terça-feira, 7 de julho de 2020

Bruna Entrevista: 9x52 - Nay Fernandes


Olá, olá... Tudo bem, queridos leitores? Então que hoje é dia de conferir mais uma entrevista inédita aqui no blog, olha que bacana? E a nossa convidada de hoje é conhecida dos apaixonados por dança e reality show, estou falando da querida Nay Fernandes. Convidamos a moça para conversar um pouco sobre suas experiências profissionais e também para falar sobre o "Dancing Brasil" onde ela foi uma das professoras da segunda temporada, vem conferir!

Bruna Jones: Você é uma dançarina profissional com grandes experiências no currículo. Qual foi o seu primeiro contato com a dança? O que te motivou a fazer disso uma carreira?
Nay Fernandes: Meu primeiro contato foi com 5 anos na escola que eu estudava. Eu ficava período integral, pois minha mãe trabalhava o dia todo, então eu e meu irmão entrávamos na escola lá pelas 7:00 e só íamos embora depois das 18:00/19:00hrs. Nisso eu sempre via as meninas da turma, em determinados dias e horários, colocarem suas meias calças, collants, o tempo todo tagarelando, dançando, até saírem com a auxiliar de educação. Foi aí que perguntei o que faziam e uma delas me disse “ballet”. Eu decidi que queria fazer também, mas eu sabia que tinha que pagar e que minha mãe não tinha condições (tínhamos porcentagem de bolsa lá), então eu inventei pra auxiliar que minha mãe tinha me matriculado, mas não tinha comprado a roupinha ainda e então ela me levou com as meninas pra conferir na lista da professora de ballet. Pois bem, meu nome não estava lá e a essa altura, já na sala de dança, eu comecei a chorar quietinha e a professora ficou com dó e pediu pra me deixar ficar por aquele dia. Eu fiz a aula feliz da vida e ela viu em mim alguma coisa e acabou conversando com minha mãe e me deu minha primeira oportunidade dentro da dança. Eu poderia dizer que “infelizmente não me tornei bailarina clássica como eu quis tanto”, mas a verdade é que sou muuuito feliz e sei que tudo aconteceu como deveria acontecer. Eu amo o Ballet e carrego algumas frustrações, mas não chegam a me barrar em nada e nem machucam mais, apenas me tornaram quem sou hoje e eu sou imensamente grata. Quanto a tornar minha arte ofício, eu na verdade, por questões financeiras principalmente, comecei a trabalhar com 16 anos e dar aulas de ballet para crianças, o “baby class”. Pra mim já era estar atuando na minha “área” mas somente com meus 19 anos é que eu fiz meu primeiro trabalho profissional com dança e não foi com ballet clássico, rs. Foi então que vi minha vida dar muitas e muitas voltas e finalmente entendi a potência de transformar minha arte em trabalho. Não parei mais. 

Bruna Jones: Todo início de carreira geralmente é um pouco difícil. Quais foram as dificuldades encontradas até você conseguir se estabilizar?
Nay Fernandes: Dizer que o “início é um pouco difícil” é um sooonho rs. É sempre difícil. Na verdade prefiro usar “desafiador”. Não há estabilidade nessa carreira, nem financeira, nem emocional. Até mesmo bailarinos consagrados sabem que precisam se planejar suficiente e ter planos complementares para quando seus corpos não puderem mais alcançar a destreza técnica exigida. No meu caso, escolhi agregar à minha carreira a atuação e o canto. Estudo muuito e estudarei pra sempre, pois nossa busca nunca cessa. Estamos sempre nos reciclando, atualizando, para não ficarmos para trás e num país que não valoriza a nossa profissão é extremamente mais complicado. Somos taxados de “vagabundos”, nosso trabalho é minimizado pela ignorância presente na mente de quem acha que cultura é diversão. Não somos lazer, somos educação. Não somos supérfluo, somos base necessária para a construção de um ser crítico e pensante. Enquanto as pessoas acharem que artista só “da close” e é “bonito na TV” enfrentaremos não apenas teatros vazios, mas mentes também...


Bruna Jones: Ser dançarino profissional e coreógrafo é algo que requer muito esforço físico, estudos e criatividade. O que te inspira e/ou move sua criatividade em sua vida diária?
Nay Fernandes: Tudo me inspira, tudo. Um cheiro, um som, uma música, um trecho de um texto, um livro, uma manhã ou uma tarde, um fim de tarde... Tudo me inspira. Esse processo de viver aberto a tudo é rico e intenso, porque também dói. Sou extremamente afetada por tudo o que machuca o outro, ou a mim. Não suporto ver dor, da mesma forma que sorrio pra Lua sempre que a vejo no céu. Pode parecer romântico e talvez seja, mas acho que artista é isso, é ter a capacidade de se sensibilizar ao mais leve toque, de potencializar um simples sopro, de elevar e levar tudo a outro patamar e lugar. 

Bruna Jones: Além disso, muita gente acredita que ser bailarino/dançarino, basta ir no palco e dançar, o que é uma opinião “ignorante”, podemos dizer? Como é o seu processo de treinamento?
Nay Fernandes: Sem dúvida! Acreditar que qualquer artista sobe no palco e resolve é não somente ignorante como bastante raso. Os processos são a melhor parte! As descobertas, o cansaço extremo, a entrega, as frustrações, isso é que é a verdadeira “mágica” acontecendo. O que chega no palco é o resultado de todas as camadas das nossas descobertas e se é bom, se agrada, ou mesmo desagrada, é porque tem trabalho ali. Meu processo individual é cuidar do meu instrumento de trabalho da melhor maneira que eu posso. Estou sempre praticando meu Yoga, que me mantém equilibrada, mente e corpo, meu Gyrotonic (que é uma prática que também potencializa teu corpo), meu Pilates que me faz um bem danado e me apaixonei a ponto de virar instrutora e claro, sempre que posso, faço aulas e aulas de dança, diversos estilos, múltiplas possibilidades, rs.

Bruna Jones: Você, além de dançarina profissional, também é atriz, certo? Como é que essas duas artes se encontram dentro do seu trabalho?
Nay Fernandes: Eu sempre fui cafona, me julguem rs, mas sempre amei musicais. Filmes musicais, desenhos... Disney então nem se fala, sou APAIXONADA. Então eu sempre me imaginei fazendo algo que unisse essas vertentes da arte. Dançar, cantar e atuar. Eu não imaginava que isso existia no Brasil até assistir - justamente - “A Bela e a Fera” no então Teatro Abril na época. Ali eu pensei “uau, eu quero muito fazer isso”, mas minha ignorância me fez pensar que eram artistas de fora que aprenderam português para fazerem musical aqui (que vergonha hahah). Assisti outros e um belo dia eu vi que não eram artistas de fora e sim daqui, que aquilo era possível aqui. Foi aí que busquei as audições e então o estudo de canto e teatro. O teatro veio primeiro, já havia estudado em grupos de estudo escolares e etc., depois o canto, pois sabia que precisaria trabalhar os três para conseguir entrar em alguma produção um dia.


Bruna Jones: Em 2017, você participou como professora do Raphael Sander da segunda temporada do “Dancing Brasil” e infelizmente, foram eliminados cedo da competição. Como foi essa experiência para você?
Nay Fernandes: Foi uma experiência de autoconhecimento principalmente. Como disse, eu já havia dado muuitas aulas, mas trabalhar especificamente estilos de dança “Ballroom”, ensinando a um homem (que tem a dificuldade natural somada ao fato de ele ter que me guiar e não o contrário), foi desafiador e muito especial. O Rafa sempre disposto me ajudou muito a não desanimar diante de uma competição exigente como é um programa de TV. Ali tinham muitas questões envolvidas além da performance que chega ao público em si. Por isso aprendi muito sobre mim mesma, sobre o outro e principalmente sobre o que quero pra minha arte.

Bruna Jones: Como sabemos, a rotina do reality show é intensa, com vários dias de ensaio antes de apresentar sua dança aos juízes da competição. Como foi para você enfrentar todos esses momentos de treinamento tão intenso?
Nay Fernandes: A rotina em si, pra mim, não surpreendeu tanto. Eu já atuava em musicais e já estava acostumada com o cronograma puxado, mas claro que a questão de expor o seu trabalho em TV aberta dá uma pressão um pouco maior, principalmente por você estar quase que responsável por uma outra pessoa, seu parceiro(a). Nossos ensaios eram puxados sim, mas como disse o Rafa colaborava muito. Mesmo com a dificuldade natural de quem não dançava, ele estava sempre muito disposto - às vezes mais do que eu mesma, rs - e isso fazia a coisa fluir melhor.

Bruna Jones: Algum momento você achou que não conseguiria realizar o projeto?
Nay Fernandes: Nunca duvidei do meu trabalho e nem do meu parceiro. As dúvidas sempre giravam em torno do “isso a televisão não mostra né?” (risos). Então eu criava as coreografias tentando aproveitar a música ao máximo, o estilo também e respeitando o grau de dificuldade que meu parceiro poderia absorver melhor. Também trocamos muitas referências. Mandava bastante material pro Rafa ver, ele me mandava coisas que ele curtia também. O processo em si é de uma entrega quase que absoluta, meu marido - na época namorado - quase “pediu as contas” porque realmente meu tempo era praticamente todo do programa, mas ele me apoiou muito e ajudou demais também.


Bruna Jones: Falando de realities, os confinamentos também estão em alta. Você aceitaria ficar confinado em “A Fazenda”, por exemplo?
Nay Fernandes: Confesso que não me vejo em programas assim. Nem tanto pelo confinamento/exposição, mas mais por uma questão de propósito acho. Refutando minha teoria, a última edição do Big Brother Brasil - que não assisti, mas acompanhei algumas coisas - acabou tendo um direcionamento mais bacana, expondo discussões importantes sobre questões essenciais como machismo, racismo... Isso é muito mais legal do que abordar o já batido apelo sexual/relacionamentos. Perdoem mas eu creio que buscar expor gente se pegando só faz fomentar mais do mesmo numa audiência. Não critico quem goste, mas questiono “o que muda na vida de quem vê”? Já o último BBB acabou então dando voz e fazendo escutar essas vozes sobre assuntos mais pertinentes e importantes na sociedade.

Bruna Jones: Infelizmente a pandemia está nos forçando a refazer alguns projetos por razões de prevenção. Ainda assim, há alguma novidade chegando?
Nay Fernandes: Puxa, eu tinha MUITAS para 2020. Infelizmente adiadas. Então posso dizer que tem coisa chegando, mas não sei bem quando chega (risos). No mais, estou tentando me alinhar a esse “novo modo”, mas confesso encontrar dificuldades, comigo mesma talvez, em “internetizar” minha arte.

Bacana a nossa conversa, não é mesmo? E ela ainda deixou um recadinho antes de ir, olha só: "Primeiro quero agradecer mais uma vez pelo convite de falar um pouco sobre meu trabalho. Agradecer quem acompanhou até aqui: muito obrigada. Aos meus queridos que acompanham meu trabalho eu agradeço imensamente, vocês me movem. O público move o artista, muito. Obrigada por tanto. Sou sempre muito bem recebida e me enchem de amor e vontade de continuar, seguir, apesar de todos os percalços. E hoje eu deixo uma mensagem além da “clichê” de que todos acreditem em si mesmos e que nada nem ninguém te define, somente você. Hoje eu quero dizer que NOS AJUDEMOS, sim, vamos nos ajudar mais, de todas as formas. Existem pessoas que passam necessidades que sequer imaginamos, não estou falando só de dinheiro, mas as vezes de uma conversa, um sorriso. Vamos nos ajudar mais. Vamos opinar menos e perguntar mais. Ao invés de considerar que é muito importante você dizer o que pensa, pergunte como aquela pessoa a quem você quer dizer isso está se sentindo? Se pergunte se o que você pretende dizer é algo que gostaria de ouvir? Ajude mais!! Compartilhe coisas sobre aquele teu primo ator que você nunca foi ver porque acha que ele precisa trabalhar... Não, ele está trabalhando, veja! Compartilhe artistas menos conhecidos para que mais pessoas possam apreciar o TRABALHO deles. Experimente viver um dia sem livro, sem música, sem telenovela, filmes, séries.. não dá! Então VALORIZEM A ARTE E O ARTISTA." e para quem quiser continuar acompanhando o trabalho dela basta seguir no Instagram @nayfernandes_official, na página do Facebook/YouTube que é Nay Fernandes beleza?


Créditos da foto de capa por@adrianodoria e @serfotogenico. 

Espero que vocês tenham gostado da entrevista de hoje, em breve retornarei com novidades. Continuem acompanhando o blog para não perder nenhuma entrevista nova e nem os nossos projetos com o "BBRAU". Lembrando que quem quiser continuar acompanhando mais nas redes sociais, basta procurar no Facebook, Instagram e no Twitter por @odiariodebrunaj, combinado?

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