pensar e nem eu sei direito como foi que aconteceu dessa forma. Mas partindo do fato de que venho de uma cidade super pacata e hermética, de 28.000 habitantes, no sul do Brasil, na sua maioria, imigrantes alemães, que ainda conservam os costumes, a vida de campo e, grande parte, a forma meio fechada de pensar e ver o resto do mundo, e que eu SEMPRE senti que não ia conseguir encaixar ali; acho que foi meio uma maneira de começar a me desvincular, conhecer cidades novas, pessoas, situações. E tendo meu dinheirinho próprio, meus cachês, eu podia me rebelar um pouco contra o que minha família ou a sociedade tentavam impor. Sempre tive alma de aventureiro e sempre tive a certeza de que meu papel nesta vida era descobrir. Sem parar. Hehe... Hoje eu agradeço imensamente ao universo por ter nascido e crescido onde eu cresci. Tínhamos qualidade de vida e valores que quando crianças, talvez nem percebíamos, mas que hoje depois de ver o mundo, eu entendo quão privilegiado eu fui.
Bruna Jones: No inicio de toda carreira é sempre um pouco complicado, como foi para você até conseguir se estabilizar na profissão?
Julian Kretzer: O nível de dificuldade para alguém que começa uma carreira de modelo em Santa Catarina, com certeza não é o mesmo que para alguém que começa em uma grande capital da moda mundial, como é São Paulo, por exemplo. Pra mim foi brincadeira de criança. Comecei a modelar junto a uma amiga de escola, na agência de uma mulher encantadora, chamada Amanda. Ela estava sempre com a gente ou mandava alguém de confiança. Acompanhava aos trabalhos, se preocupava pelo nosso bem-estar: coisas simples como o catering, as horas de photoshoot, o pagamento em dia. Enfim, o começo para mim, foi divertido. Desfiles, photoshoots, viagens e diversão, sempre com pessoas realmente agradáveis. Eu sei que não é o que a maioria dos modelos vivem no começo e, as vezes durante toda a carreira. Sei que existe bullying, maus tratos, além de drogas, muita noite e prostituição. Mas no meu caso, por sorte, pude entrar em um ambiente diferente. Depois acabei conhecendo o outro lado da história. Trabalhei e morei 3 meses em São Paulo e 3 no Rio de Janeiro. E não sei se você sabia, mas em 2006, eu abri a In Model Management, uma agencia de modelos e imagem integral na minha cidade, com uma oficina de representação, com um administrador e o booker trabalhando. Aí foi exatamente onde eu vi por dentro o lado feio desse meio. Ao trabalhar com parcerias com mercados maiores, vi que uma grande porcentagem de tudo se movia a través da prostituição. Muitas vezes chegam a esconder propostas de trabalho real das meninas por um tempo, para que se encontrem desesperadas e tenham que terminar aceitando a "prostituição vip" para pagar o apto da agência e seus meios de vida. Claramente a demanda para a prostituição é muito maior e as remunerações terminam sendo mais rentáveis, principalmente para os bookers e os donos de agência, que são os que cobram comissão, enquanto os modelos se vem obrigados a vender-se. Aí foi onde minha cabeça fez um "click" e pude ver o mecanismo real. É um segredo a vozes. Todo mundo sabe, quase todo mundo viu, mas continua acontecendo. Aqui, aí e em todo o mundo. Importante sempre lembrar que as meninas principalmente, vem todas do interior do país, de diferentes lugares, se mudam sem a família para serem "preparadas", numa etapa onde ainda não puderam definir bem sua personalidade, entre 14 e 16 anos e isso as torna extremamente vulneráveis a situação. Também resgato que, como em todos os meios, há também pessoas e agências sérias. Mas cuidado, também há muita agência de renome, disfarçadas de sérias.
Bruna Jones: Ainda sobre o inicio da sua carreira, aos 18 anos você chegou a realizar um ensaio de nudez. O que te motivou a fazer as fotos? É um trabalho do qual você se arrepende? Faria novamente?
Julian Kretzer: Na verdade fiz o ensaio ainda com 17. haha... Fiz em dezembro e a revista saiu em março do ano seguinte, quando completava 18. Como eu disse antes, adoro descobrir, me aventurar, ser rebelde as vezes… Naquela época, mais ainda! Eu jamais tive preconceito com as minhas decisões ou com as decisões das outras pessoas. Mesmo quando essas decisões tenham a ver com a desnudez em uma revista de circulação nacional. rs... Desde sempre acreditei que a gente deve fazer o que nos faz sentir realizados, o que o nosso coração e nosso entusiasmo mandam. Me ligaram, fizeram a proposta e por dentro, aceitei na hora. Porque essa ligação me deixou feliz naquele momento. Depois analisei uma semana, me ligaram novamente e terminei dando o ok. Não me arrependo de maneira nenhuma desse trabalho. Inclusive, no momento foi muito útil para conseguir mais campanhas gráficas, presenças e até ataquei de DJ por um tempinho, rs... Se faria novamente… Não sei. Já pensei no que eu responderia se me fizessem essa pregunta. Há um tempinho, tinha o NÃO na ponta da língua. Agora, só vivendo a situação mesmo para saber...
Bruna Jones: No decorrer da carreira, você acabou migrando para a Argentina, como foi essa mudança na sua vida tanto pessoal quanto profissional?
Julian Kretzer: Foi positiva. Eu passava os dias sonhando em conhecer outros países, em me jogar com tudo pelo mundo. Como sempre digo, em Timbó, minha cidade natal, eu era uma bomba de tempo que ia explodir em qualquer momento. Não era o lugar para mim. Minha personalidade e meu caráter não me permitem ter que viver em um molde e aceitar o que outras pessoas ou a sociedade decidem para sua vida. Eu gosto é de ser livre. Fazer o que eu decido e na hora que eu decido. Eu aceito conselhos e adoro longas conversas construtivas com amigos ou minha família, mas a simples crítica sem fundamento, só porque você não é, pensa ou faz as coisas igual, isso eu não tolero muito. E por que Argentina? Minha ideia inicial era Espanha. (sempre gostei muito do idioma espanhol). Mas meu dinheiro, alcançava só para este continente mesmo. haha...
Bruna Jones: Hoje você acabou transferindo a sua carreira de modelo para designer gráfico. Como foi que surgiu essa nova carreira em sua vida?
Julian Kretzer: Na verdade eu sempre tive o design gráfico meio autodidata metido na minha vida desde os 15, 16 anos, paralelo ä minha carreira de modelo. Então fui provando, tentando, praticando até encontrar aqui um mundo de oportunidades novas e terminar estudando a carreira na Escuela de Arte Multimedial Da Vinci, em Buenos Aires. Nos meus primeiros anos aqui, também trabalhei de PR (Public Relations) em muitos clubes e eventos importantes e isso me serviu muito para ampliar meus contatos e usá-los para meus projetos mais tarde.
Bruna Jones: Você é dono da "Design Salvage", como foi que você iniciou esse projeto? Foi um caminho difícil até você conseguir se estabelecer com a clientela? Quais foram os primeiros trabalhos que você realizou?
Julian Kretzer: "Design Salvaje" surgiu assim meio do nada. Sempre estou acumulando trabalhos e projetos em meus HD para usar em um possível futuro. Em 2016 comecei a pensar em colocar em prática tudo o que já tinha pensado e plasmar o que tinha projetado. Então decidi abrir um local que comercializasse objetos de decoração, roupas, obras de arte e qualquer produto que eu sentisse que encaixava, tudo unido com o design gráfico e ideias originais minhas. Além disso, brindar um serviço de design de convites, souvenir, cartões personalizados e qualquer outra necessidade dos clientes relacionados com os meios gráficos. Parte da clientela eu já vinha trazendo através desses 8 anos que estive aqui até lançar a marca. O resto teve muito a ver com a localização privilegiada da loja, material publicitário, redes, etc...
Bruna Jones: Para trabalhar com design, a pessoa precisa ser no mínimo criativa e ter inspirações. O que te inspira na hora de criar?
Julian Kretzer: Exato. A criatividade é o motor. A vida mesma me inspira. Desde pequeno, sempre fui muito sonhador, pensativo e desfrutava dos meus momentos sozinho, longe de tudo. Podia ser horas em cima de uma árvore ou escapadas de bicicleta para cantinhos escondidos, com cachoeiras, passarinhos e muito verde. Aí, minha imaginação voava alto. Desenhava, escrevia poesias ou só sentava e sonhava. Hoje em dia, sou bastante parecido, desde que acordo até a hora de dormir, inumeráveis coisas impensadas podem despertar minha imaginação. Algumas coisas eu lembro, outras anoto. Algumas ao dia seguinte me parecem ainda melhores, outras já não me interessam...
Bruna Jones: Você é uma pessoa bem ativa nas redes sociais, como empresário, você acredita que elas ajudam mais hoje em dia na vida profissional de uma pessoa do que poderia lhe prejudicar?
Julian Kretzer: Sabemos que hoje em dia a vida toda passa através das redes sociais e elas se tornaram um mecanismo super importante para crescer e também para se manter ativo no mercado. Sinceramente, não sei se sou a melhor pessoa administrando minhas redes, olhando desde o ponto de vista de um empresário. Sou muito transparente e gosto de usar as redes para publicar o que dá vontade no momento. Não me condiciona muito o impacto profissional na hora de postar. Acho que tenho redes mais voltadas a meu âmbito pessoal, que, talvez, acabam beneficiando o profissional, de certo modo. Mas acho que no geral, as redes, utilizadas de forma correta, talvez com a ajuda de um Community Manager, estão para o total beneficio profissional de pequenos e grandes empresários, artistas, freelancer e qualquer pessoa que queira tirar proveito delas.
Bruna Jones: Mesmo estando focado no design no momento e morando fora do Brasil, se você fosse convidado para participar de um reality show, como "A Fazenda" ou o "BBB", você aceitaria?
Julian Kretzer: Haha... Essa é outra pregunta na qual já pensei várias vezes. E antes a resposta era a mesma que o ensaio um NÃO. Mas minha curiosidade e meu desejo incontrolável de "saber como é", com certeza me fariam responder que sim. Além do mais, a parte difícil teriam os demais, tendo que me aguentar 24hs ao dia, por 3 meses. hahaha...
Bruna Jones: Agora que o ano está chegando ao fim, quais são seus próximos planos e projetos para 2019? Tem algo que você poderia compartilhar?
Julian Kretzer: Sim, claro. Para 2019 a ideia é continuar com tudo o que vem dando certo, obviamente e além disso, bem no comecinho, coloco em marcha um projeto de diagramação para um um dos meus melhores clientes da Europa: Andrés Alsina e Basile Lewitcki É uma série de 10 guias de luxo de 10 cidades importantes do mundo, com 150 dados de primeira em cada uma delas: "A Decorator in..." Começamos com Paris, continuamos com Londres, Amsterdam, Nova York e Roma, por enquanto. E as demais serão definidas ao término das primeiras 5. Seguindo com a necessidade de desafios na minha em 2019, começo a carreira de Licenciado em Psicologia na Universidade Nacional de La Plata também.
Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Para os leitores do blog e meus fãs eu deixo um abraço gigante cheio de energia positiva e boas vibras. Peco sempre que o principal objetivo de suas vidas seja encontrar-se, ser felizes, escutar a sua voz interior, o que sua alma, o que seu corpo o pede para estar bem, para poder amar e ser amados genuinamente. Não busquem as respostas das suas inseguranças, das suas perguntas nos comentários de uma rede social, na agressão de um hater, na opinião de alguém escondido atrás de uma tela, provavelmente vivendo uma vida infeliz. Procure dentro de si mesmo. Sejam fiéis a si mesmos. E se, em algum momento, não puderem, pecam ajuda e recomecem quando se sintam preparados novamente." e para quem quiser continuar acompanhando ele nas redes sociais, basta procurar no Instagram por @juliankretzer ou no Facebook por "Julian R. Kretzer". Já o Instagram de sua empresa é o @designsalvaje e o site é só clicar AQUI, beleza?
Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?
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