quinta-feira, 9 de abril de 2020

Bruna Entrevista: 9x27 - Breno Guimarães


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? O nosso convidado é ator, roteirista, produtor, personal trainer e olha? Poderia passar o dia aqui listando as habilidades dele, viu? Convidei o queridíssimo Breno Guimarães para conversar com a gente sobre as experiências de sua carreira, sobre um curta maravilhoso que darei a minha opinião lá no Instagram, corre lá... E muito mais! Vem conferir a nossa conversa!

Bruna Jones: Entre as mais diversas profissões que você possui, se destaca as artísticas, como ator, escritor, roteirista, produtor... Mas vamos voltar lá no inicio, o que te motivou a entrar para o mundo das artes cênicas? Quando foi que você percebeu que podia fazer disso uma carreira?
Breno Guimarães: Eu vinha do ramo da Educação Física, fundei a academia hardcore de musculação do Clube Radar em 1983, quando este era ainda um clube de renome, com piscina e diversas atividades que implementei lá. Entretanto, em 1995 iniciei a Meditação Transcendental e Sidhis do Maharishi Maheshi Yogui com o meu amigo irmão e mestre Klebér Tani e, em 1997, conheci lá e comecei a namorar com uma atriz da Cia de Atores de Laura do querido Daniel Hertz. Fiz um curso livre com eles e me apaixonei pelas artes cênicas e me informei sobre um bom curso profissionalizante (porque não, se ser feliz é trabalhar com aquilo que nos apaixonamos e amamos). Indicaram a CAL. Fui lá. No balcão perguntei se havia um curso a se iniciar e falaram "sim, daqui a quinze minutos". Paguei, entrei, e minha primeira aula já foi com agora mestre e amigo Almir Teles, com quem me identifiquei de cara por ele encarar as artes cênicas como um Tao evolutivo do ser humano. Ele me chamou para fazer parte da respeitadíssima Cia Teatral Sarça de Horeb que ele era diretor, estreando, ainda naquele meu primeiro ano de estudos cênicos, a maravilhosa peça infantil O Pequeno Príncipe, em projetos escola, depois com a peça musical Brasil Nunca Mais, de Getúlio aos Generais, de autoria do Almir, que abordava o panorama político e cultural do Brasil entre as duas ditaduras, de Getúlio e dos militares, também a a Via Sacra, de Henri Guéon, e Torturas de um Coração, do Suassuna, primeira peça com a qual ganhei meu primeiro prêmio de Melhor Ator.

Bruna Jones: Todo inicio de carreira costuma ser um pouco difícil, principalmente as artísticas. Como foi o inicio da sua? Quais foram as principais dificuldades que você encontrou?
Breno Guimarães: Dificuldade minha foi que comecei a fazer teatro meio tarde, com 34 anos... Mas antes tarde do que nunca. Sorte foi ter adentrado nessa renomada Cia Teatral logo no início da carreira, o que me possibilitou trabalhar logo de início, enquanto estudava, e ter na bagagem esse aprendizado maravilhoso que é rodar o Brasil todo levando teatro para cidades, vilarejos e comunidades imensamente diversas desse Brazilzão. Mas sempre ralando muito, pelo meu espaço e por minha sobrevivência. E assim ainda o é.


Bruna Jones: Ao longo da sua carreira, você teve a oportunidade de interpretar diversos papéis na televisão, cinema e teatro. Como é para você diversificar entre as três principais mídias deste ramo?
Breno Guimarães: Essa diferenciação de linguagem claro que aprendemos na técnica, mas ela só se faz valer quando se torna intuitiva, natural, parte intrínseca de nós mesmos. Adoro as três mídias. No Teatro a experiência é visceral, é o aqui e o agora na pele, é a consciência de unidade em exercício ao nos tornarmos um só com o público, com os colegas de palco e com todos que nos levaram até ali, autor, diretor, luz, som e todos os componentes do teatro. No teatro, fora as peças da Cia Teatral Sarça de Horeb, fiz peças também inesquecíveis pra mim, tais como a Ópera Macbeth, dirigida pelo mestre Sérgio Britto; Perdoa-me por me Traíres do Nelson Rodrigues, direção do Cláudio Handrey; a Ópera Rock Pesadelo, de Iuri Krushevsky; o musical Dolores, direção Antonio De Bonis; a comédia espírita Talk Show do Além; a leitura dramatizada da peça O Preço de Arthur Muller, na qual contracenei com Emiliano Queiroz; Bonitinha, mas Ordinária; A Navalha na Carne, com a honra de ter parte do elenco da primeira montagem dessa peça na platéia, Nelson Xavier e Emiliano Queiroz; e outras. No teatro, pude ter a felicidade de colocar a minha saudosa mãe em cena, num dia inesquecível, interpretando a mãe do Bão lutador de Vale Tudo, Dona Brabona, campeã na categoria Velhotes e Furiosos. Foi um dia inesquecível. Televisão é como se eu me jogasse no meio da platéia num show de rock e, logo depois da cena do dia, o público me ampara com seus sempre gentis e amáveis feedbacks, graças a Deus até hoje, foram maravilhosos os que rolaram. Especialmente nesse meu último trabalho em A Dona do Pedaço, como o Coruja, treinador de boxe do Paixão, interpretado pelo meu brother Duda Nagle que lutava com o Rock, de quem eu fui o responsável por colocar pra dormir dopando-o numa luta. Dopar o Caio Castro numa luta? Mil perdões, meninas rs. E a nossa maravilhosa Sétima Arte que foi a inspiradora primordial de tudo, pois me apaixonei pelas artes cênicas sem saber, desde garoto, quando eu assistia filmes como Se Minha Cama Voasse ou Os Tres Mosqueteiros (o qual fiz meu pai entrar e sair do cinema Roxy e assistir três vezes seguidas), ou aqueles maravilhosos westerns de John Ford, ou musicais do Fred Astaire e Gene Kelly, ou os inesquecíveis filmes com o rei Elvis Presley, depois o Rocky, Rambo, Cobra etc do ídolo Stallone, Conan e Therminator do Arnold, Indiana Jones, Mad Max(es), Duro de Matar (tá bom, sou fã dos filmes de ação, sim) e tantos outros que me fizeram querer ser, indo além da paixão de ver.

Bruna Jones: Como artista, o que te inspira?
Breno Guimarães: Tantas coisas. Cada filme que eu vejo, cada peça, cada atuação maravilhosa de grandes atores e atrizes, cada canção cantada com a alma por intérpretes que parecem ter a voz de um anjo e a possibilidade de ser e renascer a cada obra criada. E, claro, a proximidade gerada com o outro, como se, naquele momento de conexão entre público e artista, seja eu o artista ou a platéia, a gente se lembrasse de que somos um só. Lembrássemos, sim, pois somos um só, em verdade e em essência. Só nos esquecemos. Na arte, temos a chance de lembrar.

Bruna Jones: Como eu disse, você já teve a oportunidade de interpretar diversos tipos de papéis, ainda assim, existe algum tipo de personagem que você gostaria de interpretar, mas que ainda não teve a oportunidade?
Breno Guimarães: Nossa... Tantos. Stanley, de Um Bonde Chamado Desejo, Vadinho em a Navalha na Carne, Deputado Jubileu de Almeida em Perdoa-me por me Traires, Bão, o Lutador de Vale Tudo, Lourival Love, o Locutor de rádio brega, Ana Laiza, a Trans Lésbica, o Coruja de A Dona do Pedaço, o policial Turco Mehmed em Salve Jorge, Lars, o marido dinamarquês da personagem do Miguel Thyrré, o Senador corrupto Santelmo Confins em Talk Show do Além, um dançarino de gafieira em Dolores, e tantos outros. Mas todos os personagens que me vêem às mãos são pra mim a melhor coisa que poderia me acontecer naquele momento, e vivo com toda a garra e paixão que poderia. Mas não almejo nenhum em específico, a não ser aquele que vai me levar ao reconhecimento pleno profissional e que me possibilite concretizar uma carreira sólida em que eu possa interpretar (e viver disso) outros e outros infindáveis até que o fim de mim se dê por fim.


Bruna Jones: Em 2017 você produziu, roteirizou e atuou no curta "Paraíso Insólito", um drama surpreendente sobre um boxeador que se descobre grávido. Como surgiu a ideia do curta? Existem planos de transformar ele em um longa?
Breno Guimarães: Siiiim!! O curta Paraíso Insólito nasceu de um exagero de roteiro de uma cena que deveria fazrr em uma oficina de roteiro que fiz com meu amigo (e colega de Cia Teatral Sarça de Horeb) Celso Taddei. Era para escrever uma cena em que uma pessoa recebia um papel e aquilo que lesse mudaria infinitamente a sua vida. Fiquei matutando em casa o que poderia ser essa notícia tão paradigmática, e minha mulher, Ana Luiza, deu a idéia pra eu colocar que o cara estava grávido. O quê?? Um homem grávido? Não viaja, que louco! Adorei!!!! Pesquisei e encontrei a lenda de Hermafroteu, o Puro, que dizia que espermatozóides de Hermafroteu sequestraram o óvulo de sua esposa Ambígua e inseminaram no baço, e ele engravidou. Desenvolvi essa loucura. Celso falou que as cenas estavam ótimas, mas só um maluco tinha escrito um curta metragem de 17 páginas, mas como o maluco era amigo dele, ele iria perdoar. Gostei da idéia e fiz um curta rs. Transformei esse filme em um roteiro de longa, e está muuito mais interessante, profundo, louco, psicodélico e tocante do que o curta que, como o nome já diz, é curto e não pude inserir tantos acontecimentos e experiências e reflexões que esse tema permite e merece. É a história de um homem, arquétipo de um macho alfa, boxer, fã do Rocky Balboa, que fica grávido sem saber porque, e que, ao longo de sua gravidez, vai sensibilizando sua energia yanguizada por essa experiência de privilégio (e limitações) unica e exclusivamente da mulher, passando pelos percalços do percurso que esse estado acarreta, elevado à enésima potência por ser na pele de um homem. O mundo seria melhor se o homem tivesse a vivência de ser mãe, além de pai, com certeza.

Bruna Jones: Viver da arte e conseguir produzir material independente aqui no Brasil é complicado, como todos sabemos. Como foi para você a produção do curta? E como está sendo o processo para transformar ele em um longa?
Breno Guimarães: Realmente, sempre foi muito difícil. Agora então, com essa crise. Bom, tudo parado, né. Espero que possamos vencer essa, por Deus, pelo mundo, pela Sétima e por todas as Artes. Quanto ao Paraíso Insólito, reuni amigos atores e cineastas que frequentavam o Cineclube do Hsu Chien (que ele fazia em sua própria casa generosamente, com direito a um cachorro quente delicioso que ele mesmo fazia) e fomos à luta para filmar meu primeiro curta. Sorte ter amigos talentosos, como Igor Cotrim, Rodrigo Fonseca, Fernando Ceylão, Chao Chen, Dani Antunes, Cavi Borges, Rob Curvello, Nani Dias, Maria Muricy, Chan Suan, Edu Boone, Cristiano Requião e tantos outros que toparam essa empreitada, no amor e na raça. Participou do filme até meu saudoso filho adotado Cocker Spaniel, Mylon (que se foi em maio agora de 2019, com 18 anos de vida alegre do meu lado). Um aparte, eu o adotei em uma apresentação teatral que fiz na Comunidade da Maré. Ele estava abandonado, me olhou com seus olhinhos de anjo, me apaixonei e eu trouxe ele comigo. Prosseguindo, convidei o Anselmo Vasconcellos para dirigir e conquistamos 16 prêmios e indicações em 20 festivais internacionais de Los Angeles à Índia, passando pelo Cannes Short Corner, New York Lift Off, Paris Lift Off, pelo Festival de Fama, Curta Cabo Frio, Festival Cine Tamoio, Utah, San Diego, tantos outros festivais e agora ainda estaremos no Festival de Cinema de Jaraguá do Sul, o qual tem grandes chances de ser um festival on line, creio que o primeiro ou um dos. O processo de transformar em um longa está na dependência agora do mundo voltar de onde foi e reiniciar os editais (espero!!) e as captações. Mas como captar de empresas em crise? Nao sei. Só sei que, como um bom Rocky Balboa, o verdadeiro guerreiro não é aquele que vence todas, mas o que se levanta sempre que cai e continua em frente na luta. Continuarei tentando, até conseguir. E que assim seja. O que tiver que ser será, e se não for, ainda assim será (Shakespeare).

Bruna Jones: Além disso, você também está sempre envolvido em projetos artísticos que são relacionados ao tema do esporte, como o esporte se encaixa em sua vida? Você também atua como personal trainer, não é mesmo?
Breno Guimarães: Sim, como disse, sou Profissional de Educação Física, fundei a academia do clube Radar em 1983, sou professor Black Card de Spinning do Johnny G Spinning Program (me formei com o próprio criador do Spinning),.fui sparring de boxe do Murilo Bustamante (campeão do UFC), do Amaury Bitetti.(criador do Bitetti Combat) e do Valid Ismail (criador do Jungle Fight), na Academia de Boxe Nobre Arte do Cantagalo do mestre e irmão Claudio Coelho, o qual tem um projeto maravilhoso chamado Meninos do Boxe, através do qual ele já conseguiu tirar muitos jovens do crime. Sua filosofia de ensino: "primeiro forma o caráter, depois o lutador". Meu próximo filme que estarei captando junto com o Paraíso Insólito será o drama doc sobre a vida dele, intitulado "Este Sou Eu, da Favela para o Mundo", baseado no livro de mesmo título que ele escreveu de próprio punho.


Bruna Jones: Hoje em dia o que está na moda são os realities, seja na televisão aberta com o "BBB" e "A Fazenda" ou nos streamings como o "The Circle". Você participaria de um programa como esses?
Breno Guimarães: Kkķkk... Já estou participando. Todos nós estamos, confinados em nossas próprias casas, só que o paredão é pra ver quem sai antes rs. Mas eu sou artista, ator e não nego trabalho algum. Aceitaria todo e qualquer trabalho que me fosse concedido e o desempenharia com a mesma paixão e respeito do mundo. Nunca reclamo de excesso de trabalho, de sobrecarga, de roteiro com muitas páginas, de horários extras de filmagem, de escalação pra filmar cedo, de ensaiar até cair, muito menos de confinamento numa casa pra ganhar um milhão e meio. Estou (semi) confinado e sem chance de ganhar milhão nenhum. A não ser que ganhe na Mega Sena (claro que faço essa fezinha, afinal se esperança é a ultima que morre, a de ator é a primeira que ressuscita).

Bruna Jones: Infelizmente o coronavírus está atrapalhando as vidas de milhares de pessoas ao redor do mundo deste o último mês, mas ainda assim, tem novidades suas vindo por ai? Algo que pode compartilhar com a gente?
Breno Guimarães: Sim. Primeiramente, estou trabalhando como Bike Delivery. Faço compras em supermercados e farmácias, pego receitas com médicos ou afins, para pessoas que precisam ficar em confinamento total. Eu trabalho por contribuições espontâneas. Fiz até um dia exclusivo para uma pessoa bem criativa, entregando pedaços de bolo para vinte pessoas, e depois ela comemoraria seu aniversário on line com todos os "convidados" (fica a dica). E, nessa semana, na quinta dia 23, às 16h, estarei fazendo a live da minha esquete de humor premiada em festivais, "Bão, o Lutador" que é sobre um lutador de vale tudo que sempre fala usando termos que comuns ao universo das lutas, mas com duplo sentido inconsciente (ou sub), revelando um alterego, digamos, "duvidoso". Será um dia de Vale Tudo pra Rir em casa. Vai ser uma apresentação gratuita no App- ‎SOUND CLUB LIVE. Contribuições financeiras espontâneas serão muito bem vindas! (mas não exigidas).

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ele ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Claro!!!! O Cinema é o que inspira a nossa alma em nossas vidas cinéfilas. Nesses tempos conturbados, a Sétima Arte é o que tem sido o nosso maior acalento. E, sem puxa saquismo (Odoriquei rs) nenhum, o seu Blog da Bruna tem sido o meu guia diário perfeito para a escolha dos bons filmes em todas as plataformas que passeio em busca do bom filme perdido no meio de tantos. Pontuações, ponderações e descrições perfeitas e inspiradoras para uma boa viagem na telona que veio pra telinha!"


E se você quiser continuar acompanhando ele nas redes sociais, olha só... Para o Facebook é só clicar AQUI, para o Instagram é clicando AQUI, o site do Paraíso Insólito é AQUI e o site pessoal é AQUI.

Espero que vocês tenham gostado, em breve eu volto com mais! Qualquer novidade eu volto, lembrando que quem quiser entrar em contato comigo, pode add no facebook, procurando por "Bruna Jones" e que agora na página oficial do blog, vocês encontram conteúdo exclusivo: clique aqui! Podem também procurar e seguir no twitter e instagram no @odiariodebrunaj certo?

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